sábado, 21 de outubro de 2017

SEITAS E HERESIAS (APOLOGIA CRISTÃ) PRIMEIRA PARTE







SEITAS E HERESIAS
Um sinal do fim dos tempos
(APOLOGIA CRISTÃ) Primeira Parte






Sumário




1. O Catolicismo Romano

2. O Espiritismo

3. O Adventismo do 7º- Dia

4. As Testemunhas-de-jeová

5. O Mormonismo

6. A Congregação Cristã no Brasil

7. O Racionalismo Cristão



Introdução



   Heresia deriva da palavra grega háiresis e significa: "esco­lha", "seleção", "preferência". Daí surgiu a palavra seita, por efei­to de semântica. Do ponto de vista cristão, heresia é o ato de um indivíduo ou de um grupo afastar-se do ensino da Palavra de Deus e adotar e divulgar suas próprias idéias, ou as idéias de outrem, em matéria de religião. Em resumo, é o abandono da verdade.
O termo háiresis aparece no original em Atos 5.17; 15.5; 24.5; 26.5; 28.22. Por sua vez, "heresia" aparece em Atos 24.11; 1 Coríntios 11.9; Gálatas 5.20 e 2 Pedro 2.1.
O estudo da heresiologia é importante, sobretudo pelo fato de os ensinos heréticos e o surgimento das seitas falsas serem parte da escatologia, isto é, um dos sinais dos tempos sobre os quais falaram Jesus e seus apóstolos. O apóstolo Paulo, por exemplo, nos dois primeiros versículos do capítulo quatro da sua primeira epístola a Timóteo, escreve:
"Mas o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tem­pos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos engana­dores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam men­tiras, e que têm cauterizada a própria consciência".

O apóstolo Pedro escreve também:

"Assim como no meio do povo surgiram falsos profetas, as­sim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras, até ao ponto de negarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictíci­as; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme" (2 Pe 2.1-3).

Uma seita é identificada, em geral, por aquilo que ela prega a respeito dos seguintes assuntos:

1. A Bíblia Sagrada
2. A Pessoa de Deus
3. A queda do homem e o pecado
4. A Pessoa e a obra de Cristo
5. A salvação
6. O porvir
Se o que uma seita ensina sobre estes assuntos não se coaduna com as Escrituras, podemos estar certos de que estamos diante duma seita herética.
Entre as muitas razões para o surgimento de seitas falsas no mundo, hoje, destacam-se as seguintes:

1. A ação diabólica no mundo (2 Co 4.4).
2. A ação diabólica contra a Igreja (Mt 13.25).
3. A ação diabólica contra a Palavra de Deus (Mt 13.19).
4. O descuido da Igreja em pregar o Evangelho completo (Mt 13.25).
5. A falsa hermenêutica (2 Pe 3.16).
6. A falta de conhecimento da verdade bíblica (1 Tm 2.4).
7. A falta de maturidade espiritual (Ef 4.14).
Esperamos, pois, que a leitura deste livro possa de alguma forma ajudar àqueles que estão à procura da verdade libertadora, Jesus Cristo (Jo 8.38).




O Catolicismo Romano




Até há bem pouco tempo, os melhores livros escritos sobre seitas e heresias não incluíam a Igreja Católica Romana no seu esquema de estudos, talvez devido ao fato de grande parte deles terem sido escritos em países onde essa igreja não exercia suficiente influência para ser notada como tal. Não é esse o caso do Brasil, onde a grande maioria dos membros de nossas igrejas, teoricamente, veio do catolicismo romano, já que essa igreja é majoritária (pelo menos nominalmente) em nossa pátria desde o seu descobrimento, em 1500.

I. RESUMO HISTÓRICO DO CATOLICISMO



A Igreja Católica menciona o ano 33 d.C. como a data da sua fundação. Isto vem do fato de que toda ramificação do Cristianis­mo costuma ligar a sua origem à Igreja fundada por Jesus Cristo. Porém, quanto ao desenvolvimento da organização eclesiástica e doutrinária da Igreja Romana, é muito difícil fixar com exatidão a data de sua fundação, porque o seu afastamento das doutrinas bíblicas deu-se paulatinamente.

1.1. Começo da Degeneração



Durante os primeiros três séculos da Era Cristã, a perseguição à Igreja verdadeira ajudou a manter a sua pureza, preservando-a de líderes maus e ambiciosos. Nessa época, ser cristão significava um grande desafio, e aqueles que fielmente seguiam a Cristo sabi­am que tinham suas cabeças a prêmio, pois eram rejeitados e per­seguidos pelos poderosos. Só os realmente salvos se dispunham a pagar esse preço.Graças à tenacidade e coragem dos Pais da Igreja e dos famo­sos apologistas cristãos, o combate da Igreja às heresias que surgi­ram nessa época resultou numa expressão mais clara da teologia cristã. Quando os imperadores propuseram-se a exterminar a Igre­ja Cristã, só os que estavam dispostos a renunciar o paganismo e a sofrer o martírio declaravam sua fé em Deus.
Logo no início do século IV, Constantino ascendeu ao posto de imperador. Isso parecia ser o triunfo final do Cristianismo, mas, na realidade, produziu resultados desastrosos dentro da Igreja. Em 312, Constantino apoiou o Cristianismo e o fez religião oficial do Império Romano. Proclamando a si mesmo benfeitor do Cristia­nismo, achou-se no direito de convocar um Concilio em Nicéia, para resolver certos problemas doutrinários gerados por determi­nados segmentos da Igreja. Nesse Concilio foi estabelecido o cha­mado "Credo dos Apóstolos".

1.2. Causas da Decadência da Igreja


A decadência doutrinária, moral e espiritual da Igreja come­çou quando milhares de pessoas foram por ela batizadas e recebi­das como membros, sem terem experimentado uma real conver­são bíblica. Verdadeiros pagãos que eram, introduziram-se no seio da Igreja trazendo consigo os seus deuses, que, segundo eles, eram o mesmo Deus adorado pelos cristãos.
Nesse tempo, homens ambiciosos e sem o temor de Deus co­meçaram a buscar posições na Igreja como meio de obter influên­cia social e política, ou para gozar dos privilégios e do sustento que o Estado garantia a tantos quantos fizessem parte do clero. Deste modo, o formalismo e as crenças pagas iam-se infiltrando na Igreja até o nível de paganizá-la completamente.


1.3. Raízes do Papado e da Mariolatria

Desde o ano 200 a.C. até o ano 276 da nossa Era, os impera­dores romanos haviam ocupado o posto e o título de Sumo Pontí­fice da Ordem Babilônica. Depois que o imperador Graciano se negara a liderar essa religião não-cristã, Dâmaso, bispo da Igreja Cristã em Roma, foi nomeado para esse cargo no ano 378. Uni­ram-se assim numa só pessoa todas as funções dum sumo sacer­dote apóstata e os poderes de um bispo cristão.
Imediatamente depois deste acontecimento, começou-se a pro­mover a adoração a Maria como a Rainha do Céu e a Mãe de Deus. Daí procederam todos os absurdos romanistas quanto à hu­milde pessoa de Maria, a mãe do Salvador. Enquanto se desenvolvia a adoração a Maria, os cultos da Igreja de Roma perdiam cada vez mais os elementos espirituais e a per­feita compreensão das funções sobrenaturais da graça de Deus. Formas pagas, como a ênfase sobre o mistério e a magia, influen­ciaram essa igreja. O sacerdote, o altar, a missa e as imagens de escultura assumiram papel de preponderância no culto. A autori­dade era centralizada numa igreja dita infalível e não na vontade de Deus, conforme expressada pela sua Palavra.


1.4. O Cisma Entre o Oriente e o Ocidente



O cisma entre o Oriente e o Ocidente logo tornou-se evidente. O rompimento final aconteceu, em 1054, com a Igreja Ocidental, ou Romana, sediada em Roma, então Capital do Império, por par­te da Igreja Oriental, ou Ortodoxa, que assim separou-se da Igreja Romana, ficando sediada em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia. A Igreja Oriental guardou a primazia sobre os patriarcados de Jerusalém, Antioquia e Alexandria.
Desde então, a Igreja Romana, nitidamente desviada dos prin­cípios ensinados por Jesus no seu Evangelho, esteve como um barco à deriva, sem saber onde aportar. Até que veio a Reforma Protes­tante, liderada por Martinho Lutero. Foi mais um cisma na já combalida Igreja Romana.



II. PAGANIZAÇÃO DA IGREJA ROMANA


Note a seguir o processo da gradual paganização da Igreja Católica Romana, desde que ela começou a abandonar a simplici­dade do Evangelho de Cristo, até os nossos dias:

Século
Ano
Dogma ou Cerimônia
I-II
33-196
Nesse período da História, a Igreja não aceitou ne­nhuma doutrina anti-bíblica.
II
197
Zeferino, bispo de Roma, começa um movimento herético contra a divindade de Cristo.
III
217
Calixto se torna bispo de Roma, pondo-se à frente da propaganda herética e levando a Igreja de Roma para mais longe do caminho de Cristo.
III
270
Origem da vida monástica no Egito, por Santo Antônio.
IV
370
Culto dos santos professado por Basílio de Cesaréia e Gregório de Nazianzo. Primeiros indícios do turíbulo (incensário), paramentos e altares nas igre­jas, usos esses introduzidos pela influência dos pagãos convertidos.
IV
400
Orações pelos mortos e sinal da cruz feito no ar.
V
431
Maria é proclamada a "Mãe de Deus".
VI
593
O dogma do Purgatório começa a ser ensinado.
VI
600
O latim passa a ser usado como língua oficial nas VI                            celebrações litúrgicas.
VII
609
Começo histórico do papado.
VIII
758
A confissão auricular é introduzida na igreja por re­ligiosos do Oriente.
VIII
789
Início do culto das imagens e das relíquias.
IX
819
A festa da Assunção de Maria é observada pela pri­meira vez.
IX
880
Canonização dos santos.
X
998
Estabelecimento do Dia de Finados.
X
998
Quaresma.
X
1000
Cânon da Missa.
XI
1074
Proíbe-se o casamento para os sacerdotes.
XI
1075
Os sacerdotes casados devem divorciar-se, compulsoriamente, cada um de sua esposa.
XI
1095
Indulgências plenárias.
XI
1100
Introduzem-se na igreja o pagamento da missa e o culto aos anjos.
XI
1115
A confissão é transformada em artigo de fé.
XII
1025
Entre os cônegos de Lião aparecem as primeiras idéi­as da Imaculada Conceição de Maria.
XII
1160
Estabelecidos os 7 sacramentos.
XII
1186
O Concilio de Verona estabelece a "Santa Inquisição".
XII
1190
Estabelecida a venda de indulgências.
XII
1200
Uso do rosário por São Domingos, chefe da inquisição.
XII
1215
A transubstanciação é transformada em artigo de fé.
XIII
1220
Adoração à hóstia.
XIII
1226
Introduz-se a elevação da hóstia.
XIII
1229
Proíbe-se aos leigos a leitura da Bíblia.
XIII
1264
Festa do Sagrado Coração.
XIII
1303
A Igreja Católica Apostólica Romana é proclamada como sendo a única verdadeira, e somente nela o homem pode encontrar a salvação...
XIV
1311
Procissão do Santíssimo Sacramento e a oração da Ave-Maria.
XIV
XV
1414
Definição da comunhão com um só elemento, a hós­tia. O uso do cálice fica restrito ao sacerdote.
XV
1439
Os 7 sacramentos e o dogma do Purgatório são trans­formados em artigos de fé.
XVI
1546
Conferida à Tradição autoridade igual a da Bíblia.
XVI
1562
Declara-se que a missa é oferta propiciatória e con­firma-se o culto aos santos.
XVI
1573
É estabelecida a canonicidade dos livros apócrifos.
XIX
1854
Definição do dogma da Imaculada Conceição de Maria.
XIX
1864
Declaração da autoridade temporal do papa.
XIX
1870
Declaração da infalibilidade papal.
XX
1950
A assunção de Maria é transformada em artigo de fé.


Vale salientar que alguns dos dados aqui registrados são apenas aproximados, pois muitas e muitas vezes as doutrinas eram discutidas, algumas durante séculos, antes de serem finalmente aceitas e promulgadas como artigos 
de fé, ou dogmas. Um exem­plo disto é o dogma do Purgatório, introduzido na Igreja Romana em 593, mas só declarado artigo de fé no ano de 1439.

III. É PEDRO O FUNDAMENTO DA IGREJA?

A Igreja Católica Romana considera o apóstolo Pedro como a pedra fundamental sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja. Para fundamentar esse ensino, apela, principalmente, para a passagem de Mateus 16.16-19: "E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as cha­ves do Reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".
Dessa passagem, a Igreja Romana deriva o seguinte raciocínio:
a. Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja está edificada.
b. A Pedro foi dado o poder das chaves, portanto, só ele detém o poder de abrir a porta do Reino dos céus.
c. Pedro tornou-se o primeiro bispo de Roma.
d. Toda autoridade foi conferida a Pedro até nossos dias, atra­vés da linhagem de bispos e papas, todos vigários de Cristo na Terra.

3.1. Uma Interpretação Absurda

Partindo deste raciocínio, o padre Miguel Maria Giambelli põe o versículo 19 de Mateus 16 nos lábios de Jesus, da seguinte ma­neira: "Nesta minha Igreja, que é o reino dos céus aqui na terra, eu te darei também a plenitude dos poderes executivos, legislativos e judiciários, de tal maneira que qualquer coisa que tu decretares, eu a ratificarei lá no Céu, porque tu agirás em meu nome e com a minha autoridade" (A Igreja Católica e os Protestantes, p. 68).
Numa simples comparação entre a teologia vaticana e a Bí­blia, a respeito do apóstolo Pedro e sua atuação no seio da igreja nascente, descobre-se quão absurda é a interpretação romanista a respeito da pessoa e ministério desse apóstolo do Senhor. Mesmo numa despretensiosa análise do assunto, conclui-se que:
1) Pedro jamais assumiu no seio do Cristianismo nascente a posição e as funções que a teologia católico-romana procura atri­buir-lhe.
O substantivo feminino petra designa do grego uma rocha gran­de e firme. Já o substantivo masculino petros é aplicado geralmen­te a pequenos blocos rochosos, móveis, bem como a pedras pe­quenas, tais como a pedra de arremesso. Pedro é petros = bloco rochoso e móvel e não petra = rocha grande e firme. Portanto, uma igreja sobre a qual as portas do inferno não prevaleceriam não poderia repousar sobre Pedro.
2) De acordo com a Bíblia, Cristo é a pedra. "Estavas vendo isso, quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a está­tua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou" (Dn 2.34).
"Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina" (Ef 2.20).
Nestes versículos, "pedra" se refere a Cristo e não a Pedro.
Diz o apóstolo Pedro: "Este Jesus é a pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular" (At 4.11, cf. Mc 12.10e 11). (Se desejar leia ainda Romanos 2.20; 9.33; 1 Coríntios 10.4 e 1 Pedro 2.4.)

3-2. O Testemunho dos Pais da Igreja

Dos oitenta e quatro Pais da Igreja antiga, só dezesseis crêem que o Senhor se referia a Pedro quando disse "esta pedra". Dos outros Pais da Igreja, uns dizem que esta expressão se refere à pessoa de Cristo mesmo, outros, à confissão que Pedro acabara de fazer, e outros, ainda, a todos os apóstolos. Portanto, se apelarmos para os Pais da Igreja dos primeiros quatro séculos, as pretensões da Igreja Romana com referência a Pedro, redundam em sofismas.
Só a partir do século IV começou-se a falar a respeito da pos­sibilidade de Pedro ser a pedra fundamental da Igreja, e isto estava intimamente relacionado com a pretensão exclusivista do bispo de Roma.
À luz das palavras do próprio apóstolo Pedro, Cristo é apetra (= rocha grande e firme): "Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa" (1 Pe 2.4).
Todos os crentes são petros = blocos rochosos e moveis, "...vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espiri­tuais, agradáveis a Deus, por intermédio de Jesus Cristo" (1 Pe 2.5).

IV. O ALEGADO PRIMADO DE PEDRO

Da interpretação doutrinária que a Igreja Católica Romana faz de Mateus 16.16-19, deriva outro grande erro: o ensino de que Jesus fez de Pedro o "Príncipe dos Apóstolos", pelo que veio a se tornar o primeiro bispo de Roma, do qual os papas, no decorrer dos séculos, são legítimos sucessores.
Esteve Pedro em Roma alguma vez?
Há uma opinião sobre uma remota possibilidade de que Pedro tenha estado em Roma.
Oscar Cullman, teólogo alemão, escreve: "A primeira carta de Pedro... alude em sua saudação final (5.13) à estada de Pedro em
Roma, ao falar de 'Babilônia' como lugar da comunidade que en­via saudações, pois que a opinião mais provável é que 'Babilônia' designa Roma".
Também Lietzmann, em sua obra Petrus and Paulus in Rome (Pedro e Paulo em Roma), assim se expressa sobre o assunto:
"Mais importante, porém, é a debatida afirmação de que Pedro, no decurso de sua atividade missionária, tenha chegado a Roma e aí morrido como mártir. Visto que esta questão está inti­mamente relacionada com a pretensão romana ao primado, freqüentemente a polêmica confessional influi na discussão. A resposta a ela só pode ser fruto de pesquisa histórica desinteres­sada. Como, porém, ao lado das fontes neotestamentárias, vêm, em consideração, principalmente testemunhos extra e pós-canônicos da literatura cristã antiga, e, além disto, documentos litúrgicos posteriores, e ainda escavações recentes, esta questão não pode ser aqui discutida em todos os seus pormenores. Que­remos apenas lembrar que, até a segunda metade do século II, nenhum documento afirmava expressamente a estada e martírio de Pedro em Roma".

4.1. Pedro, um Papa Diferente

Tenha ou não estado em Roma, o fato é que, se Pedro foi papa, foi um papa diferente dos demais que apareceram até agora. Se não, vejamos:
a. Pedro era financeiramente pobre (At 3.6).
b. Pedro era casado (Mt 8.14,15).
c.  Pedro foi um homem humilde, pelo que não aceitou ser adorado pelo centurião Cornélio (At 10.25,26).
d. Pedro foi um homem repreensível (Gl 2.11-14).
É de estranhar que Tiago — e não Pedro, o "Príncipe dos Apóstolos", como ensina a teologia vaticana, fosse o pastor da comunidade cristã em Jerusalém (At 15). Se Pedro tivesse sido papa, cer­tamente não teria aceito a orientação dos líderes da Igreja quanto à obra missionária (At 15.7). Se Pedro tivesse sido papa, a ordem das "colunas", conforme Paulo escreve em Gálatas 2.9, seria: "Cefas, Tiago e João", e não "Tiago, Cefas e João".

4.2. O Papa, um Pedro Diferente

A própria história do papado é uma viva demonstração de que os papas jamais conseguiram provar serem sucessores do apóstolo Pedro, já que em nada se assemelham àquele inflamado, mas hu­milde, servo do Senhor Jesus Cristo.
Vejamos, por exemplo:
a. Os papas são administradores de grandes fortunas da igreja. O clérigo José Maria Alegria, da Universidade Gregoriana de Roma, declarou, no final do ano de 1972, que o balanço financeiro do Vaticano dispunha de um ativo de um bilhão de dólares.
b. Os papas são celibatários, isto é, não se casam, não obstante ensinarem que o casamento é um sacramento.
c. Os papas freqüentemente aceitam a adoração dos homens.
d. Os papas consideram-se infalíveis nas suas decisões e decretos.

V. O PURGATÓRIO

A idéia do Purgatório tem suas raízes no budismo e em outros sistemas religiosos da antigüidade. Até a época do papa Gregório I, porém, o Purgatório não havia sido oficialmente reconhecido como parte integrante da doutrina romanista.
Esse papa adicionou o conceito de fogo purificador à crença, então corrente, de que havia um lugar entre o céu e o inferno, para onde eram enviadas as almas daqueles que não eram tão maus, a ponto de merecerem o inferno, mas também, não eram tão bons, a ponto de merecerem o céu. Assim, surgiu a crença de que o fogo do Purgatório tem poder de purificar a alma e todas as suas escóri­as, até fazê-la apta a se encontrar com Deus.

5.1. Alegadas Razões Desse Dogma

Buscando provar a existência do Purgatório, a Igreja Romana apela para algumas passagens bíblicas, das quais extrai apenas fal­sas inferências, e nada mais. Entre os versículos preferidos, desta­cam-se os seguintes:
• "Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do ho­mem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espíri­to Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir" (Mt 12.32).
• "Digo-vos que toda palavra frívola que proferirem os ho­mens, dela darão conta no dia de juízo" (Mt 12.36).
• "...se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo" (1 Co 3.15).

5.2. Uma Descrição do Purgatório

De acordo com a teologia romanista, o Purgatório, além de ser um lugar de purificação, é também um lugar onde a alma cum­pre pena; pelo que o fogo do Purgatório deve ser temido grandemente. O fogo do Purgatório será mais terrível do que todo o sofrimento corporal reunido. Um único dia nesse lugar de expiação poderá ser comparado a milhares de dias de sofrimentos terrenos.
O escritor católico Mazzarelli faz seus cálculos à base de trin­ta pecados veniais por dia, e, para cada pecado, um dia no Purga­tório, perfazendo um total de mil e oitocentos anos, caso o peca­dor tenha sessenta anos de vida na Terra, devendo-se acrescentar aos veniais os pecados mortais absolvidos, mas não plenamente expiados.

5.3. Quem Vai para o Purgatório?

A pergunta: Que espécie de gente vai para o Purgatório? — responde o papa Pio IV: "1. Os que morrem culpados de pecados menores, que costumamos chamar veniais, e que muitos cristãos cometem — e que, ou por morte repentina, ou por outra razão, são chamados desta vida, sem que se tenham arrependido destas faltas ordinárias. 2. Os que, tendo sido formalmente culpados de peca­dos maiores, não deram plena satisfação deles à justiça divina" (A Base da Doutrina Católica Contida na Profissão da Fé).
Apesar do fato de as almas no Purgatório, segundo o ensino da Igreja Romana, terem sido já justificadas no batismo e pelo batismo, a justiça divina, contudo, não ficou plenamente satisfei­ta. Desse modo, a alma, embora escape do inferno, precisa supor­tar, por causa dos seus pecados que ainda restam por expiar depois da morte, a punição temporária do Purgatório. Isso foi categorica­mente afirmado pelo Concilio de Trento: "Se alguém disser que, depois de receber a graça da justificação, a culpa é perdoada ao pecador penitente, e que é destruída a penalidade da punição eter­na, e que nenhuma punição fica para ser paga, ou neste mundo ou no futuro, antes do livre acesso ao reino a ser aberto, seja anátema" .

5.4. Sufrágios pelos que se Acham no Purgatório

Entre o que pode assistir aos que se encontram no Purgatório, há três atos que se destacam no ensino romanista, que são:

5.4.1. Orações pelos mortos

E de se supor que a prática romanista de interceder pelos mor­tos tenha-se gerado da falsa interpretação às seguintes palavras de Paulo: "Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súpli­cas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens" (1 Tm2.1).

5.4.2. Missas

As missas são tidas como os principais recursos empregados em benefício das almas que estão no Purgatório, pois, segundo o ensino romanista, a missa beneficia não só a alma que sofre no Purgatório, como também acumula méritos àqueles que as mandam dizer.

5.4.3. Esmolas

Dar esmolas com a intenção de aplicá-las nas necessidades da alma que pena no Purgatório "é jogar água nas chamas que a de­voram". Pretende a Igreja Romana que, "exatamente como a água apaga o fogo mais violento, assim a esmola lava o pecado".
Ainda sobre o Purgatório, o Concilio de Trento declarou: "Des­de que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo nos sagra­dos escritos e pela antiga tradição dos Pais, tem ensinado nos san­tos concílios, e ultimamente, neste Concilio Ecumênico, que há o Purgatório, e que as almas nele retidas são assistidas pelos sufrá­gios das missas, este santo concilio ordena a todos os bispos que, diligentemente, se esforcem para que a salutar doutrina concernente ao Purgatório — transmitida a nós pelos veneráveis pais e sagra­dos concílios — seja crida, sustentada, ensinada e pregada em toda parte pelos fiéis de Cristo" (Seção XXV).

5.5. Refutação

O Purgatório não é somente uma fábula engenhosamente mon­tada, mas a sua doutrina se constitui num vergonhoso sacrilégio à honra de Deus e num desrespeito à obra perfeita efetuada por Cristo na cruz do Calvário. Essa doutrina, além de absurda e cruel, supõe os seguintes disparates e blasfêmias:
• Não obstante Deus declare que já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1), contudo, Ele se con­tradiz a si mesmo quando lança o salvo no Purgatório, para expiar os pecados já purgados.
• Deus não queima os seus filhos no Purgatório para satisfazer à sua justiça já satisfeita pelo sacrifício de Cristo, mas para satis­fazer a si mesmo!
• Ao lançar seus filhos no Purgatório, Deus está com isto di­zendo que o sacrifício do seu Filho foi imperfeito e insuficiente!
• Jesus, que dos céus intercede pelos pecadores, vê-se impos­sibilitado de livrar as almas que estão no Purgatório, porque só o papa possui a chave daquele cárcere!
• Dizer que as almas expiam suas faltas no Purgatório é atri­buir ao fogo o poder do sacrifício de Jesus, e ignorar completa­mente a obra que Cristo efetuou no Gólgota!
• Que o castigo do pecado fica para depois de perdoado!
Estes disparates provêm dum erro da teologia vaticana, se­gundo o qual a obra expiatória de Cristo satisfez a pena devida aos pecados cometidos antes do batismo, e não daqueles que foram cometidos posteriormente.
Todas estas incoerências sobre o dogma do Purgatório estão em contradição com as seguintes afirmações bíblicas:
a. Quanto à perfeita libertação do pecado (Jo 8.32,36).
b. Quanto ao completo livramento do juízo vindouro (Jo 5.24).
c. Quanto à completa justificação pela fé (Rm 5.1,2).
d. Quanto à intercessão de Cristo (1 Jo 2.1).
e. Quanto ao atual estado dos salvos mortos (Lc 23.43;Ap 14.13).
f. Quanto à bem-aventurada esperança do salvo (Fp 1.21,23;2Co5.8).
O que a Igreja Católica Romana chama "Purgatório", a Bíblia chama "Gehenna", ou "Inferno", lugar de suplício eterno, de onde aqueles que nele são lançados, jamais sairão (leia Lucas 16.19-31 e veja que nada poderá ser feito em favor daqueles infelizes que são lançados nesse lugar de terrível suplício). A esses está ordena­do morrerem uma só vez, vindo depois disto o juízo (Hb 9.27), quando serão julgados e condenados ao Lago de Fogo.
A salvação oferecida por Cristo é uma salvação perfeita e to­tal, pois ela é o resultado da misericórdia de Deus e do sangue do seu amado Filho.
"Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 Jo 1.7,9).
O purgatório do crente é o sangue de Jesus.

VI. A TRADIÇÃO E A BÍBLIA

Em 1929, sobre a Bíblia, escreveu o padre Bernhard Conway: "A Bíblia não é a única fonte de fé, como Lutero en­sinou no século XVI, porque, sem a interpretação de um apostolado divino e infalível, separado da Bíblia, jamais pode­remos saber, com certeza, quais são os livros que constituem as Escrituras inspiradas, ou se as cópias que hoje possuímos con­cordam com os originais. A Bíblia, em si mesma, não é mais do que letra morta, esperando por um intérprete divino; ela não está arranjada de forma sistemática; é obscura, e de difícil en­tendimento, como São Pedro diz de certas passagens das Car­tas de Paulo (2 Pe 3.16, cf. At 8.30,31); como ela é, está aberta à falsa interpretação. Além disso, certo número de verdades reveladas têm chegado a nós, somente por meio da Tradição divina" (The Question Box).
No Compêndio do Vaticano II, lê-se o seguinte: "Não é atra­vés da Escritura apenas que a Igreja deriva sua certeza a respeito de tudo que foi revelado. Por isso ambas (Escritura e Tradição) devem ser aceitas e veneradas com igual sentido de piedade e re­verência" .

6.1. Estabelecida a Tradição

Desde que muitas inovações anticristãs começaram a ser acei­tas pela Igreja Romana, esta começou a ter dificuldades em como justificá-las à luz das Escrituras. Desse modo, em vez de deixar o paganismo e voltar-se para a Bíblia, o clero fez exatamente o con­trário: no Concilio de Tolosa, em 1229, tomaram a medida extre­ma de proibir o uso da Bíblia pelos leigos.
Até a Reforma Protestante, a Igreja Católica Romana não ha­via ainda tomado nenhuma posição no sentido de conferir à Tradição autoridade igual à da Bíblia Sagrada. Isto devido à generaliza­da ignorância do povo a respeito das Escrituras. Porém, com o advento da Reforma Protestante no século XVI, o valor da Bíblia, como única regra de fé e prática do cristão, foi exaltado, e a sua mensagem pregada onde quer que se fizesse sentir a influência desse evento. Como a maioria dos dogmas da Igreja Romana não tivesse o apoio da Bíblia, o clero em mais uma demonstração de rejeição das Escrituras, foi levado a estabelecer a Tradição como autoridade para apoiar os seus dogmas e enganos.
A ênfase bíblica da mensagem reformada forçou o clero da Igreja Romana a reavaliar a decisão do Concilio de Tolosa, e pas­sou a permitir a leitura da Bíblia pelos leigos, desde que satisfeitas as seguintes exigências:
a. Que a Bíblia fosse editada ou autorizada pelo clero;
b. Que os leigos não formassem juízo próprio dos seus ensinos;
c. Que os leigos só aceitassem a sua interpretação quando fei­ta pelo clero.
Impedidos de interpretar a Bíblia por si mesmos, os leigos estavam privados da possibilidade de ver quão desrespeitosos à Bíblia são os dogmas acobertados pela Tradição. Só dessa forma, os dogmas fundamentados na Tradição estariam resguardados de julgamento e a Bíblia reduzida, assim, a um livro ininteligível e destituído de autoridade.
"A questão da autoridade na Igreja Romana foi sempre uma dolorosa questão, mas a História revela que a sua tendência sem­pre foi de flutuar de um para outro ponto, com propensão para fincar-se no papado. Esta foi a evolução da autoridade: das Escri­turas para a Tradição, desta para a Igreja, da Igreja para o clero e deste para o papado que, em 1870, diria: A tradição sou eu" (Fé e Vida, maio de 1943).

6.2. Tradição, Traição ao Evangelho

A Tradição da Igreja Romana é, sem dúvida alguma, um "ou­tro evangelho" (Gl 1.8); antítese do Evangelho do Senhor Jesus
Cristo. Ela não tinha lugar na igreja primitiva. O Evangelho só, contém "todo o conselho de Deus" (At 20.27), dispensando, por­tanto, a tradição vaticana.
Paulo, o maior escritor e doutrinador do Novo Testamento, cujo ministério estava fundamentado no Evangelho, falou sobre a suficiência deste quando escreveu: "Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, se­gundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.3,4, ênfase do autor).
A Tradição não pode resistir a uma análise por parte de famo­sos cristãos da antigüidade, tampouco diante das Escrituras.
Cipriano, no século III, disse: "A tradição, sem a verdade, é o erro envelhecido".
Tertuliano afirmou: "Cristo se intitulou a Verdade, mas não a tradição... Os hereges são vencidos com a Verdade e não com no­vidades".
No ano 450, disse Venâncio: "Inovações são coisas de hereges e não de crentes ortodoxos".
Jerônimo, o tradutor da "Vulgata", tradução oficial da Bíblia usada pela Igreja Romana, escreveu: "As coisas que se inventam e se apresentam como tradições apostólicas, sem autoridade e teste­munho das Escrituras, serão atingidas pela Espada de Deus".
A Confissão de Fé de Westminster traz num dos seus decretos algo que os católicos deveriam ler e não esquecer, que diz: "O Supremo Juiz, pelo qual todas as controvérsias de religião são de­terminadas e todos os decretos de concílios, opiniões de escritores antigos, doutrinas de homens e espíritos privados serão examina­dos e cujas sentenças devemos acatar, não pode ser outro senão o Espírito Santo, falando através das Escrituras."

VII. A VIRGEM MARIA

A essência da adoração na Igreja Católica Romana gira não em torno do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas da pessoa da Virgem
Maria. No decorrer dos séculos as mais diferentes e absurdas crendi­ces têm sido criadas em torno da humilde mãe do Salvador.

7.1. A Teologia Mariana

Decreta o Concilio Vaticano II: "Os fiéis devem venerar a memória primeiramente da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo".

Dentre as muitas declarações em torno de Maria, destacam-se as seguintes:
7.1.1. Concebida sem pecado

"Daí não admira que nos Santos Padres prevalece o costume de chamar a Mãe de Deus toda santa, imune de toda mancha de pecado, como que plasmada pelo Espírito Santo e formada nova criatura" .

7.1.2. Sempre virgem

"Maria sempre foi virgem: Esta é doutrina tradicional da Igre­ja Católica. No entanto a grande maioria das Igrejas Protestantes afirma que Maria não guardou a sua virgindade e teve outros fi­lhos além de Jesus". 

7.1.3. Medianeira e intercessora

"A Bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de Advogada, Auxiliadora, Adjutriz, Medianeira" .

7.2. O Cúmulo do Absurdo

Há alguns anos foi publicado na imprensa de uma capital lati­no-americana um discurso de um cardeal católico-romano. O emi­nente prelado recorda este sonho. Ele sonhou que estava na cidade celestial. Ouviu-se bater à porta. Foi comunicado a Deus que um pecador da Terra estava pedindo entrada. "Cumpriu ele as condi­ções?" foi a pergunta. A resposta foi: "Não!" "Então não pode entrar", foi o veredicto. Nesse ponto, a virgem Maria, que estava sentada à direita do seu Filho, falou: "Se esta alma não entrar eu me ponho fora". A porta abriu-se e o pecador entrou.

7.3.0 Testemunho das Escrituras

Invocando o testemunho das Escrituras, concluímos que:

7.3.1. Maria não foi concebida sem pecado

O que a Bíblia declara é que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23). Só a respeito de Cristo é que pode ser dito: "Com efeito nos convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus" (Hb 7.26).

7.3.2. Maria teve outros filhos

Além de João 2.12, o Novo Testamento se refere aos irmãos de Jesus, ainda em Mateus 12.46; 13.55,56; Marcos 3.31; Lucas 8.19; João 7.3,5,10; Atos 1.14; 1 Coríntios 9.5 e Gálatas 1.19. Os ensinadores romanistas dizem que aqueles a quem o Novo Testa­mento chama de irmãos de Jesus, na realidade são seus primos. Esta interpretação é errônea e visa fortalecer o dogma da perpétua virgindade de Maria (leia Lucas 1.36, e veja que irmãos e primos são distintos no Novo Testamento).
O fato de Maria ter sido virgem no ato da concepção de Jesus é ponto pacífico nas Escrituras, porém, afirmar que ela continuou virgem após o parto é antítese de Mateus 1.25: "Contudo, não a conheceu, enquanto não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus".

7.3.3. Maria não exerce mediação a favor do pecador

"Porque há um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Tm 2.5). "Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo" (1 Jo 2.1).

7-3-4- Só Cristo intercede pelo pecador

"Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hb 7.25).
Epifânio, grande apologista cristão do século IV, diz o seguin­te aos católicos de hoje:
"Não se devem honrar os santos além do que é justo, mas deve-se honrar o Senhor deles. Maria, de fato, não é Deus nem recebeu do céu o seu corpo, mas de uma concepção de um homem e de uma mulher. Santo é o corpo de Maria; ela é virgem e digna de muita honra mas não foi dada para adoração, antes, ela adora aquele que nasceu da sua carne. Honre-se Maria, mas adore-se o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ninguém adore a Virgem Maria".
Ao mesmo tempo, disse Ambrósio de Milão: "Maria era o templo de Deus, não o Deus do templo. Deve-se adorar então so­mente aquele que opera no templo".

VIII. A MISSA

Dentre os muitos chamados "sacramentos" da Igreja católica Romana, destaca-se a missa.

8.1. Definição da Missa

O que a missa é no contexto do Catolicismo Romano é defini­do pelo padre Miguel Maria Giambelli:
"O que nós, católicos, chamamos 'missa', os primeiros cris­tãos de Jerusalém chamavam de 'partir do pão', porque foi exata­mente isto o que fez Jesus na última ceia: 'Tomou o pão, deu gra­ças e partiu...'" S. Paulo lembra aos coríntios que todas as vezes que eles se reúnem para comer deste pão e beber deste cálice, anunciam a morte do Senhor, isto é, eles renovam o sacrifício do Calvário.
"O apóstolo Paulo alerta os coríntios de que aquele pão e aquele vinho, após as palavras consagradas, não são mais pão e vinho comuns, mas são algo de misterioso que esconde o corpo sagrado de Jesus, e quem, portanto, se atrever e comer deste pão e beber deste vinho sem as devidas condições espirituais, comete uma pro­fanação tão sacrílega que o torna réu de um crime contra o corpo e o sangue do Senhor Jesus. Daí porque São Paulo continua alertando os coríntios a tomarem muito a sério o ato de comer deste pão e beber deste cálice consagrado na eucaristia, porque quem os come e bebe sem crer firmemente que são corpo vivo de Cristo, e, por­tanto, sem fazer distinção entre o pão comum da padaria e pão consagrado 'come e bebe sua própria condenação!'" (A Igreja Católica e os Protestantes, p. 27).

Deste ensino deduz-se que Giambelli afirma:

a. Missa e santa ceia do Senhor são a mesma coisa.
b. A missa renova o sacrifício do Calvário.
c. O pão e o vinho usados na missa são transubstanciados no próprio corpo de Cristo no momento da celebração.
d. Quem não diferençar o pão que é servido na missa do que é vendido na padaria, "come e bebe sua própria condenação".

8.2.0 Que Dizem as Escrituras

Esse ensino é errado, portanto, contrário àquilo que as Escri­turas Sagradas ensinam. O recurso que a Igreja Romana usa para confundir o significa­do da expressão "... em memória..." com a palavra "... renovar", se constitui numa incoerência, primeiro à luz da Bíblia, e depois à luz da gramática. No Dicionário da Língua Portuguesa, de Augusto Miranda, a expressão "em memória" tem como sinônimo a ex­pressão "em lembrança"; enquanto a palavra "renovar" tem como sinônimo a palavra "recompor". Portanto, uma nada tem a ver com a outra. Se a morte de um amigo nos vem à memória, isto não é a mesma coisa que renová-la. Existem vários versículos na Bíblia que falam da impossibilidade de se renovar o sacrifício de Cristo, entre os quais se destacam: Hebreus 7.26,27; 10.12-14; 1 Pedro 3.18 e Romanos 6.9.

8.3. O Problema da Transubstanciação

Não há um só versículo nas Escrituras em apoio à tese do Concilio de Trento de que o pão e o vinho usados na missa, ao serem consagrados, tornam-se, ou transubstanciam-se, em Jesus, física e espiritualmente, assim como Ele está no céu. Veja, por exemplo:
a. Mesmo após a ressurreição, não obstante gozando do privi­légio de um corpo espiritual, Jesus não bilocou-se, isto é, Ele não esteve em dois lugares ao mesmo tempo. Se estava em Emaús, não estava em Jerusalém. Ele estava num só lugar de cada vez. Como pretende, pois, a teologia vaticana provar que Jesus esteja fisica­mente, tanto no céu como nas hóstias espalhadas nos sacrários dos templos católicos por todo o mundo?
b. Quando Jesus diz: "E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28.10), Ele não sugere que estaria fisicamente através do pão e do vinho da missa, mas espiri­tualmente, assim como esteve com Paulo, conforme Atos 18.9,10.
c. O corpo de Cristo hoje na Terra não é o pão e o vinho usa­dos na celebração da missa, mas a sua Igreja, conforme mostram as seguintes passagens bíblicas: 1 Coríntios 10.16,17; 12.27; Efésios 1.22,23; 4.15,16; 5.30.
Outra prova de que missa e santa ceia do Senhor são cerimô­nias diferentes, é que na missa os comungantes só tomam um ele­mento (a hóstia) enquanto o vinho é tomado exclusivamente pelo padre celebrante, quando a ordem novitestamentária é: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice" (1 Co 11.28).

IX. OS LIVROS APÓCRIFOS

Muitas perguntas têm sido feitas e muitas questões têm sido levantadas quanto aos livros apócrifos. Os católicos chegam mesmo a afirmar que a Bíblia usada pelos evangélicos (aos quais cha­mam "protestantes") é incompleta e falha por faltarem nela os li­vros apócrifos. Muitos evangélicos, por sua vez, perguntam por que a nossa Bíblia não contém tais livros.

9.1. Definição de "Apócrifo"

Empregamos aqui o termo apócrifo num sentido restrito, for­çando um pouco o sentido original da palavra, e pondo de parte o caráter de certos escritos, aos quais o referido termo se aplica. A palavra "apócrifo", literalmente, significa "oculto". Porém, no decorrer dos tempos e em razão do uso, o termo já não tem o sen­tido de "oculto", mas de "espúrio", isto é, "não-puro". No tempo da Reforma, o termo "apócrifo" foi definitivamente aplicado a esses livros não-canônicos contidos na Vulgata, pois não faziam parte do cânon hebraico. Seu significado oposto ao termo "canônico" acarretou, para esses livros, o desprezo que se sentia pela literatura apocalíptica e oculta, tanto judaica como cristã-judaica.

9.2. Relação dos Apócrifos

O número de livros apócrifos vai muito além daqueles que a Bíblia de uso católico contém, porém os mais conhecidos, e aqui citados, são aqueles que foram aprovados pela Igreja Católica no Concilio de Trento, em 1546. Destes, mais da metade são inseridos nas Bíblias de edição católica. Alguns desses livros são também inseri­dos em Bíblias de editoras protestantes, para estudo e investigação da crítica textual e devido ao seu relativo valor histórico. Os apócrifos consistem em livros assim chamados, e em acrés­cimos a livros canônicos. A sua aprovação pela Igreja Católica deu-se, como já dissemos, em 1546, no Concilio de Trento, em meio a intensa controvérsia, havendo inclusive luta física resul­tante da contenda e dos debates em torno deles. Os livros, e acrés­cimos a livros canônicos, aprovados, foram os seguintes: Tobias, Judite, acréscimo ao livro canônico de Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque (contendo a Epístola de Jeremias), Cântico dos Três Santos Filhos (acréscimo a Daniel), História de Susana e Bel e o Dragão (também acréscimos a Daniel), 1 e 2 Macabeus. Eram 14 os principais apócrifos do Antigo Testamento. Des­tes, os não reconhecidos pelo Concilio de Trento foram 1 e 2 Esdras e A Oração de Manasses.

9.3. Questões a Considerar

Por que estes livros são considerados apócrifos e não canônicos? A razão óbvia é que eles não suportam uma prova de canonicidade, como é mostrado a seguir:
• Eles nunca fizeram parte do cânon hebraico.
• Eles nunca foram citados no Antigo Testamento.
• Joséfo, o historiador judeu, os omite em seus escritos.
• Nenhum deles reclama a inspiração divina para si.
• Eles contêm erros históricos, geográficos e cronológicos.
• Eles ensinam e apóiam doutrinas que são contrárias às Escri­turas em geral.
• Como literatura, às vezes não passam de mitos e lendas.
• Em geral, seu nível espiritual e moral deixa muito a desejar.
• Jesus não os cita em seus escritos.
• Os apóstolos e escritores dos Evangelhos, das Epístolas e do Apocalipse não se referem a eles nos seus escritos.
• Os famosos Pais da Igreja primitiva não se reportam a eles como fonte de inspiração dos seus escritos.
• Eles foram escritos muito tempo depois de encerrado o cânon do Antigo Testamento.
Certamente que nem todas as igrejas têm a mesma opinião quanto ao valor dos apócrifos. A Igreja Reformada, por exemplo, sempre considerou os livros não-canônicos como de relativo va­lor, "para exemplo de vida e instrução de costumes, ainda que sem autoridade em matéria de fé".



                                      O Espiritismo


O espiritismo é, sem dúvida, uma das heresias que mais cresce no mundo hoje. O Brasil, particularmente, detém o triste re­corde de ser o maior reduto espiritista do mundo. O seu cresci­mento se dá, em grande parte, devido ao fascínio que os seus ensi­nos exercem sobre as mentes das pessoas desprovidas do verda­deiro conhecimento, e alienadas de Deus.
Alheio à Palavra de Deus, e divorciado de toda a verdade, o espiritismo tem se constituído numa espécie de "profundezas de Satanás", pronto a tragar pessoas incautas que estão a buscar a Deus em todos os lugares e por todos os meios.

I. RESUMO HISTÓRICO DO ESPIRITISMO

O espiritismo constitui-se no mais antigo engano religioso já surgido. Porém, em sua forma moderna como hoje é conhecido, o seu ressurgimento se deve a duas jovens norte-americanas, Margaret e Kate Fox, de Hydeville, Estado de Nova Iorque.

1.1. Estranhos Fenômenos

Em dezembro de 1847, Margaret e Kate, respectivamente de doze e dez anos, começaram a ouvir pancadas em diferentes pon­tos da casa onde moravam. A princípio julgaram que esses ruídos fossem produzidos por camundongos e ratos que infestavam a casa. Contudo, quando os lençóis começaram a ser arrancados das ca­mas por mãos invisíveis, cadeiras e mesas tiradas dos seus luga­res, e uma mão fria tocou no rosto de uma das meninas, percebeu-se que o que estava acontecendo eram fenômenos sobrenaturais. A partir daí, as meninas criaram um meio de comunicar-se com o autor dos ruídos, que respondia às perguntas com um determinado número de pancadas.

1.2. Expansão do Movimento

Partindo desse acontecimento, que recebeu ampla cobertura dos meios de comunicação da época, sessões espíritas propaga­ram-se por toda a América do Norte. Na Inglaterra, porém, a con­sulta aos mortos já era muito popular entre as camadas sociais mais elevadas. Por conseguinte, os médiuns norte-americanos en­contraram ali solo fértil onde a semente do supersticionismo espiritista haveria de ser semeada, nascer, crescer, florescer e frutificar. Na época, outros países da Europa também foram visitados com sucesso pelos espíritas norte-americanos.
Na França, a figura de Allan Kardec é a principal dos arraiais espiritistas. Léon Hippolyte Rivail (o verdadeiro nome de Allan Kardec), nascido em Lião, em 1804, filho de um advogado, tomou o pseudônimo de Allan Kardec por acreditar ser ele a reencarnação de um poeta celta com esse nome. Dizia ter recebido a missão de pregar uma nova religião, o que começou a fazer a 30 de abril de 1856. Um ano depois, publicou O Livro dos Espíritos, que muito contribuiu na propaganda espiritista. Dotado de inteligência e inigualável sagacidade, estudou toda a literatura afim disponível na Inglaterra e nos Estados Unidos, e dizia ser guiado por espíritos protetores. Notabilizou-se por introduzir no espiritismo a idéia da reencarnação. De 1861 a 1867, publicou quatro livros: Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Céu e Inferno Gênesis. Allan Kardec, o pai do Espiritismo
Homem dotado de características físicas e mentais de grande resistência, Allan Kardec foi apóstolo das novas idéias que haveri­am de influir na organização do espiritismo. Fundou A Revista Espírita, periódico mensal editado em vários idiomas. Ele mesmo assentou as bases da "Sociedade Continuadora da Missão de Allan Kardec". Morreu em 1869.

II. SUBDIVISÕES DO ESPIRITISMO

Embora consideremos o espiritismo igual em toda a sua ma­neira de ser, os próprios espíritas admitem haver diferentes formas de espiritismo, assim designadas:

2.1. Espiritismo Comum

Dentre as muitas práticas dessa classe de espiritismo, desta­cam-se as seguintes:
a.  Quiromancia - Adivinhação pelo exame das tinhas das mãos. O mesmo que "quiroscopia".
b. Cartomancia - Adivinhação pela decifração de combina­ções de cartas de jogar.
c.  Grafologia - Estudo dos elementos normais e principal­mente patológicos de uma personalidade, feito através da análise da sua escrita.
d. Hidromancia - Arte de adivinhar por meio da água.
e. Astrologia- Estudo e/ou conhecimento da influência dos astros, especialmente dos signos, no destino e no comportamento dos homens; também conhecida como "uranoscopia".

2.2. Baixo Espiritismo

O baixo espiritismo, também conhecido como espiritismo pagão, inculto e sem disfarce, identifica-se pelas seguintes práticas:
a. Vodu - Culto de negros antilhanos, de origem animista, e que se vale de certos elementos do ritual católico. Praticado prin­cipalmente no Haiti.
b. Candomblé - Religião dos negros ioruba, na Bahia.
c. Umbanda - Designação dos cultos afro-brasileiros, que se confundem com os da macumba e dos candomblés da Bahia, xangô de Pernambuco, pajelança da Amazônia, do catimbó e outros cul­tos sincréticos.
d. Quimbanda - Ritual da macumba que se confunde com os da umbanda.
e. Macumba - Sincretismo religioso afro-brasileiro derivado do candomblé, com elementos de várias religiões africanas, de religiões indígenas brasileiras e do catolicismo.

2.3. Espiritismo Científico

O espiritismo científico é também chamado "Alto Espiritis­mo", "Espiritismo Ortodoxo", "Espiritismo Profissional" ou "Espiritualismo". Ele se manifesta, inclusive, como "sociedade", como, por exemplo, a LBV (Legião da Boa Vontade), fundada e presidida por muitos anos pelo já falecido Alziro Zarur. Esta clas­se de espiritismo tem sido conhecida também como:
a. Ecletismo - Sistema filosófico dos que não seguem sistema algum, escolhendo de cada um a parte que lhe parece mais próxi­ma da verdade.
b. Esoterismo - Doutrina ou atitude de espírito que preco­niza que o ensinamento da verdade deve reservar-se a um nú­mero restrito de iniciados, escolhidos por sua influência ou va­lor moral.
c. Teosofismo - Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por objetivo a união do homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do espírito até a iluminação. Iniciado por Helena Petrovna Blavastky, mística norte-americana (1831-1891), fanática adepta do budismo e do lamaísmo.

2.4. Espiritismo Kardecista

O espiritismo Kardecista é a classe de espiritismo comumente praticada no Brasil, e tem, como principais, entre as suas muitas teses, as seguintes:
a.  Possibilidade de comunicação com os espíritos desencar­nados.
b. Crença da reencarnação.
c. Crença de que ninguém pode impedir o homem de sofrer as conseqüências dos seus atos.
d. Crença na pluralidade dos mundos habitados.
e. A caridade é virtude única, aplicada tanto aos vivos como aos mortos.
f.  Deus, embora exista, é um ser impessoal, habitando um mundo longínquo.
g. Mais perto dos homens estão os "espíritos-guias".
h. Jesus foi um médium e reformador judeu, nada mais que isto.
Evidentemente, o diabo é um demagogo muito versátil e maleável, capaz de muitas transformações. Aos psicólogos, ele diz: "Trago-vos uma nova ciência". Aos ocultistas, assevera: "Dou-vos a chave para os últimos segredos da criação". Aos racionalistas e teólogos modernistas, declara: "Não estou aí. Nem mesmo exis­to". Assim faz o espiritismo: muda de roupagem, como o camaleão muda de cor, de acordo com o ambiente, ainda que, na essência, continue sempre o mesmo: supersticioso, fraudulento, mau e dia­bólico.
A passada das bandeiras numa cerimônia do vodu haitiano

III. A TEORIA DA REENCARNAÇÃO

A teoria da reencarnação se constitui no cerne de toda a dis­cussão espiritista. Destruída esta teoria, o espiritismo não poderá subsistir.
Sobre o assunto, escreveu Allan Kardec: "A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição... A reencar­nação é a volta da alma, ou espírito, à vida corporal, mas em outro corpo novamente formado para ele que nada tem de comum com o antigo" .

3.1. A Bíblia Nega a Reencarnação

A Bíblia jamais faz qualquer referência à palavra "reencarna­ção", tampouco confunde-a com a palavra "ressurreição". Segun­do o dicionário Escolar da Língua Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, "reencarnação" é o ato ou efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito; enquanto a palavra "ressurreição", no grego, é anástasis égersis, ou seja, levantar, erguer, surgir, sair de um local ou de uma situação para outra.
No latim, "ressurreição" é o ato de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se. Biblicamente, entende-se o termo "ressurreição" como o mesmo que ressurgir dos mortos, e, em linguagem mais popular, união da alma e do espírito ao corpo, após a morte física.


3.2. Ressurreição na Bíblia

No decorrer de toda a narrativa bíblica, são mencionados oito casos de ressurreição, sendo sete de restauração da vida, isto é, ressurreição para tornar a morrer, e um de ressurreição no sentido pleno, final — o de Jesus. Este foi diferente, porque foi ressurrei­ção para nunca mais morrer, não somente pelo fato de Ele ser Je­sus, mas porque, ao ressurgir, tornou-se Ele o primeiro da ressur­reição real (1 Co 15.20,23). A expressão "ressurreição dentre os mortos", como em Lucas 20.35 e Filipenses 3.11, implica uma ressurreição da qual somente os justos participarão. Os participantes da verdadeira ressurreição não mais morrerão (Lc 20.36). A referida expressão e tradução correta do original. A palavra "dentre" indica que os mortos ímpios continuarão sepultados quando os santos ressurgirem.
Os sete outros casos de ressurreição na Bíblia, por ordem, são: o filho da viúva de Serepta (1 Rs 17.19-22); o filho da sunamita (2 Rs 4.32-35); o defunto que foi lançado na cova de Eliseu (2 Rs 13.21); a filha de Jairo (Mc 5.21-23,35-43); o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17); Lázaro (Jo 11.1-46); Dorcas (At 9.36-43).
O caso da ressurreição de Jesus, que, como já dissemos, é di­ferente, acha-se registrado em Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1-12; João 20.1-10 e 1 Coríntios 15.4,20-23.
Quanto à ressurreição propriamente dita, escreve Allan Kardec: "A ressurreição implica a volta da vida ao corpo já morto — o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quan­do os elementos desse corpo foram, depois de muito tempo, dispersos e absorvidos".
E evidente que esta teoria de Allan Kardec não pode prevale­cer, uma vez que se baseia em conceitos de homens e não nas Escrituras, que declaram a possibilidade da ressurreição dos mor­tos. Não é relevante citarmos aqui os casos de mortos que foram ressuscitados antes de serem levados à sepultura. Vamos citar ape­nas dois casos de mortos que foram levantados dentre os mortos após quatro e três dias de sepultados: Lázaro e Jesus.

3.2.1. LÁZARO

O testemunho de João capítulo 11 é que Lázaro:

a) estava morto (vv.14,21,32,37);
b) estava sepultado já havia quatro dias (vv. 17,39);
c) já cheirava mal (v.39);
d) ressuscitou ainda amortalhado (v.44);
e) ressuscitou com o mesmo corpo e com a mesma aparência que possuía antes de morrer (v.44).

3.2.2. Jesus

O testemunho das Escrituras quanto à morte e ressurreição de Jesus Cristo, é que:
a)  Os soldados romanos testemunharam que Cristo estava morto (Jo 19.33).
b) José de Arimatéia e Nicodemos sepultaram-no (Jo 19.38-42).
c) Ele ressuscitou no primeiro dia da semana (Lc 24.6).
d) Mesmo após ressuscitado, Ele ainda portava as marcas dos cravos nas mãos, para mostrar que seu corpo, agora vivo, era o mesmo no qual sofrerá a crucificação, porém, glorificado (Lc 24.39; Jo 20.27).

3.3. Uma Teoria Absurda

Procurando dar sentido bíblico à absurda teoria da reencarnação, Allan Kardec lança mão do capítulo 3 de João para dizer que Jesus ensinou sobre a reencarnação. Os tradutores da obra de Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, usaram a versão bí­blica do padre Antônio Pereira de Figueiredo como texto base de sua tradução, grifando o versículo 3 do citado capítulo de João: "Na verdade te digo que não pode ver o reino de Deus senão aque­le que renascer de novo" (ênfase minha), quando o versículo na­quela versão é escrito da seguinte forma: "Na verdade, na verda­de, te digo, que não pode ver o reino de Deus, senão aquele que nascer de novo" (ênfase minha).
"Renascer" já significa nascer de novo, enquanto "renas­cer de novo" constitui-se numa intolerável redundância, mas não sem propósito por parte do espiritismo, que por tudo pro­cura provar que a absurda teoria da reencarnação tem funda­mento na Bíblia.

IV. JOÃO BATISTA ERA ELIAS REENCARNADO?

Dirigindo-se a Jesus, perguntaram-lhe os seus discípulos: "Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha pri­meiro? Então Jesus respondeu: De fato (...) Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto quiseram (...) Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista" (Mt 17.10-13).
Acerca de João Batista, disse mais Jesus: "E, se o quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir" (Mt 11.14).

4.1. Opinião Espiritista

Prevalecendo-se do literalismo destas passagens, escreveu Allan Kardec: "A noção de que João Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra, depara-se em muitos passos dos Evangelhos, especialmente nos acima citados. Se tal crença fosse um erro, Jesus não a deixaria de combater, como fez com muitas outras, mas, longe disso, a sancionou com sua autoridade... 'É ele mesmo o Elias, que havia de vir'. Aí não há nem figuras nem alegorias; é uma afirmação positiva" 

4.2. Objeção Bíblica

Um dos conceitos de hermenêutica mais conhecido é aquele segundo o qual a Bíblia interpreta-se a si mesma. Portanto, somos impedidos de lançar mãos de recursos alheios ao contexto bíblico para interpretar o mais simples dos seus ensinos. A Bíblia mesma dá respostas às suas indagações. A pergunta: "João Batista era Elias reencarnado ou não?" responde o próprio João Batista, dizendo: "Não sou" (Jo 1.21).
Sobre João Batista, diz Lucas 1.17: "E irá adiante dele no es­pírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto". Isto não quer dizer que João fosse Elias, mas que no seu ministério haveria peculiaridades do ministério de Elias. De fato, a Bíblia não trata de nenhum outro caso de dois homens, cujos ministérios tenham tanta semelhança como João Batista e Elias. Lembra o refrão popular: "Tal Pai, tal filho". Isto não quer dizer que o filho seja absolutamente igual ao pai, ou que um seja a reencarnação do outro, mas sim, que existem hábitos comuns entre ambos.

4.3. Cinco Pontos a Considerar

Dentre as muitas razões pelas quais cremos que João Batista não era Elias reencarnado, queremos citar as seguintes:
• Os judeus criam que João Batista fosse Elias ressuscitado, não reencarnado (Lc 9.7,8).
• Se os judeus realmente acreditassem que João era Elias reencarnado e não ressuscitado, não teriam em outra oportunidade admitido que Cristo fosse Elias ressuscitado. João Batista e Cris­to, que viveram simultaneamente por cerca de trinta anos, não podiam ser Elias ressuscitado ou reencarnado, ao mesmo tempo (Lc 9.7,9).
• Se reencarnação é o ato ou efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito, é evidente que um vivo não pode ser reencarnação de alguém que nunca morreu. Fica claro assim que João Batista não era Elias, já que este não morreu, pois foi arrebatado vivo ao céu (2 Rs 2.11).
•  Se João Batista fosse Elias, quem primeiro teria conheci­mento disso teria sido ele mesmo e não os judeus ou os espíritas. Àqueles que lhe perguntaram: "És tu Elias?", ele respondeu de­sembaraçadamente: "Não sou" (Jo 1.21).
• Se João Batista fosse Elias reencarnado, no momento da trans­figuração de Cristo teriam aparecido Moisés e João Batista, e não Moisés e Elias (Mt 17.18).
Fica evidente, portanto, que a Bíblia não apóia a absurda teo­ria espiritista da reencarnação. Até mesmo os chamados "fatos com­provados" da reencarnação, apresentados pelos advogados do es­piritismo, na verdade não comprovam coisa alguma.

V. A INVOCAÇÃO DE MORTOS

Reencarnação e invocação de mortos são as duas principais estacas de sustentação de toda a fraude espiritista. Se ambas pude­rem ser removidas, o espiritismo ruirá irremediavelmente.

5.1. O que a Bíblia Diz

Aos hebreus que saíram do Egito e se aproximavam de Canaã, por intermédio de Moisés, disse o Senhor Deus:
"Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus, te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mor­tos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor, e por estas abominações o Senhor, teu Deus, as lança fora de diante de ti. Perfeito serás, como o Senhor, teu Deus. Porque estas na­ções, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor, teu Deus, não permitiu tal coisa" (Dt 18.9-14).
Com base nestas palavras de Moisés, no seu livro O Céu e o Inferno, aduz Allan Kardec: "... Moisés devia, pois, por política, inspirar nos hebreus aversão a todos os costumes que pudessem ter semelhança e pontos de contato com o inimigo".

5.2. Deus Condena a Invocação de Mortos

Alegar que Moisés se opunha aos costumes pagãos dos cananeus baseado em razões simplesmente políticas, como afirma
Allan Kardec, atesta a completa ignorância do espiritismo quanto às Escrituras Sagradas.
A proibição divina de consultar os mortos não prova que ha­via comunicação com os mortos. Prova apenas que havia a con­sulta aos mortos, o que não significa comunicação real com eles. Era apenas uma tentativa de comunicação. Na prática de tais con­sultas aos mortos, sempre existiram embustes, mistificações, men­tiras, farsas e manifestações de demônios. É o que acontece nas sessões espíritas, onde espíritos demoníacos, espíritos enganado­res, manifestam-se, identificando-se como pessoas amadas que faleceram. Alguns desses espíritos têm aparecido, identificando-se com os nomes de grandes homens, ministrando ensinos e até apresentando projetos éticos e humanitários, que terminam sem­pre em destroços. São espíritos que se prestam ao serviço do pai da mentira, Satanás.
O povo de Deus, porém, possui a inigualável revelação de Deus pela qual disciplina a sua vida: "Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes; — não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À lei e ao testemu­nho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva" (Is 8.19,20).

5.3.0 Estado dos Mortos

O testemunho geral das Escrituras é que os mortos, devido ao estado em que se encontram, não têm parte em nada do que se faz e acontece na Terra. Consulte os seguintes textos: Eclesiastes 9.5,6; Salmos 88.10-12; Isaías 38.18,19; Jó 7.9,10.
Nenhum dos textos bíblicos mencionados contradiz a espe­rança bíblica da ressurreição dos mortos, uns para a vida eterna, outros para vergonha e perdição eterna. Os citados textos mos­tram, sim, que o homem após a morte, na sepultura, jamais po­derá voltar à vida de outrora, e que na sepultura nada poderá fazer por si mesmo e muito menos pelos vivos que ainda estão na Terra.

VI. SAUL E A MÉDIUM DE EN-DOR

(Antes de prosseguir, tome a sua Bíblia, abrindo-a no capítulo 28 de 1 Samuel. Leia todo esse capítulo e em seguida volte à leitu­ra deste livro.)
Concluída a leitura desta porção das Escrituras, vêm à mente perguntas, tais como: É ou não possível comunicar-se com os es­píritos de pessoas falecidas? Foi ou não Samuel quem apareceu na sessão espírita de En-Dor? Muitas respostas poderiam ser dadas aqui, como por exemplo: A assembléia judaica sempre acreditou que Samuel realmente apareceu naquela ocasião. Essa também era a opinião de alguns dos mais destacados líderes da Igreja dos pri­meiros séculos, entre eles, Justino Mártir e Origenes. Já Tertuliano, Jerônimo, Lutero e Calvino acreditavam que um demônio apare­ceu em forma de pessoa, personificando Samuel.

6.1. Análise do Caso

Até mesmo uma despretensiosa análise de 1 Samuel 28 mos­tra com clareza meridiana que um espírito de engano, e não Samuel, foi quem apareceu na sessão espírita de En-Dor. Dentre as muitas provas contra a opinião de que Samuel apareceu naquela ocasião, destacam-se as seguintes:
a. Nem a médium nem o seu espírito de mediunidade exerciam qualquer poder sobre a pessoa de Samuel. Só Deus exercia esse poder; pelo que não iria permitir que seu fiel servo viesse a se tornar parte de uma prática que o próprio Deus condenou (Dt 18.9-14).
b. Após informar a Saul que Deus o tinha rejeitado, Samuel nunca mais disse coisa alguma a esse rei.
c.  Se fosse Samuel quem aparecera na ocasião, ele não teria mentido, dizendo que Saul perturbara seu descanso, se Deus, e não Saul, lhe tivesse ordenado; nem dizendo que Saul e seus filhos estariam com ele no dia seguinte (vv.15,16).
d.  O próprio Saul disse que Deus já não lhe respondia nem pelo ministério dos profetas e nem por sonhos (vv. 6,15), pelo que Deus, no último momento,
• não teria cedido ao desejo de Saul de receber outra revelação;
•  não teria entrado em contradição com a sua Palavra, que nega a possibilidade de vivos terem contato com os mortos (Jó 7.9,10; Ec 9.5,6; Lc 16.31);
• não teria criado a impressão de que tentar entrar em contato com os mortos não é tão mau como antes Ele mesmo dissera ser (Dt 18.9-14);
• não teria afirmado que Saul deveria morrer por causa da con­sulta feita à médium (1 Cr 10.13).
e. Saul disse à médium a quem deveria chamar.
De acordo com o estudo dos fenômenos psíquicos, a médium teria lido na mente de Saul qual seria a aparência de Samuel, e a descrevera como Saul costumava vê-lo.
f. A médium temeu porque:
• em seu transe ela reconheceu Saul (v. 12), que era conhecido como inimigo das práticas espiritistas; ou,
• ela viu um espírito adejando por cima da aparição, que com "prodígios de mentira" se fazia passar por Samuel.
g. O próprio Saul não viu Samuel. De acordo com a descrição da médium, ele mesmo supôs que a personagem descrita era Samuel.
h. Quanto à profecia abordada durante a sessão em En-Dor, J.K. Van Baalen, no seu livro O Caos das Seitas, dá as seguintes possibilidades:
•  a mulher percebeu o medo de Saul, de que o seu fim era iminente, e isso ela predisse;
•  a mulher tomou conhecimento da profecia feita antes por Samuel (1 Sm 15.16,18), que vinha perseguindo Saul (1 Sm 16.2; 20.31, etc), pelo que lhe disse o que ele esperava ouvir;
• se um demônio se fazia passar por Samuel e falou por meio da médium, então a mulher ter-se-ia lembrado da profecia de Samuel, fazendo uso dela.
i. Não era necessário que alguém fosse perito ou estrategista em guerras para prever a derrota de Saul e de Israel diante dos filisteus. Em todos os tempos, o salário do pecado é a morte. No capítulo 15 de 1 Samuel, a questão dessa guerra já havia sido le­vantada bem antes de Saul consultar a médium.
j. A parte final do vaticínio da médium não foi verdadeira no seu cumprimento, pois nem Saul morreu no dia seguinte, nem morreram nesse dia todos os seus filhos.

6.2. Profundezas de Satanás

A melhor maneira de se definir o espiritismo é chamá-lo de "profundezas de Satanás" (Ap 2.24). Assim devemos ter sempre em mente os fatos que mostram que Satanás:
• é o pai da mentira (Jo 8.44);
• sabe imitar a realidade com os seus embustes (Êx 7.22; 8.7);
• se transforma em anjo de luz (2 Co 11.14);
• tem o poder de operar milagres (2 Ts 2.9).
Aqueles que se envolvem com o espiritismo estão sob as ma­lhas da rede de Satanás, correndo o perigo de jamais se libertarem dela.

VII. PODEM OS MORTOS AJUDAR OS VIVOS?

Para saber se os mortos podem ou não ajudar os vivos, leia a história do rico e Lázaro, contada por Jesus no Evangelho de Lucas 16.19-31. Precisamente, os versículos 22 e 23 dizem: "E aconte­ceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado. E, no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio".

7.1. Um Quadro Contrastante

Veja que contraste: Lázaro morre e é levado ao Paraíso de Deus, enquanto o rico, ao morrer, é lançado no inferno de horror, de onde, em agonia, clama: "Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama" (v. 24).
Naquele instante de extrema dor e sofrimento, um pequenino favor de Lázaro seria suficiente para amenizar o sofrimento da­quele infeliz; porém, o pai Abraão respondeu: "... Filho,  lembra-te de que recebestes os teus bens em tua vida, e Lázaro, somente males; e, agora, este é consolado, e tu, atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá" (vv. 25,26).

7.2. Algumas Conclusões Desta Passagem

Feita uma análise desta passagem, as conclusões a que chega­mos são:
a. A vida no porvir será uma conseqüência natural da vida que se viveu aqui na Terra: Lázaro, que era piedoso e temente a Deus aqui, ao morrer foi levado para o Paraíso, enquanto o homem rico, vaidoso e indiferente às necessidades dos outros, morreu e foi le­vado para o inferno de trevas e sofrimento.
b. O lugar onde serão lançados os perdidos será um lugar de sofrimento eterno, e não um lugar de purificação e aperfeiçoa­mento dos espíritos.
c.  Se ao homem aqui, vivendo ímpia e perversamente, abre-se-lhe uma porta de escape após a morte, como admite o espiritis­mo, o Evangelho de Cristo deixa de ser o que é, ao passo que o sacrifício de Cristo torna-se a coisa mais absurda sobre a qual já se teve notícia.
d.  Se um falecido pudesse, de alguma forma ajudar os seus entes queridos vivos, o rico não teria rogado a Abraão que envias-
se Lázaro ou um dos mortos à casa dos seus irmãos, a fim de ad­verti-los do perigo de cair no inferno; ele mesmo teria feito isto.
e. Se fosse possível que o espírito de um falecido pudesse aju­dar os vivos, Deus teria permitido que Lázaro, um dos mortos, ou o próprio homem rico exercesse influência junto aos parentes deste.
f. Tudo quanto o homem precisa conhecer concernente à sal­vação e à vida eterna acha-se exarado nos escritos de Moisés, dos profetas, dos evangelistas e dos apóstolos do nosso Senhor Jesus Cristo.
Toda a revelação divina escrita encerra-se nas seguintes pala­vras de Jesus Cristo: "Eu testifico a todo aquele que ouvir as pala­vras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste li­vro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da Cidade Santa, que estão descritas neste livro" (Ap 22.18,19).
Assim, os chamados "bons ensinamentos" dos espíritos dos mortos, defendidos pelo espiritismo, nada mais são do que ensinamentos de demônios, pois apresentam-se como nova fonte de revelação, em detrimento da verdadeira revelação de Deus — a Bíblia Sagrada.

VIII. DE DEUS NÃO SE ZOMBA

Correm grande perigo as pessoas que se dão às tristes aventu­ras e experiências espiritistas. Para ilustrar isto, usaremos a histó­ria do bispo episcopal, James A. Pike, envolvendo a morte do seu filho Jim e o relacionamento de ambos com o espiritismo. Esta história foi publicada no Anuário Espírita de 1971. Reportamo-nos a ela como meio de oferecer-lhe, leitor, subsídios no combate ao erro espiritista, e para advertir aqueles que se estão deixando iludir por esses ensinos de demônios.

8.1. A Trágica Morte de Jim

Pike tinha um único filho, um, belo e culto rapaz. Em 1966, pai e filho encontravam-se na Inglaterra, em Cambridge. Jim deci­diu voltar aos Estados Unidos. Voou para Nova Iorque, e ali, no seu quarto de hotel, matou-se com um tiro. Jim tinha dificuldade em se relacionar com as pessoas. Era arredio mesmo em relação ao pai, e, por ironia, só depois da morte, através de médiuns ame­ricanos e ingleses, teria conseguido, segundo o relato, comunicar-se com Pike. Jim tinha 22 anos, sua morte arrasou o pai. Tudo era mais dramático porque, por incrível que possa parecer, Pike não cria na vida após a morte. Ele fora seminarista e se desiludira com o catolicismo; mesmo como bispo episcopal sua situação era em­baraçosa: sem admitir os dogmas da religião, via-se constante­mente atacado e não poucas vezes taxado de herege.

8.2. Coisas Estranhas Começam a Acontecer

Após os funerais do filho, nos Estados Unidos, Pike voltou com seus problemas para Cambridge. No quarto do hotel onde antes estivera com o filho coisas estranhas começaram a acontecer: roupas eram atiradas dos armários, livros moviam-se das estantes, etc.
Como qualquer pessoa que se envolve com o espiritismo, Pike resolveu dar um passo desastroso na vida. Em lugar de normalizar a sua situação com Deus, saiu à procura de alguém que pudesse explicar tais fenômenos. Foi assim que, com a ajuda de amigos, entrou em contato com a médium inglesa Ena Twigg. Uma sessão foi marcada e Pike teve o primeiro contato com aquele que julgou ser o espírito do seu filho Jim. O espírito dizia: "Tenho sido tão infeliz!" Instado pelo pai, respondeu que não acreditara em Deus como uma pessoa, mas que, agora, acreditava na eternidade. Acrescenta o Anuário: "Além disso, o rapaz o exortou a pros­seguir em suas pesquisas e predisse que o pai abandonaria sua igreja. Pike mostrou-se constrangido, mas Jim insistiu: 'Você fará. Isto ocorrerá no dia 1Q de agosto'".

8.3- Pike Deixa a sua Igreja

Logo após voltar à América, Pike entrou em contato com o médium americano Arthur Ford, com o qual participou de um pro­grama de televisão. No citado programa, Ford, em transe, transmi­tiu mensagens que, dizia ele, serem de Jim a Pike. O programa produziu tão grande escândalo, que deixou a imprensa americana e inglesa num verdadeiro reboliço. A Igreja Episcopal protestou e Pike resolveu deixá-la. Não muito depois da morte de um, após ingerir forte dose de barbitúricos, morre a senhora Maren Bergrud, secretária de confi­ança de Pike. Ela sofria de câncer. Certo dia, estando ela melhor de saúde, os espíritos segredaram-lhe ao ouvido que, se pusesse fim à sua vida, poderia perpetuar aquele estado. Foi o que ela fez. Com a morte do filho e agora da secretária, Pike ficou quase arra­sado; mesmo assim continuou buscando fenômenos relacionados com o além-túmulo.

8.4. "O Outro Lado"

Pike juntou todo o material das sessões espíritas das quais havia participado, e escreveu o livro O Outro Lado. Pike foi pre­sa fácil, caindo sob a armadilha do espiritismo sem nenhuma resistência.
Ao abandonar a Igreja Episcopal, Pike decidiu fundar uma entidade para estudos psíquicos. Num dos seus diálogos com o suposto espírito de um, indagou se o filho ouvira falar de Jesus, ao que ele respondeu: "Meus mentores me dizem: Jim, você ainda não está em condições de compreender. Eu não o encontrei, mas todos falam a respeito dele como um místico, um vidente. Eles não o mencionam como o salvador, mas como um exemplo. Você compreende? Eu preciso dizer-lhe: Jesus é triunfante. Você não pode me pedir que lhe diga o que ainda não compreendo. Ele não é o salvador, isto é muito importante, mas um exemplo". Acres­centa o Anuário: "... agora Pike julga-se um cristão autêntico".

8.5- A Lei da Semeadura e da Colheita

Pike partiu para a Palestina, a fim de fazer uma pesquisa a respeito de Jesus Cristo, nos próprios lugares por onde Jesus an­dou e exerceu o seu ministério. A Bíblia já não lhe valia coisa alguma. Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, não passava de um mito, um místico, um vidente, nada mais que isso. Ali aconteceu o que certamente ele não previra: no dia 7 de setembro de 1969 o seu corpo foi achado sem vida, quase que completamente encoberto pela areia nos desertos próximos do mar Morto. Vale a pena lembrar e citar as palavras do apóstolo Paulo, quan­do diz: "Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem se­meia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna" (Gl 6.7,8).

IX. VOCABULÁRIO ESPIRITISTA

Assim como a pessoa é conhecida pelo vocabulário que usa, de igual modo o espiritismo é mais bem identificado por seu vocabulário, usado para comunicar os seus enganos. É eviden­te que muitas das palavras seguintes, usadas no linguajar espiritista, podem ter diferentes sentidos, por exemplo, de acor­do com a ciência. Porém, na relação a seguir, vamos dar o sig­nificado de cada palavra, de acordo com a interpretação dada pelo próprio espiritismo.

9.1. Palavras de Engano

Do grande universo de termos usados pelo espiritismo, desta­cam-se os seguintes:

• Médium - Pessoa a quem se atribui o poder de se comunicar com espíritos de pessoas mortas.
• Mediunidade - E o fenômeno em que uma pessoa recebe um outro espírito, supostamente de uma pessoa falecida, sendo que esse espírito recebido passa a dominar a mente do médium que recebe o controle e o domínio do seu próprio corpo.
• Clarividência e Clariaudiência - Fenômenos segundo os quais uma pessoa pode sentir, observar e ver os espíritos que a rodeiam, servindo de elo de ligação e comunicação entre o mundo visível e o invisível.
• Levitação - Força psíquica gerada por uma ou mais mentes na imposição de mãos, onde um objeto ou uma pessoa pode ele­var-se do solo. E muito praticada na parapsicologia, que é uma falsa ciência.
• Telepatia - Comunicação por via sensorial entre duas men­tes à distância; transmissão de pensamento.
• Criptestesia - E o fenômeno da sensação do oculto, ou seja, o conhecimento de um fato transmitido por um morto, sem conhe­cimento de nenhum vivo.
• Premonição - Sensação, pressentimento do que vai suceder.
• Metagnomia - É a resolução de problemas matemáticos, obras artísticas que se produzem e línguas desconhecidas que se decifram (lembre-se de que isto nada tem a ver com nenhum dos dons do Espírito Santo).
• Telecinesia - Movimentos de objetos, toque de instrumentos musicais, alterações de balanços sem o toque de mãos.
• Idioplastia - É a alteração do corpo físico em virtude do pensamento.

9-2. Características Desses Fenômenos

Cássio Colombo, em um "Estudo Sobre o Espiritismo", cha­ma a nossa atenção para o fato de que esses "fenômenos":

1)  Não são fatos comuns da vida; antes, impressionam pela sua anormalidade.
2)  Ocorrem apenas com determinadas pessoas, que também recebem o nome de "clarividentes" ou "médiuns".
3) Todos são, pelo menos na aparência, fatos inteligentes.
4) São fenômenos que ninguém tem a consciência de causas. Daí a atribuí-los cada qual a outrem, ou seja, não há entidade res­ponsável pelos trabalhos.
5) Os fenômenos metapsíquicos independem de espaço e de tempo. Há conhecimento direto, imediato.
6) Há condições necessárias para as manifestações metapsíquicas: concentração, penumbra, etc. O medo, a desconfi­ança e o sarcasmo perturbam essas manifestações.
7) Há quase sempre o que se tem chamado de projeção, isto é, os fenômenos são objetivos e não subjetivos. Não há alucinações.
8) As mensagens mediúnicas são muitas vezes apresentadas de modo simbólico. Exemplo: para simbolizar uma morte, surge uma despedida.
9)  Os fenômenos referidos várias vezes ocorrem na hora da morte, supondo-se que, neste caso, os fenômenos surjam por cau­sa da tensão emotiva e das condições vitais, que, fugindo à regra, permitem a manifestação das forças latentes do espírito.
10) Há comportamento nas manifestações metapsíquicas que parecem expressar existência de personalidades diferentes dos que tomam parte da sessão. É o caso da fraude e da fantasia comuns no espiritismo.

X. O ESPIRITISMO E AS SUAS CRENÇAS

Já dissemos que as duas principais estacas de sustentação do espiritismo são o dogma da reencarnação e a alegada possibilida­de de os vivos se comunicarem com os espíritos dos mortos. Mas a doutrina espiritista é muito mais que isto, como é mostrado a seguir.

10.1. Complexo Doutrinário

O conjunto de doutrinas do espiritismo é grande e complexo. Na verdade constitui-se num esquema de negação de toda a doutrina bíblica cristã. Veja, por exemplo, o que crê o espiritismo acerca dos seguintes temas da doutrina cristã.

10.1.1 Deus

"Abrogamos a idéia de um Deus pessoal" (The Physical Phenomena in Spiritualism Revealed).
"Deve-se entender que existem tantos deuses quantas são as mentes que necessitam de um deus para adorar; não apenas um, dois, ou três, mas muitos" 

10.1.2. Cristo

"Qual é o sentido da palavra Cristo! Não é, como se supõe geralmente, o Filho do Criador de todas as coisas? Qualquer ser justo e perfeito é Cristo"
"Não obstante, parece que todo o testemunho recebido dos espíritos avançados mostra apenas que Cristo era um médium e um reformador da Judéia, e que agora é um espírito avançado na sexta esfera" (Palavras do Dr. Weisse, citado por Hanson, em Demonology or Spiritualism).
"Cristo foi um homem bom, mas não poderia ter sido divino, exceto no sentido, talvez em que todos somos divinos" (Mensa­gem por um "espírito", citado por Raupert em Spiritist Phenomena and Their Interpretatiorí).

10.1.3. A Expiação

"A doutrina ortodoxa da Expiação é um remanescente dos maiores absurdos dos tempos primitivos, e é imoral desde o âma­go... A razão dessa doutrina é que o homem nasce neste mundo como pecador perdido, arruinado, merecedor do inferno. Que mentira ultrajante!... — Porventura o sangue não ferve de indig­nação ante tal doutrina?" (Médium and Daybreak).

10.1.4. A Queda

"Nunca houve qualquer evidência de uma queda do homem" (A. Conan Doyle).
"Precisamos rejeitar o conceito de criaturas caídas. Pela queda deve-se entender a descida do espírito à matéria" (The True Light).

10.1.5. O Inferno

"Posso dizer que o inferno é eliminado totalmente, como há muito tem sido eliminado do pensamento de todo homem sensato. Essa idéia odiosa, tão blasfema em relação ao Criador, originou-se do exagero de frases orientais, e talvez tenha tido sua utilidade em uma era brutal, quando os homens eram assustados com cha­mas, como as feras são espantadas pelos viajantes" (A. Conan Doyle, em Outlines of Spiritualism).

10.1.6. A Igreja

"Passo a passo avançou a Igreja Cristã, e ao fazê-lo, passo a passo a tocha do espiritismo foi retrocedendo, até que quase não se podia mais perceber uma fagulha brilhante em meio às trevas espessas... Por mais de mil e oitocentos anos a chamada Igreja Cristã se tem imposto entre os mortais e os espíritos, barrando toda oportunidade de progresso e desenvolvimento. Atualmente, ela se ergue como completa barreira ao progresso humano, como já fazia há mil e oitocentos anos" .
"Se o Cristianismo sobreviver, o espiritismo deve morrer; e se o espiritismo tiver de sobreviver, o Cristianismo deve desaparecer. São a antítese um do outro...".

10.1.7. A BÍBLIA

"Asseverar que ela [a Bíblia] é um livro santo e divino, e que Deus inspirou os seus escritores para tornar conhecida a vontade divina, é um grosseiro ultraje e um logro para com o público" (Outlines of Spiritualism).
"Gostamos pouco de discutir baseados na Bíblia, porque, além de a conhecermos mal, encontramos nela, misturados com os mais santos e sábios ensinamentos, os mais descabidos e inaceitáveis absurdos" 

10.2. Refutação Bíblica Dessas Afirmações Erradas

A Bíblia Sagrada, a espada do Espírito Santo, lança a doutrina espiritista por terra, e declara em alto e bom som, que:

10.2.1. Deus

a. é um ser pessoal (Jo 17.3; SI 116.1,2; Gn 6.6; Ap 3.19);
b. é um ser único (Dt 6.4; Is 45.5,18; 1 Tm 1.17; Jd 25).

10.2.2. Jesus Cristo

a. foi superior aos homens (Hb 7.26);
b.  é apresentado na Bíblia como profeta, sacerdote e rei, e nunca como médium (At 3.19-24; Hb 7.26,27; Fp 2.9-11).

10.2.3. A Expiação

a. foi um ato voluntário de Cristo (Tt 2.14);
b. é alcançada como conseqüência da fé (At 10.43);
c. é adquirida pelo sangue de Cristo, segundo a riqueza da sua graça (Ef 1.7).

10.2.4. A Queda

a.  sobreveio como conseqüência da desobediência de Adão (Rm 5.12,15,19);
b. decorreu da tentação do diabo (Gn 3.1-5; 1 Tm 2.14).

10.2.5. O Inferno

a. foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.41);
b. fica embaixo (Pv 15.24; Lc 10.15);
c. será a habitação final e eterna dos perversos (SI 9.7; Mt 25.41).

10.2.6. A Igreja

a. foi fundada por Jesus Cristo (Mt 16.18);
b. jamais será vencida (Mt 16.18);
c. é guardada pelo Senhor (Ap 3.10).

10.2.7. A BÍBLIA

a. é a Palavra de Deus (2 Sm 22.31; SI 12.6; Jr 1.12);
b. foi escrita sob inspiração divina (1 Pe 2.20,21);
c. é absolutamente digna de confiança (SI 111.7);
d. é descrita como pura (SI 19.8), espiritual (Rm 7.14), santa, justa e boa (Rm 7.12), ilimitada (SI 119.96), perfeita (SI 19.7, Rm 12.2), verdadeira (SI 119.142), não pesada (1 Jo 5.3).
Disse Henrique Heine, o famoso poeta lírico alemão: "Depois de haver passado tantos e tantos longos anos de mi­nha vida e correr as tabernas da filosofia, depois de me haver en­tregue a todas as politiquices do espírito e ter participado de todos os sistemas possíveis, sem neles encontrar satisfação, ajoelho-me diante da Bíblia".


3

O Adventismo do 7º Dia


No princípio do século XIX, quando pouca ênfase era dada à segunda vinda de Cristo, Guilherme (William) Miller, pastor batista do Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, dedicou-se ao estudo e a pregação deste assunto. Lendo Daniel 8.14, "Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado", Miller passou a fazer deste versículo o tema duma grande controvérsia sobre os eventos futuros.

I. RESUMO HISTÓRICO DO ADVENTISMO

Calculando que cada um dos 2.300 dias da profecia de Daniel representava um ano, Miller tomou o regresso de Esdras do cati­veiro no ano 457 a.C. como ponto de partida para o cálculo de que Cristo voltaria à Terra, em pessoa, no ano de 1834. Esta previsão fora feita em 1818.
Tão grande foi o impacto causado por essa revelação de Miller, que muitos crentes, vindos de diferentes igrejas, doaram suas pro­priedades, abandonaram os seus afazeres, e se prepararam para receber o Senhor no dia 21 de março daquele ano. O dia aprazado chegou, mas o tão esperado acontecimento não se deu. Revisando seus cálculos, Miller concluiu que havia errado por um ano, e anun­ciou que Cristo voltaria no dia 21 de março do ano seguinte, ou seja, de 1844. Porém, ao chegar essa data, Miller e seus seguido­res, em número aproximado de 100 mil, sofrem nova decepção. Uma vez mais Miller fez um novo cálculo segundo o qual Cristo voltaria no dia 22 de outubro daquele mesmo ano; porém essa previsão falhou também.

1.1. Miller Reconhece o Seu Erro

Guilherme Miller deu toda prova de sinceridade, confessando simplesmente que havia se equivocado em seu sistema de inter­pretação da profecia bíblica. Nesse tempo ele mesmo escreveu:
"Acerca da falha da minha data, expresso francamente o meu desapontamento... Esperamos naquele dia a chegada pessoal de Cristo; e agora, dizer que não erramos é desonesto! Nunca deve­mos ter vergonha de confessar nossos erros abertamente".

1.2. Novas Tendências

Não obstante Miller ter reconhecido o seu erro em marcar o dia da volta de Cristo pela interpretação da profecia, nem todos os seus seguidores estavam dispostos a abandonar essa mensa­gem. Dos muitos grupos que o haviam seguido, três se uniram para formar uma nova igreja baseada numa nova interpretação da mensagem de Miller. Esta nova interpretação surgiu de uma "revelação" de Hiram Edson, fervoroso discípulo e amigo de Miller. Segundo Edson, Miller não estava equivocado em rela­ção à data da vinda de Cristo, mas sim em relação ao local. Disse ele que na data profetizada por Miller, Cristo havia entrado no santuário celestial, não no terrenal, para fazer uma obra de puri­ficação ali.
Guilherme Miller não aceitou essa interpretação nem seguiu ao novo movimento. Quanto a isto ele mesmo escreveu:
"Não tenho confiança alguma nas novas teorias que surgiram no movimento; isto é, que Cristo veio como Noivo, e que a porta da graça foi fechada; e que em seguida a sétima trombeta tocou, ou que foi de algum modo o cumprimento da profecia da sua vin­da".
Até o fim dos seus dias, em 20 de dezembro de 1849, com sessenta e oito anos incompletos, Miller permaneceu como cristão humilde e consagrado. Ele morreu na fé e na esperança de estar em breve com o Senhor.

1.3. Anos Posteriores a Miller

Dos três grupos que apoiaram Hiram Edson na sua nova "re­velação", dois deles deram substancial contribuição para a forma­ção da seita hoje conhecida como "Adventismo do 7a Dia".
O primeiro era dirigido por Joseph Bates, que observava o sábado, e não o domingo. O segundo grupo dava muita ênfase aos dons espirituais, particularmente ao de profecia, e tinha entre os seus membros a senhora Helen Harmon (mais tarde senhora White), que dizia ter o dom de profecia.
Ao se unirem os três grupos, cada um deu a sua contribuição para a nova igreja em formação: o primeiro, a revelação de Edson com respeito ao santuário celestial; o segundo, o legalismo; e o terceiro grupo cooperou com uma profetiza que por mais de meio século haveria de exercer influência predominante na fundação e crescimento da nova igreja.
Não obstante possuir uma esperança escatológica, o Adventismo do Sétimo Dia esposa uma doutrina pouco coerente com a revelação divina dada através das Escrituras.

II. A GUARDA DO SÁBADO

A guarda do sábado é sem dúvida o principal ponto de contro­vérsia da doutrina do Adventismo do Sétimo Dia. O próprio com­plemento do nome desta seita, "Sétimo Dia", mostra quanta afini­dade existe entre o adventismo e o sábado.
O Adventismo ensina que o crente deve observar o sábado como o dia de repouso, e não o domingo. Crê que os que guardam o domingo aceitarão a "marca da besta" sob o governo do Anticristo. Helen White ensina que a observância do sábado é o selo de Deus; enquanto o domingo será o selo do Anticristo.

2.1. Origem da Doutrina Sabática

Já mostramos que dos três grupos que se juntaram para for­mar o Adventismo, o primeiro era liderado por Joseph Bates, e observava o sábado como dia semanal de descanso. Contudo, a observância do sábado como dia de repouso tomou força quan­do a senhora Helen White começou a alegar ter recebido uma "revelação", segundo a qual Jesus descobriu a arca do concerto e ela pode ver dentro as tábuas da Lei. Para sua surpresa, o quarto mandamento estaria no centro, rodeado de uma auréola de luz.

2.2. Uma Doutrina Insustentável

Evidentemente, não temos qualquer preconceito contra o Adventismo pelo simples fato de seus adeptos guardarem o sába­do. Questionamos o Adventismo pelo fato de fazerem desse ensi­no um cavalo de batalha contra as igrejas evangélicas que têm o domingo como dia de repouso semanal.
Dos dez mandamentos registrados em Êxodo 20, o Novo Tes­tamento ratifica apenas nove, excetuando o quarto, que fala da guarda do sábado. Por exemplo, compare os mandamentos da co­luna esquerda com os da coluna direita:

1. " Não terás outros deuses diante de mim" (Ex 20.3).
1.  "...vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra..." (At 14.15).
2. "Não farás para ti imagem de escultura" (Êx 20.4).
2.  "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos" (Jo 5.21).
3. "Não tomaras o nome do Senhor teu Deus em vão" (Ex 20.7).
3. "... não jureis nem pelo Céu, nem pela terra" (Tg 5.12).
4.  "Lembra-te do dia do sába­do, para o santifícar" (Ex 20.8).
4. (Não há este mandamento no Novo Testamento)
5. "Honra a teu pai e a tua mãe" (Êx 20.12).
5.  "Filhos, obedecei a vossos pais" (Ef 6.1).
6. "Não matarás" (Êx 20.13).
6. "Não matarás" (Rm 13.9).
7. "Não adulterarás" (Êx 20.14).
7. "Não adulterarás" (Rm 13.9).
8. "Não furtarás" (Êx 20.15).
8. "Não furtarás" (Rm 13.9).
9. "Não dirás falso testemunho" (Êx 20.16).
9. "Não mintais uns aos outros" (Cl 3.9).
10. "Não cobiçarás" (Êx 20.17).
10. "Não cobiçarás" (Rm 13.9).


O Novo Testamento repete pelo menos:

• 50 vezes o dever de adorar somente a Deus;
• 12 vezes a advertência contra a idolatria;
• 4 vezes a advertência para não tomar o nome do Senhor em
vão;
• 6 vezes a advertência contra o homicídio;
• 12 vezes a advertência contra o adultério;
• 6 vezes a advertência contra o furto;
• 4 vezes a advertência contra o falso testemunho;
• 9 vezes a advertência contra a cobiça.
Em nenhum lugar do Novo Testamento, no entanto, é encon­trado o mandamento de guardar o sábado.

III. O SÁBADO OU O DOMINGO?

É possível alguém cumprir a Lei sem guardar o sábado? A resposta a esta pergunta é dada quando estudamos a vida e o mi­nistério terreno de nosso Senhor Jesus Cristo.
O Novo Testamento ratifica o que está escrito no Antigo Tes­tamento, que, ninguém jamais foi capaz de cumprir a lei na sua plenitude. A necessidade da encarnação de Cristo se constitui numa das mais evidentes provas da incapacidade do homem em cumprir a lei divina, por isso Ele mesmo disse: "Não penseis que vim revo­gar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra" (Mt 5.17,18).
Não poucas passagens do Antigo Testamento mostram a irritação divina diante do legalismo frio e morto dos judeus, apre­sentado através dos sacrifícios e sucessivas cerimônias feitas com o propósito de satisfazer a letra da Lei. Quanto mais tempo passa­va, mais imperfeito se manifestava o homem que buscava a perfei­ção através da prática da Lei. Porém, veio Jesus Cristo, o enviado de Deus, para cumprir a Lei em nosso lugar, o que fez coroando-a pelo ato da sua morte na cruz.

3.1. Jesus Violou o Sábado

Segundo a Bíblia, Jesus teve o seu nascimento prometido se­gundo a Lei (Dt 18.15); nasceu sob a Lei (Gl 4.4); foi circuncidado segundo a Lei (Lc 2.21); foi apresentado no templo segundo a Lei (Lc 2.22); ofereceu sacrifício no templo segundo a Lei (Lc 2.24); foi odiado segundo a Lei (Jo 15.25); foi morto segundo a Lei (Jo 19.7); viveu, morreu e ressuscitou segundo a Lei (Lc 24.44,46).
Apesar de Jesus haver cumprido toda a Lei, a respeito dEle se lê: "E os judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado. Mas Ele lhes disse: Meu pai trabalha até agora, e eu traba­lho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus" (Jo 5.16-18). (ênfase minha)
Observe que assim como para os judeus era inadmissível Je­sus ser Filho de Deus enquanto violava o sábado, para o Adventismo é igualmente impossível admitir que os evangélicos sejam filhos de Deus enquanto guardam o domingo, em substi­tuição ao sábado.

3.2. A Abolição do Sábado

Acusado pelos judeus de violar o sábado, Jesus afirmou que "... o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do homem é Senhor também do sábado" (Mc 2.27,28).
Com estas palavras, Jesus defende o princípio moral do quar­to mandamento do Decálogo, condenando abertamente o cerimonialismo, e revela a sua autoridade divina sobre o sábado, para cumpri-lo, aboli-lo ou mudá-lo. O sentimento moral é a ne­cessidade de se descansar um dia por semana, valendo, para esse fim, qualquer deles.
Sobre esta questão, escreveu o apóstolo Paulo: "Um faz dife­rença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distin­gue entre dia e dia, para o Senhor o faz" (Rm 14.5,6).

3.3- Por que o Domingo?

Dentre outras razões da substituição do sábado pelo domingo, como dia semanal de repouso para a Igreja, destacam-se as se­guintes:
• Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana (Mc 16.9).
• O primeiro dia da semana foi o dia especial das manifesta­ções de Cristo ressuscitado. Manifestou-se cinco vezes no primei­ro domingo e outra vez no domingo seguinte (Lc 24.13,33-36; Jo 20.13-19,26).
•  O Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes, um dia de domingo (Lv 23.15,16,21; At 2.1-4).
•  Os cristãos dos tempos apostólicos costumavam reunir-se aos domingos para celebrar a Santa Ceia do Senhor, pregar, e se­parar suas ofertas para o Senhor (At 20.7; 1 Co 16.1,2).
Ainda sobre o domingo como dia de festa semanal da Igreja, veja o que escreveram os seguintes Pais da Igreja:
Barnabé: "De maneira que nós observamos o domingo com regozijo, o dia em que Jesus ressuscitou dos mortos".
Justino Mártir: "Mas o domingo é o dia em que todos te­mos nossa reunião comum, porque é o primeiro dia da semana, e Jesus Cristo, nosso Salvador, neste mesmo dia ressuscitou da mor­te".
•  Inácio: "Todo aquele que ama a Cristo, celebra o Dia do Senhor, consagrado à ressurreição de Cristo como o principal de todos os dias, não guardando os sábados, mas vivendo de acordo com o Dia do Senhor, no qual nossa vida se levantou outra vez por meio dele e de sua morte. Que todo amigo de Cristo guarde o dia do Senhor!"
Dionísio de Corinto: "Hoje observamos o dia santo do Se­nhor, em que lemos sua carta".
Vitorino: "No Dia do Senhor acudimos para tomar nosso pão com ações de graça, para que não se creia que observamos o sábado com os judeus, o qual Cristo mesmo, o Senhor do sábado, aboliu em seu corpo".
Escreve o apóstolo Paulo: "Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, por­que tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. Ninguém se faça árbitro contra vós ou­tros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado sem motivo algum na sua mente carnal, e não retendo a Cabeça, da qual todo corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus" (Cl 2.16-19).

IV. DOUTRINAS PECULIARES DO ADVENTISMO

Além da guarda do sábado, o Adventismo do Sétimo Dia di­verge dos evangélicos em outros três assuntos de capital impor­tância. São eles: o estado da alma após a morte, o destino final dos ímpios e de Satanás, e a obra da expiação.

4.1. O Estado da Alma Após a Morte

O Adventismo ensina que após a morte do corpo a alma é reduzida ao estado de silêncio, de inatividade e de inteira in-consciência, isto é, entre a morte e a ressurreição, os mortos dor­mem.
Este ensino contradiz vários textos das Escrituras, dentre os quais destacam-se Lucas 16.22-30 e Apocalipse 6.9,10.
 O primeiro texto registra a história do rico e Lázaro logo após a morte, e mostra que o rico, estando no inferno,
a. levantou os olhos e viu Lázaro no seio de Abraão (v.23);
b. clamou por misericórdia (v.24);
c. teve sede (v.24);
d.  sentiu-se atormentado (v.24);
e. rogou em favor dos seus irmãos (v.27);
f. ainda tinha seus irmãos em lembrança (v.28);
g. persistiu em rogar a favor dos seus entes queridos (v.30).

Já o texto de Apocalipse 6.9,10 trata da abertura do quinto selo, quando João viu debaixo do altar "as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam".

Segundo o registro de João, elas
a. clamavam com grande voz (v.10);
b. inquiriram o Senhor (v.10);
c. reconheceram a soberania do Senhor (v.10);
d. lembravam-se de acontecimentos da Terra (v.10);
e. clamavam por vingança divina contra os ímpios (v. 10).

As expressões dormir ou sono usadas na Bíblia para tipificar a morte falam da indiferença dos mortos para com os acontecimen­tos normais da Terra e nunca para com aquilo que faz parte do ambiente onde estão as almas desencarnadas. Assim como o sub­consciente continua ativo enquanto o corpo dorme, a alma do ho­mem não cessa sua atividade quando o corpo morre.
A palavra de Cristo na cruz ao ladrão arrependido: "Em ver­dade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso" (Lc 23.43), é uma prova da consciência da alma imediatamente após a morte.
No momento da transfiguração de Cristo, Moisés não estava inconsciente e silencioso enquanto falava com Cristo sobre a sua morte iminente (Mt 17.1-6).

4.2. O Destino Final dos Ímpios e Satanás

Spicer, um dos mais lidos escritores adventistas, escreve: "O ensino positivo da Sagrada Escritura é que o pecado e os pecado­res serão exterminados para não mais existirem. Haverá de novo um Universo limpo, quando estiver terminada a grande controvér­sia entre Cristo e Satanás". É evidente que este ensino entra em contradição com as seguintes passagens: Daniel 12.2; Mateus 25.46; João 5.29 e Apocalipse 20.10.

 Daniel 12.2 e Mateus 25.46 estão de acordo ao afirmar que:

a. Os justos ressuscitarão para a vida e gozo eternos;
b. Os ímpios ressuscitarão para vergonha e horror igualmente eternos.
Aqui, "vergonha e horror eterno" não significa destruição ou aniquilamento. Estas palavras falam do estado de separação entre Deus e o ímpio após a sua morte. Se for certo que o ímpio será destruído, por que então terá ele de ressuscitar e depois ser lança­do no Lago de Fogo? (Mt 25.41). Apocalipse 14.10,11 diz que os adoradores do Anticristo serão atormentados "e a fumaça de seu tormento sobe pelos séculos dos séculos". Isto não é aniquilamen­to. Quanto à pessoa de Satanás, Apocalipse 20.10 diz que ele, o Anticristo e o Falso Profeta, "serão atormentados no Lago de Fogo pelos séculos dos séculos", para sempre. Isto não é aniquilamento.


4.3. A Doutrina da Expiação

Segundo o Adventismo do Sétimo Dia, a doutrina da expiação é explicada partindo do seguinte raciocínio:
a.  Em 1844, Cristo começou a purificação do santuário celestial.
b. O céu é a réplica do santuário típico sobre a Terra, com dois compartimentos: o lugar santo e o santo dos santos.
c. No primeiro compartimento do santuário celestial, Cristo intercedeu durante dezoito séculos (do ano 33 ao ano 1844), em prol dos pecadores penitentes, "entretanto seus pecados permane­ciam ainda no livro de registros".
d. A expiação de Cristo permanecera inacabada, pois havia ainda uma tarefa a ser realizada, a saber: a remoção de pecados do santuário no céu.
e. A doutrina do santuário levou o Adventismo do Sétimo Dia finalmente a declarar: "Nós discordamos da opinião de que a ex­piação foi efetuada na cruz, conforme geralmente se admite".
Este ensino não pode manter-se de pé, primeiramente porque foi concebido por uma pessoa (a senhora White) de exagerado fanatismo e de muitas visões da carne; e segundo, porque é incoe­rente com o tratamento do assunto nas Escrituras. A Bíblia ensina que:

a. A obra expiatória de Cristo é perfeita (Hb 7.27; 10.12,14).
b. A salvação do crente é perfeita e imediata (Jo 5.24; 8.36; Rm8.1; 1 Jo 1.7).





4
As Testemunhas-de-jeová



As "Testemunhas-de-jeová" formam uma das seitas que mais crescem atualmente. Em face do seu proselitismo incontrolável, e do grande mal causado por seus ensinos à vida do crente, necessário se faz estudá-la.

I. RESUMO HISTÓRICO DO JEOVISMO

Charles Taze Russell, fundador da seita "Testemunhas de Jeová", nasceu no Estado da Pensilvânia, Estados Unidos, no ano de 1854. Perturbado pela doutrina das penas eternas, tornou-se simpatizante da doutrina adventista, a qual abraçou posteriormen­te. Como Russell possuía pontos de vista muito pessoais, princi­palmente quanto à maneira e ao objetivo da vinda de Cristo, não demorou haver divergência entre seus pontos de vista e os dos líderes adventistas. Nessa época, em parceria com um adventista de nome N.H. Barbour, escreveu um livro. Essa amizade, porém, durou pouco, pois logo se separaram, após uma acalorada discus­são quanto à doutrina da expiação. Um ano após, em 1872, Russell lança os fundamentos do seu movimento, inicialmente com os nomes "Torre de Vigia de Sião" e "Arauto da Presença de Cristo".

1.1. As Idéias de Russell

Russell vivia em freqüentes choques com as autoridades e os tribunais, dos quais nem sempre se saía bem. Censurou as igrejas e seus líderes como porta-vozes do engano e como instrumentos do diabo. Para preparação dos seus discípulos, escreveu uma obra intitulada Estudos nas Escrituras, sobre a qual o próprio Russell declarou ousadamente que seria melhor que ela fosse lida do que lida a Bíblia sozinha. Contudo, mais tarde, ele mesmo chamou de "imaturos" alguns de seus escritos primitivos.
Russell foi um homem de mau procedimento. Casou-se em 1879. Várias vezes foi levado ao tribunal por sua própria esposa, em face de maus tratos que sofria dele. Não podendo ela suportá-lo mais, abandonou-o em 1887, dele divorciando-se em 1913. Viu-se muitas vezes em apuros com a justiça devido a escândalos financeiros.

1.2. JOSEPH FRANKLIN RlJTHERFORD

Charles Taze Russell morreu a 9 de novembro de 1916, sendo substituído pelo juiz Joseph Franklin Rutherford.
Rutherford excedeu em muito a atuação do próprio Russell, fundador da seita. Logo no princípio da sua gestão, fundou a re­vista Despertai, com uma tiragem mensal que vai a um milhão de exemplares. Esteve por vários meses na cadeia por causa de alegadas "atividades antiamericanas", no inicio da entrada dos Estados Unidos na Primeira Grande Guerra. Isto contribuía mais para que Rutherford e seus seguidores tivessem maior ódio da "or­ganização do diabo" (como tratavam toda e qualquer espécie de organização política ou religiosa que se opunha aos seus ensinos e às doutrinas). Rutherford morreu a 8 de janeiro de 1942, com 72 anos de idade.

1.3. Nathan H. Knorr

Com a morte de Rutherford, Nathan H. Knorr assumiu a os liderança da seita. No início do seu mandato escreveu um ensaio com o título: "Testemunhas-de-jeová dos Tempos Modernos", com a afirmação: "Deus Jeová é o organizador de suas testemunhas sobre a terra". Prosseguindo, diz que o nome da organização deri­va-se da passagem de Isaías 43.10: "Vós sois minhas testemunhas, diz Jeová".

1.4. Escravos de um Sistema

As Testemunhas-de-jeová demonstram um zelo incomum em tornarem conhecidas as suas doutrinas, pelo que se dedicam ao máximo à venda de livros e revistas, de porta em porta. Além de se dedicarem com afinco a esse trabalho, quase todos dão uma parce­la de cooperação na disseminação das doutrinas da seita. W.J. Schenell, ex-testemunha", diz que as "testemunhas" ficam sob constantes pressões e com medo mortal dos seus líderes. Por exem­plo: se não venderem suficiente literatura, serão rebaixados à "clas­se de maus servos", ou "servos inúteis".

1.5. Expansão da Seita

Já em 1949, o Anuário das Igrejas Americanas trazia o seguinte: "As testemunhas-de-jeová têm grupos em quase todas as ci­dades dos Estados Unidos, bem como em outras partes do mun­do, com o propósito de estudar a Bíblia. Não fazem relatório de seus membros, nem anotam a assistência às reuniões. Reúnem-se em salões alugados e não constróem templos para o seu pró­prio uso".
A maior parte dos seus esforços é gasta procurando alcançar pessoas já membros de igrejas evangélicas, cujos preceitos eles põem em dúvida por meio de ensinos subversivos. Enviam os seus representantes para os campos missionários estrangeiros, onde, às vezes, entram em conflito com as autoridades.

II. A DOUTRINA DA TRINDADE

Poucos aspectos da doutrina cristã têm sofrido tantos ataques das "testemunhas-de-jeová" quanto a doutrina da Trindade. O que eles pensam e dizem sobre este tema é abundantemente mostrado nos seus livros, revistas e palestras, como vemos a seguir.

2.1. O Cúmulo do Absurdo

"Satanás deu origem à doutrina da trindade" (Seja Deus Verdadeiro, p. 81).
"Um contemporâneo de Teófilo na África Setentrional, o escritor latino chamado Tertuliano, da cidade de Cartago, de­fronte a Itália, escreveu uma defesa de sua religião e introduziu nos seus escritos a palavra trinitas, que quer dizer 'trindade'. Daquele tempo em diante a doutrina trinitária veio a infectar cada vez mais a crença dos cristãos professos. Tal doutrina é absolutamente alheia ao verdadeiro Cristianismo. Nem se en­contra a palavra trias nas inspiradas Escrituras gregas cristãs, tampouco se acha a palavra trinitas, nem mesmo na tradução latina da Bíblia, a Vulgata" (Que tem Feito a Religião Pela Humanidade? p. 261).
"Ninrode casou-se com sua mãe Semíramis, e assim, num sen­tido, ele é seu próprio pai e seu próprio filho. Aqui está a origem da doutrina da trindade" 

2.2. Conceito Inconsistente

O ensino jeovista de que Tertuliano inventou a doutrina da Trindade é injusto, tendencioso e mau. Viria ao caso perguntar­mos: "Newton inventou a lei da gravidade ou simplesmente elucidou-a?" A mesma pergunta deve ser feita quanto à pessoa de
Tertuliano relativamente à doutrina da Trindade: "Tertuliano inventou a doutrina da Trindade ou simplesmente interpretou-a?"
Por exemplo, o fato de Martinho Lutero ter defendido a dou­trina da justificação pela fé e a do sacerdócio universal dos crentes não significa que ele as inventou.
É evidente que a palavra trindade não se encontra na Bíblia, como também nela não se encontram expressões como "testemunhas-de-jeová" e "Salão do Reino", porém, a Bíblia contém a idéia básica da doutrina da Trindade. Não descartamos a possi­bilidade de que Tertuliano tenha sido o primeiro dos escritores da Igreja a usar a palavra Trindade (três em um), com o objetivo de dar forma a uma verdade implícita do Gênesis ao Apocalipse. Devemos ter em mente, no entanto, que descobrir uma verdade não é a mesma coisa que inventar a verdade. A verdade não se inventa, descobre-se.

2.3. A Trindade nas Escrituras

A idéia da Trindade faz-se presente nos seguintes casos men­cionados na Bíblia Sagrada:
a. Criação do homem (Gn 1.26).
b. Conclusão divina quanto à capacidade do conhecimento do homem a respeito do bem e do mal (Gn 3.22).
c. Confusão das línguas, em Babel (Gn 11.7).
d. Visão e chamamento de Isaías (Is 6.8).
e. Batismo de Jesus no Jordão (Mt 3.16,17).
f. A Grande Comissão de Jesus (Mt 28.19).
g. Distribuição dos dons espirituais (1 Co 12.4-6).
h. Bênção apostólica (2 Co 13.13).
i. Descrição paulina da unidade da fé (Ef 4.4-6).
j. Eleição dos santos (1 Pe 1.2).
1. Exortação de Judas (Jd vv.20,21).
m. Dedicatória das cartas às sete igrejas da Ásia (Ap 1.4,5).

Tanto no Antigo como no Novo Testamento, títulos divinos são atribuídos às três Pessoas da Trindade: a) a respeito do Pai (Êx 20.2); b) a respeito do Filho (Jo 20.28); c) a respeito do Espírito Santo (At 5.3,4).

Cada Pessoa da Trindade é descrita na Bíblia, como:
·        Onipresente
·        Onipotente
·        Onisciente
·        Criador
·        Eterno
·        Santo
·        Santificador
·        Fonte da vida eterna
·        Mestre
·        Capacitado a ressuscitar mortos
·        Inspirador
·         Dos profetas
·        Salvador
·        Supridor de ministros à Igreja

O Pai
O Filho
O Espírito
Jr 23.24
Ef 1.20-23
Sl 139.7
Gn 17.1
Ap 1.8
Rm 15.19
At 15.18
Jo 21.17
1 Co 2.10
Gn 1.1
Jo 1.3
Jó 33.4
Rm 16.26
Ap 22.13
Hb 9.14
Ap 4.8
At 3.14
Jo 1.33
Jd 24.25
Hb 2.11
1 Pe 1.2
Rm 6.23
Jo 10.28
Gl 6.8
Is 48.17
Mt 23.8
Jo 14.26
1 Co 6.14
Jo 2.19
1 Pe 3.18
Hb 1.1
2 Co 13.3
Mc 13.11
Tt 3.4
Tt 3.6
Jo 3.8
Jr 3.15
Ef 4.11
At 20.28

III. POR JEOVÁ E CONTRA CRISTO

Quanto à Pessoa de Cristo, a doutrina das "testemunhas-de-jeová" é essencialmente ariana, e se identifica muito bem com di­ferentes correntes heréticas surgidas nos primeiros séculos da his­tória da Igreja.

3.1. Rejeição da Divindade de Cristo

Quanto à Pessoa e à divindade de Jesus Cristo, dizem os jeovistas:
"Este [Jesus Cristo], não era Jeová Deus, mas estava 'existin­do na forma de Deus'. Como assim? Ele era uma pessoa espiritu­al, assim como 'Deus é Espírito'; era poderoso, mas não Todo-poderoso como o é Jeová Deus: também ele existia antes de todas as outras criaturas de Deus porque foi o primeiro filho que Jeová Deus trouxe à existência. Por isso é chamado 'o Filho unigênito' de Deus, porque Deus não teve associado ao trazer à existência o seu unigênito Filho... Ele não é o autor da criação de Deus; mas, depois de Deus o haver criado como primogênito, usou-o como seu obreiro associado ao trazer à existência todo o resto da cria­ção".

Em resumo, o que se conclui deste ensino herético é que Jesus Cristo:
a. não é Deus;
b. em sua vida humana foi simplesmente uma pessoa espiritual;
c. não é Todo-poderoso;
d. foi criado pelo Pai, como criadas foram as demais coisas;
e. não é o autor da Criação.

3.2. A Bíblia Enfatiza a Divindade de Cristo

O testemunho geral das Escrituras é que:
a. Cristo é Deus (Jo 1.1; 10.30,33,38; 14.9,11; 20.28; Rm 9.5; Cl 1.15; 2.9; Fp 2.6; Hb 1.3; 2 Co 5.19; 1 Pe 1.2; 1 Jo 5.2; Is 9.6).
b. Cristo é Todo-poderoso (Mt 28.18; Ap 1.8).
c. Cristo não foi criado, pois é eterno (Jo 1.18; 6.57; 8.19,58; 10.30,38; 14.7,9,10,20; 16.28; 17.21).
d.  Cristo é o autor da Criação (Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2,10;
Ap3.14).

Muitas afirmações feitas no Antigo Testamento a respeito de Jeová são cumpridas e interpretadas no Novo Testamento, referin­do-se a Jesus Cristo. Compare:
Isaías 40.3,4 com Lucas 1.68,69,76
Êxodo 3.14 com João 8.56-58
Jeremias 17.10 com Apocalipse 2.23
Isaías 60.19 com Lucas 2.32
Isaías 6.10 com João 12.37-41
Isaías 8.12,13 com 1 Pedro 3.14,15
Isaías 8.13,14 com 1 Pedro 2.7,8
Números 21.6,7 com 1 Coríntios 10.9
Salmos 23.1 com João 10.11; 1 Pedro 5.4
Ezequiel 34.11,12 com Lucas 19.10
Deuteronômio 6.16 com Mateus 4.10.

3.3. Provada a Divindade de Cristo

Atributos inerentes a Deus Pai relacionam-se harmoniosamente com Cristo, provando a sua divindade. Deste modo a Bíblia apre­senta-o como:

• O Primeiro e o Último (Is 41.4; Cl 1.15,18; Ap 1.17; 21.6).
• Senhor dos senhores (Ap 17.14).
• Senhor de todos e Senhor da Glória (At 10.36; 1 Co 2.8).
• Rei dos reis (Is 6.1-5; Jo 12.41; 1 Tm 6.15).
• Juiz (Mt 16.27; 25.31,32; 2 Tm 4.1; At 17.31). •Pastor (SI 23.1; Jo 10.11,12).
• Cabeça da Igreja (Ef 1.22).
• Verdadeira Luz (Lc 1.78,79; Jo 1.4,9).
• Fundamento da Igreja (Is 28.16; Mt 16.18).
• O Caminho (Jo 14.6; Hb 10.19,20). •A Vida(Jo 11.25; 1 Jo 5.11,12).
• Perdoador de pecados (SI 103.3; Mc 2.5; Lc 7.48,50).
• Preservador de tudo (Hb 1.3; Cl 1.17).
• Doador do Espírito Santo (Mt 3.11; At 1.5).
• Onipresente (Ef 1.20-23).
• Onipotente (Ap 1.8).
• Onisciente (Jo 21.17).
• Santificador(Hb2.11).
• Mestre (Lc 21.15; Gl 1.12).
• Ressuscitador de si mesmo (Jo 2.19).
• Inspirador dos profetas (1 Pe 1.17).
• Supridor de ministros à Igreja (Ef 4.11).
• Salvador (Tt 3.4-6).

3.4. Jesus, O Verbo Divino

Na. Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, versão bíblica forjada pelas "testemunhas-de-jeová", lê-se João 1.1, assim: "No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus e a Palavra era um deus". Note o final da expressão: "... um deus".
Entre as famosas traduções da Bíblia conhecidas hoje, pelo menos «dezenove delas afirmam que "A Palavra era Deus"; não "deus" com "dl" minúsculo, ou "um deus" qualquer. Veja, por exemplo:
• KING JAMES VERSION - A Palavra era Deus.
•THE NEW INTERNATIONAL VERSION (A Nova Versão Internacional) - A Palavra era Deus.
• ROTHERHAM - A Palavra era Deus.
• DOUAY - A Palavra era Deus.
• JERUSALÉM BIBLE (A Bíblia de Jerusalém) - A Palavra era Deus.
• AMERICAN STANDARD VERSION (Versão Padrão Ame­ricana) - e a Palavra era Deus.
• REVISED STANDARD VERSION (Versão Padrão Revis­ta) - e a Palavra era Deus.
• YOUNG'S LITERAL TRANSLATION OF THE BIBLE (Tradução Literal da Bíblia, de Young) - e a Palavra era Deus.
• THE NEW LIFE TESTAMENT (O Testamento da Nova Vida) - a Palavra era Deus.
• MODERN KING JAMES VERSION (Versão Moderna da King James) - a Palavra era Deus.
• NEW TRANSLATION - DARB Y (Nova Tradução) - a Pala­vra era Deus.
• NUMERIC ENGLISH NEW TESTAMENT - a Palavra era Deus.
• THE NEW AMERICAN STANDARD BIBLE (A Nova Bí­blia Padrão Americana) - e a Palavra era Deus.
• THE NEW TESTAMENT IN MODERN SPEECH -WEYMOUTH (O Novo Testamento em Linguagem Moderna) - e a Palavra era Deus.
• THE NEW TESTAMENT IN BASIC ENGLISH (O Novo Testamento em Inglês Básico) - e a Palavra era Deus.
• THE NEW TESTAMENT IN MODERN ENGLISH -MONTGOMERY (O Novo Testamento em Inglês Moderno) - e a Palavra era Deus.
• THE NEW TESTAMENT IN ENGLISH (Phillips) - essa Palavra estava com Deus e era Deus.
• THE BERKLEY VERSION (A Versão de Berkley) - e a Pa­lavra era Deus.
• EMPHATIC DIAGLOTT (Publicação das testemunhas-de-jeová) - e o Logos era Deus.
Quatro traduções não usam exatamente a expressão "a Pala­vra era Deus", mas evidenciam a divindade de Cristo conforme o texto de João 1.1. São elas:
• AN EXPANDED TRANSLATION - WEST (Uma Tradução Ampliada) - e a Palavra era, quanto à sua essência, divindade ab­soluta.
• THE AMPLIFIED BIBLE (A Bíblia Ampliada) - e a Palavra era o próprio Deus.
• LIVING BIBLE (A Bíblia Viva) - antes que algo mais exis­tisse, existia Cristo com Deus. Ele sempre tem vivido e é Ele o próprio Deus.
• LAMSA - E Deus era essa Palavra.
Quatro traduções não ensinam claramente a divindade de Cris­to, conforme João 1.1. São elas:
• MOFATT - O Logos era divino.
• TODAVS ENGLISH VERSION (Versão em Inglês de Hoje) - e Ele era o mesmo que Deus.
• GOODSPEED - A Palavra era divina.
• NEW ENGLISH BIBLE (Nova Bíblia Inglesa) - e o que Deus era, a Palavra era.
Apenas quatro traduções, negam a divindade de Cristo em João 1.1. São elas:
• THE NEW WORLD TRANSLATION OF THE HOLY SCRIPTURES (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagra­das) - e a Palavra era um deus.
• EMPHATIC DIAGLOTT (tradução interlinear do grego) - e um deus era a Palavra.
• THE KINGDOM INTERLINEAR OF THE SCRIPTURES
(Tradução do Reino, Interlinear, das Escrituras Gregas) - e deus era a Palavra.
• THE KINGDOM INTERLINEAR (A Interlinear do Reino) - e a Palavra era um deus.
Todas estas últimas quatro versões citadas são publicadas e distribuídas pelas testemunhas-de-jeová.

3.5. Depoimento da Teologia

Das dezenove traduções mencionadas, que afirmam que "a Palavra era Deus", pelo menos treze delas foram feitas por piedo­sos cristãos. Quanto aos tradutores das versões citadas pelas teste­munhas-de-jeová, as quais afirmam que "a Palavra era um deus", põe-se em dúvida a sanidade espiritual dos seus tradutores, inclu­sive se tinham mesmo algum conhecimento das línguas originais das Escrituras. De maneira especial, a Emphatic Diaglott, citada pelas "testemunhas" com maior freqüência, foi feita por Benjamin Wilson, cristadelfiano, membro de uma seita falsa.
A esperteza das "testemunhas" não conhece limites, seja quan­do têm de torcer a Bíblia, seja falsificando as traduções ou interpolando textos de obras alheias.
Em um artigo intitulado "Uma Tradução Errada e Chocante", o doutor Julios R. Mantey, escreve:
"A Manual Grammar of the Greek New Testament, do qual sou co-autor, é citado pelos tradutores do apêndice da Tradução do Reino, Interlinear, das Escrituras Gregas. Eles citaram-me fora do contexto. Apuradas pesquisas descobriram ultimamente abun­dante e convincente evidência de que a tradução de João 1.1 por 'deus era a Palavra' ou 'a Palavra era um deus' não tem qualquer apoio gramatical."
Em carta de 11 de julho de 1974, encaminhada à Sociedade Torre de Vigia, quartel-general das testemunhas-de-jeová, escreve o doutor Mantey: "Não existe qualquer afirmação na nossa gra­mática que alguma vez quisesse implicar que 'um deus' era a tra­dução admissível em João 1.1... Não revela erudição, nem mesmo é razoável traduzir João 1.1 por 'a Palavra era um deus'. A ordem das palavras tornou obsoleta e incorreta tal tradução. A vossa cita­ção da regra de Colwell é inadequada, porque indica apenas parte das suas conclusões... Ambos os eruditos escreveram que, quando pretendiam dar a idéia indefinida, os escritores dos Evangelhos colocavam regularmente o nome predicativo depois do verbo, e tanto Colwell como Harner afirmaram que Theos, em João 1.1, não é indefinido e não deve ser traduzido por 'um deus. Os escri­tores da Torre de Vigia parecem ser os únicos a advogar tal tradu­ção agora. A evidência contra eles parece de 99%.
"Em vista dos fatos precedentes, principalmente por me terdes citado fora do contexto, peço-vos por meio desta que não volteis a citar A Manual Grammar ofthe Greek New Testament, como fazeis há 24 anos. Peço ainda que, de agora em diante, não me citeis, nem a mim nem a esta obra, em qualquer das vossas publicações.
"Também, que pública e imediatamente apresenteis descul­pas na revista Torre de Vigia, uma vez que as minhas palavras não tiveram nenhuma relevância no que toca à ausência do artigo an­tes de Theos, em João 1.1", conclui o doutor Mantey.
Se João 1.1 quisesse dizer "a Palavra era um deus", o apóstolo teria usado no grego a palavra theios, que significa "um deus", um ser meio divino; em vez de Theos (Deus), que João usou conscien­temente.
O doutor James L. Boyer, do Seminário Teológico da Graça, de Winona Lake, Indiana, Estados Unidos, escreveu: "Para um estudante familiarizado com a língua grega, João 1.1 é a expressão mais forte possível da absoluta divindade da Palavra, muito mais do que seria com o uso do artigo. O fato de não ser usado o artigo no grego descreve, qualifica e enfatiza a natureza e a característica do substantivo usado. O emprego do artigo particulariza e identifica, aponta para o indivíduo. Se João tivesse escrito o artigo defini­do com a palavra Deus, teria significado que a Palavra e Deus eram o mesmo indivíduo, uma negação da Trindade. Mas ao em­pregar a Palavra Deus sem o artigo, diz qual é o caráter da Palavra. Ele é Deus. Ele é alguém cujo caráter é descrito pela palavra Deus".


IV DERROCADA ESCATOLÓGICA

Embora nada de proveitoso haja no sistema doutrinário das testemunhas-de-jeová, existem aspectos nele que são por demais absurdos. Queremos nos referir em particular a alguns desses as­pectos da sua doutrina escatológica, ou seja, a doutrina das últi­mas coisas.

4.1. A Segunda Vinda de Cristo

Afirmam as testemunhas-de-jeová:
"Cristo Jesus vem, não em forma humana, mas como criatura espiritual e gloriosa... Ele vem, portanto, desta vez, não em humi­lhação, não na semelhança dos homens, mas em sua glória, e to­dos os anjos com ele.
"Alguns podem citar as palavras dos anjos: 'Esse Jesus que dentre vós foi recebido no céu, assim virá do modo como o vistes ir para o céu' (At 1.11). Notem, porém, que este texto não diz que ele virá com a mesma aparência, ou no mesmo corpo, mas somen­te do mesmo modo" .

4.2. O Armagedom e o Governo de Cristo

"A batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso (o Armagedom) terminará em 1914, com a derrocada completa do governo do mundo... e o pleno estabelecimento do reino de Cris­to" (Russell, Estudos nas Escrituras, vol. II, pp. 101,170).
Segundo o ensino de Russell, Cristo voltou à Terra e começou o seu governo de paz no ano de 1914.

4-3- O Juízo Final

"Na primavera de 1918, veio o Senhor, e começou o juízo, primeiro da 'casa de Deus' e depois das nações deste mundo" .

4.4. Objeções Bíblicas a Esse Ensino

Ensinar que Cristo será invisível por ocasião da sua segunda vinda, e que Ele estará dotado de outro corpo que não seja o corpo da sua ressurreição, é ensino contrário a muitas passagens das Es­crituras, dentre as quais se destacam Zacarias 12.10; Mateus 24.30 e Apocalipse 6.15-17.
Quanto ao dia em que se dará a vinda de Cristo, diz Mateus 24.36: "A respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai". — Como, pois, o saberão essas falsas testemunhas-de-Jeová?
Vendo fracassada a sua previsão quanto à segunda vinda de Cristo, Russell arquitetou uma alteração à sua falsa teoria: "A data era correta, porém, equivoquei-me quanto à forma; o reino não terá caráter material e visível, como havia anunciado, mas será espiritual e invisível" .
Tendo chegado a data anunciada por Russell, em lugar da paz milenária do reino de Cristo, rebentou no mundo a Primeira Guerra Mundial, que enlutou milhares e milhares de famílias em toda a Terra.

4.5. Ordem dos Eventos Escatológicos

A escatologia russelita é mais uma prova inconteste de quão herética é a seita das testemunhas-de-jeová. Ao contrário da escatologia russelita, a Bíblia apresenta os eventos escatológicos na seguinte ordem:
a. O arrebatamento da Igreja.
b. O comparecimento dos crentes diante do Tribunal de Cris­to, as Bodas do Cordeiro no céu, e a Grande Tribulação na Terra.
c. Batalha do Armagedom.
d. Manifestação de Cristo em glória com os seus santos e anjos.
e. Julgamento das nações.
f. Prisão de Satanás por mil anos.
g. Inauguração do reino milenar de Cristo na Terra.
h. Soltura de Satanás por um breve espaço de tempo, mas logo será novamente preso para todo o sempre, i. Juízo do Grande Trono Branco, j. Estabelecimento de novo céu e da nova Terra.
Ninguém em sã consciência se atreveria a afirmar que já tenha ocorrido qualquer um desses eventos na Terra. Quando ocorreu o arrebatamento da Igreja? Onde estão agora o novo céu e a nova Terra?
Diante de todo este disparate e desrespeito demonstrado por parte das testemunhas-de-jeová quanto à Palavra de Deus, vale a pena lembrar as palavras de Apocalipse 22.18,19:
"Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste li­vro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qual­quer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa, e das coisas que se acham escritas neste livro".

V. SÍNTESE DOUTRINÁRIA DAS "TESTEMUNHAS"

A doutrina das testemunhas-de-jeová forma uma grande miscelânea mais bem identificada pela desordem e pela negação que lhe são peculiares. Atente para os seguintes aspectos desta doutrina:

5.1. A Alma do Homem

"Os cientistas e cirurgiões não foram capazes de encontrar no homem nenhuma prova determinante de imortalidade. Não po­dem encontrar nenhuma evidência indicativa de que o homem possui uma alma imortal... Assim, vemos que a pretensão de que o homem possui uma alma imortal, e que, portanto, difere das bes­tas, não é bíblica".

5.2. 0 Inferno

"A doutrina de um inferno ardente onde os iníquos, depois da morte, são torturados para sempre, não pode ser verdadeira, prin­cipalmente por quatro razões: 1) está inteiramente fora das Escri­turas; 2) é irracional; 3) é contrária ao amor de Deus; 4) é repug­nante à justiça".

5.3. A Igreja

"Em Apocalipse 14.1,3, a Bíblia é terminante ao predizer que o total final da igreja celeste será de 144.000, segundo o decreto de Deus" . Daí surgiu o falso ensi­no de que só 144.000 salvos irão para o céu.

5.4. Refutação Desse Ensino:

A doutrina das "testemunhas" quanto à alma humana apóia-se em teorias de homens sem Deus. O inequívoco testemunho das Escrituras é que o homem não só foi feito alma vivente, mas tam­bém possui uma alma imortal, o que o faz diferente das demais criaturas da Terra.
É evidente que "alma" na Bíblia nem sempre significa a mes­ma coisa, e que a variação do seu significado depende muito das circunstâncias em que a palavra é usada, como por exemplo mos­tram os seguintes casos:
a. A alma como o próprio sangue (Lv 17.14).
b. A alma como a pessoa em si mesma (Gn 46.22). c A alma como a própria vida (Lv 22.3).
d. A alma como o espírito e o coração (Dt 2.30).
e. A alma como elemento distinto do espírito e do corpo (Hb 4.12; 1Ts5.23; Jó 12.10; 27.3; 1 Pe 2.11; Mt 10.28).

5.5. Sheol, Hades, Geena e Tártaro

A palavra "inferno" na Bíblia tem significados que variam de acordo com o texto em que é citado. Há quatro palavras na Bíblia na Edição Revista e Atualizada, que são traduzidas por "inferno":
Sheol - o mundo dos mortos (Dt 32.22; SI 9.17; etc).
Hades - é a forma grega para o hebraico Sheol, e significa o lugar das almas que partiram deste mundo (Mt 11.23; Lc 10.15; Ap 6.8).
Geena - termo usado para designar um lugar de suplício eterno (Mt 5.22,29,30; Lc 12.5).
Tártaro - o mais profundo do abismo no Hades; significa encerrar no suplício eterno (2 Pe 2.4; Dn 12.2).
 Nenhuma destas palavras significa "sepultura". A palavra hebraica para "sepultar" é queber (Gn 50.5), e a grega é mnemeion. E verdade que a palavra hebraica sheol algumas vezes está traduzida como "sepultura" em algumas de nossas Bíblias em português, mas isso se dá por força de uma tradução equivocada.
Quanto às quatro alegações das "testemunhas", de que a dou­trina referente ao inferno não pode ser verdadeira, respondemos: 1) E um assunto largamente tratado ao longo da Bíblia Sagrada. 2) Ainda que irracional à mente embotada das "testemunhas", não o é à mente do crente que crê na veracidade das Escrituras. 3) É compatível com o amor de Deus, que hoje apela aos homens. 4) É compatível com a justiça divina, que tem reservado o céu para os salvos e o inferno para os pecadores impenitentes.

5.6. Só 144.000?

O ensino jeovista de que só 144.000 salvos formarão a igreja triunfante é contrário às seguintes passagens das Escrituras:
• "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguarda­mos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3.20).
• "Depois destas cousas vi, e eis grande multidão que nin­guém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, di­zendo: Ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação" (Ap 7.9,10).

VI. A MENTIRA DESMASCARADA

As "testemunhas" têm suas mentes entorpecidas pelo erro, perversão e engano do diabo. De tanto blasfemarem de Deus e da sua Palavra é-lhes quase impossível se deixarem iluminar pela luz do Evangelho. Eles foram programados, "educados" e robotizados para crerem nas mentiras e embustes de Russell, Rutherford e Knorr, líderes jeovistas. Todos, em vida, dizendo-se detentores de conhecimentos que os faziam mestres do hebraico e do grego, lín­guas originais da Bíblia, foram desmascarados e levados à vergo­nha pública por parte de tribunais de suas épocas.

6.1. Uma Tradução Infiel

Na impossibilidade de encontrar na Bíblia respaldo para os ab­surdos cridos e defendidos pelo jeovismo, alguns líderes desta seita manipularam a tradução de uma bíblia cheia de heresias, como for­ma de sacralizar os seus erros e embustes. Essa tradução recebeu o nome de Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.
Por muitos anos foram mantidos em sigilo os nomes dos auto­res dessa tradução de fundo de quintal. Em um julgamento, em 1954, na Escócia, respondeu a "testemunha" F.W. Franz que a ra­zão de tal sigilo era porque o comitê de tradução queria que ela permanecesse anônima, e não buscava qualquer glória ou honra Para a obra da tradução, ostentando nomes ligados a ela. Mas o senhor William Cetnar, que trabalhou por vários anos na sede da
Sociedade Torre de Vigia, quartel-general das testemunhas-de-jeová, no Brooklyn, Nova Iorque, Estados Unidos, analisa o pro­blema e conclui dizendo que o anonimato dos tradutores da citada bíblia tem duplo significado: 1) As qualificações dos tradutores não podiam ser verificadas e avaliadas. 2) Não havia ninguém que assumisse a responsabilidade pela tradução. E a seguir, cita os nomes de Nathan H. Knorr, A. D. Schroeder, G. D. Gangas, M. Henschel, e do próprio F. W. Franz, como tradutores da citada bíblia, conforme dizem as "testemunhas", traduzida diretamente dos ori­ginais hebraico e grego (?).

6.2. O Mestre de Línguas que Ignorava Línguas

F.W. Franz, que se dizia mestre em hebraico, demonstrou ab­soluta ignorância quanto ao manejo da citada língua. Veja, por exemplo, a troca de perguntas e respostas entre o Procurador da Coroa Escocesa e o próprio Franz, retiradas de uma peça do julga­mento sofrido por Franz em novembro de 1954, na Escócia:

P. Também se familiarizou com o hebraico?
R. Sim...
P. Portanto, tem instrumentos lingüísticos substanciais à sua disposição?
R. Sim, para uso do meu trabalho bíblico.
P. Penso que o senhor é capaz de ler e seguir a Bíblia em hebraico, grego, latim, espanhol, português, alemão e francês...
R. Sim (Prova de Acusação p. 7)...
P. O senhor mesmo lê e fala hebraico, não é verdade?
R. Eu não falo hebraico.
P. Não fala?
R. Não.
P. Pode, o senhor mesmo, traduzir isto para o hebraico?
R. O quê?
P. Este quarto versículo do segundo capítulo de Gênesis.
R. O senhor quer dizer, aqui?
P. Sim.
R. Não, eu não tentaria fazer isso (Prova da acusação, p. 61).
(Não nos esqueçamos de que Franz é apontado entre os tradu­tores da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagrada, a Bí­blia jeovista.)

6.3. Russell Ignorava o Grego

Em 1912, o reverendo J.J. Ross, na época pastoreando a Igreja Batista de James Street, em Hamilton, Ontário, no Canadá, foi processado por Charles Russell (o pai espiritual das "testemunhas-de-jeová"), por haver publicado um panfleto: Alguns Fatos Sobre o Pretenso Pastor Charles T. Russell, no qual Ross garantia que Russell era ignorante no que diz respeito à língua grega; o que Russell considerou difamatório. No final do processo o reverendo Ross foi absolvido, ficando provadas as acusações feitas contra Russell.
A seguinte transcrição foi retirada ou trasladada dos autos do citado processo, e registra perguntas feitas pelo advogado Staunton (advogado de Ross) a Russell:

P. O senhor conhece o alfabeto grego?
R. Oh! Sim!
P. O senhor poderia me dizer os nomes dessas letras se as visse?
R. Algumas delas; talvez me enganasse com outras.
P. Poderia me dizer os nomes dessas que estão no alto da pági­na 447, que tenho em mãos?
R. Bem, não sei se seria capaz.
P. O senhor não conhece essas letras? Veja se as conhece.
R. "Meu caminho..."
(Ele foi interrompido nesse ponto e não lhe permitiram explicar.)
P. O senhor conhece a língua grega? R. Não.

6.4. Conclusão

Os incidentes aqui citados poderiam ser de nenhuma impor­tância, caso não soubéssemos que as testemunhas-de-jeová, feitas sob medida, possuem as mesmas habilidades de seus mestres quan­to à aplicação do velho truque que os faz passar por conhecedores das línguas originais da Bíblia. Dizer que sabem grego é uma coi­sa; prová-lo é coisa bem diferente.
Veja um método infalível de provar como as testemunhas-de-jeová nada conhecem de grego. Tome um Novo Testamento gre­go, e peça que qualquer um deles designe um determinado texto (João 3.16 é um exemplo). Facilmente você descobrirá que as tes­temunhas-de-jeová, a despeito de "sinceras", estão redondamente equivocadas e presas pelo engano do deus deste século, que, com sua astúcia, tem cegado o entendimento dos homens, de sorte que não sejam iluminados pela luz do Evangelho.





  
5
O MORMONISMO



A história do mormonismo tem início com a pessoa de Joseph Smith, nascido a 23 de dezembro de 1805, no Condado de Windsor, Estado de Vermont, nos Estados Unidos.

I. UM RESUMO HISTÓRICO DO MORMONISMO

Para melhor compreender a história do mormonismo, torna-se necessário estudá-la partindo da sua base, isto é, da vida de Joseph Smith, o fundador da seita.

1.1. A Primeira Visão de Smith

Joseph Smith tinha mais ou menos dez anos de idade quando, com seus pais, mudou-se para Palmyra, no Condado de Ontário (atual Wayne), no Estado de Nova Iorque. Quatro anos após, mu­dou-se novamente, agora para Manchester, também no Condado de Ontário.
Foi criado na ignorância, pobreza e superstição. Ainda moço, decepcionou-se com as igrejas que conhecera. Foi nesse tempo que diz ter recebido a sua primeira visão, segundo a qual aparece­ram-lhe o Pai e o Filho, denunciando a falsidade de todas as igre­jas, com as seguintes palavras: "Eles se chegam a mim com os seus lábios, mas seus corações estão longe de mim; eles ensinam mandamentos dos homens como doutrina, tendo aparência de san­tidade, mas negando o meu poder" 

1.2. A Segunda Visão de Smith

De acordo com a relato do próprio Smith, apareceu-lhe o "anjo" Moroni, que, segundo fez crer, havia vivido naquela mesma re­gião há uns 1400 anos. Mórmon, o pai de Moroni, um profeta, havia gravado a história do seu povo em placas de ouro. Quando estavam a ponto de serem exterminados por seus inimigos, Moroni teria enterrado essas placas ao pé de um monte próximo do local onde hoje é Palmyra. Nessa visão, Moroni teria indicado a Joseph Smith o lugar onde as placas foram escondidas, e emprestou-lhe umas pedras especiais, um certo tipo de lentes, chamadas "Urim" e "Tumim", com as quais Joseph Smith poderia decifrar e traduzir os dizeres dessas placas.
Depois de conseguir as placas de ouro e as lentes, Smith, sen­tado por trás de uma cortina, teria ditado a um amigo a tradução do que estava escrito nas placas. Depois devolveu as placas e as lentes a Moroni. Uma vez traduzida, a obra foi publicada pela pri­meira vez em 1829, recebendo o título de O Livro de Mórmon.

1.3. Fundação da Igreja Mórmon

Joseph Smith cedo encontrou quem o aceitasse como profeta, pelo que fundou a "Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias". Desde então, ficou estabelecido como um princípio doutri­nário que esta era a única igreja verdadeira, e que fora dela não havia outro meio de salvação para o homem.
Uma série de "revelações" de Joseph Smith foi desenvolven­do a doutrina dessa igreja, transformando-a, através dos anos, numa forma de politeísmo. Os crentes deveriam edificar uma teocracia, isto é, teriam o assessoramento de doze apóstolos. As pretensões de domínio de Smith eram tão elevadas que ele chegou a lançar-se candidato à presidência dos Estados Unidos.
Smith e seus seguidores sofriam não poucas perseguições, ra­zão por que eram levados a peregrinar de um a outro ponto da América, procurando onde estabelecer uma colônia e fundar o rei­no de Deus. Encontraram acolhida em Illinois, onde erigiram a cidade de Nauvoo. Ali, acusado de grosseira imoralidade e falsifi­cação, Smith foi preso, e uma turba enfurecida invadiu a cadeia e, a tiros, matou Smith e seu irmão, Hyrum.

1.4. A Divisão da Igreja Mórmon

Depois da morte de Joseph Smith, sua igreja se dividiu. A primeira facção seguiu a liderança de Brigham Young, fiel discí­pulo do "profeta" Smith. Como ainda eram muitas as persegui­ções que sofriam nessa época, Young e aqueles a quem liderava, após penosa peregrinação, em julho de 1847, chegaram ao Estado de Utah, na época território mexicano não ocupado, e, ali, onde hoje é a cidade de Salt Lake City, fundaram a sede da igreja, uma espécie de quartel-general, de onde o mundo seria alcançado pe­los apóstolos do mormonismo.
A maioria, no entanto, decidiu ficar sob a liderança de um filho de Joseph Smith, e separou-se dos demais, permanecendo no Estado de Missouri. Reorganizaram a igreja e estabeleceram sua sede em Independence, Missouri. Chamaram-na "Igreja Reorga­nizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias". Esta igreja tem prosperado e ainda permanece, embora seja menor que a de Utah.
Das várias facções que surgiram depois da morte de Joseph Smith, outra digna de menção é a "Igreja de Cristo do Lote do
Templo", com sede em Bloomington, Estado de Illinóis. Segundo as "revelações" recebidas por alguns líderes dessa facção, conven­ceram-se de que Sião, o lugar do regresso de Cristo à Terra, está em Bloomington, e não em Israel. Crêem que Ele terá o seu tem­plo em certo lote da área onde está a sede dessa igreja.

II. O LIVRO DE MÓRMON

Cabe-nos perguntar: O Livro de Mórmon é também a Palavra de Deus? Tem ele o significado e o valor que os mórmons dizem ter? A resposta a ambas as perguntas é: NÃO!

2.1. O Que É O Livro de Mórmon

A primeira edição de O Livro de Mórmon para o português apareceu no ano de 1938, e, até o ano de 1975, já haviam sido impressas seis edições. O Livro de Mórmon compõe-se de 15 li­vros, divididos em capítulos e versículos, tal como a Bíblia Sagra­da. Os seus livros estão dispostos da seguinte maneira:
Nome do Livro
Capítulos
Versículos
Livro de Nefi
22
618
2º Livro de Nefi
33
779
Livro de Jacó
7
203
Livro de Ênos
1
27
Livro de Jarom
1
15
Livro de Omni
1
30
As Palavras de Mórmon
1
18
Livro de Mosiah
29
786
Livro de Alma
63
1943
Livro de Helamã
16
497
3a Livro de Nefi
30
765
4a Livro de Nefi
1
49
Livro de Mórmon
9
227
Livro de Éter
15
433
Livro de Moroni
10
167

No seu todo, O Livro de Mórmon soma um total de 239 capí­tulos e 6553 versículos. Nele são encontrados capítulos inteiros da Bíblia. Por exemplo: Ia Nefi 20 é igual a Isaías 48; 2a Nefi 12 e 24 são iguais a Isaías 2 e 14; 3a Nefi 24 é igual a Malaquias 3; 3a Nefi 12 e 14 são iguais a Mateus 5 e 7; Moroni 10.7-20 é igual a 1 Coríntios 12.
Não obstante O Livro de Mórmon conter muito da Bíblia Sa­grada, ele a condena como um livro mutilado e cheio de erros, que Satanás usa para escravizar os homens. Isto é dito textualmente em Ia Nefi 13.28,29 e 2a Nefi 29.3,6.

2.2. Testemunhos Contra O Livro de Mórmon

São muitíssimas as provas de que O Livro de Mórmon é obra de homem e não a Palavra de Deus. Dentre essas provas desta­cam-se as seguintes:

• A opinião mais comum entre os estudiosos do mormonismo é que o conteúdo de O Livro de Mórmon, em grande parte, foi tomado de um romance de Salomão Spaulding, um pastor presbiteriano aposentado, que escreveu uma história fictícia dos primeiros habitantes da América.
• As descobertas arqueológicas e os estudos históricos pro­vam que os primeiros habitantes da região indicada em O Livro de Mórmon eram muito diferentes da descrição que ele dá quanto aos costumes, nomes, caráter e línguas.
O Livro de Mórmon contém mais ou menos 10.000 citações diretas da versão da Bíblia inglesa "King James", publicada pela primeira vez em 1611.
• O livro pretende ser a tradução de placas de ouro enterradas desde o ano 420 até 1823, contudo cita com precisão capítulos inteiros de uma Bíblia publicada em 1611. Isso é simplesmente inconcebível!
•  O livro foi escrito em uma linguagem paupérrima, porém, quando cita a Bíblia (o profeta Isaías, por exemplo), mostra erudição de linguagem, mais uma prova de que esses textos foram copi­ados diretamente da Bíblia.
O Livro de Mórmon põe na boca de personagens que vive­ram séculos antes de Cristo, palavras que a Bíblia atribui a nosso Senhor; ou põe na boca do Senhor palavras que só poderiam sair da boca de um bastardo e inculto.
• É estranho que Joseph Smith não mostrasse as placas de ouro a ninguém mais, além das três testemunhas abaixo, para que o seu testemunho fosse confirmado.
• Oliver Cowdery, David Whitner e Martins Harris são citados em O Testemunho do Profeta Joseph Smith como tendo visto as placas de ouro de onde Smith teria traduzido O Livro de Mórmon. O próprio Smith os chama depois de "ladrões e mentirosos, dema­siadamente maus para serem mencionados" (Smith, History of the Church, vol. IV, p. 461).
• Para tão volumoso conteúdo de O Livro de Mórmon, as pla­cas de ouro que Joseph Smith descreveu requeriam um trabalho microscópico ou algo miraculoso.
• Os muitos erros gramaticais e de conteúdo de O Livro de Mórmon o fazem obra de homem e não Palavra de Deus.

III. O "PROFETA" JOSEPH SMITH

Como o caráter de qualquer movimento ou religião é, de certa forma, um segmento do caráter do seu fundador, torna-se evidente que quanto mais conhecermos a respeito de Joseph Smith, melhor conheceremos o mormonismo, também chamado "A Igreja de Je­sus Cristo dos Santos dos Últimos Dias".
Foi Joseph Smith um profeta de Deus? Ou foi ele um falso profeta? A resposta a esta pergunta se acha na Bíblia Sagrada.

3.1. Como Julgar um Profeta

Deus mesmo nos dá o critério para julgar um profeta, procu­rando saber quando ele fala da parte do Senhor ou fala de si mes­mo; quando ele é um verdadeiro ou um falso profeta. Diz Deus:
"O profeta que presumir falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será morto. Se disseres no teu coração: 'Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou?' Sabe que quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir nem suceder como profetizou, esta é a palavra que o Se­nhor não disse; com soberba a falou o tal profeta: não tenhas te­mor dele... Quando um profeta ou sonhador se levantar no meio de ti, e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou pro­dígio, de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador" (Dt 18.20-22; 13.1-3).
A prova do falso profeta tanto era razoável como natural, e consistia no seguinte: 1) Se a palavra proferida não se cumprir; ou 2) Se a palavra se cumprir, mas o profeta, prevalecendo-se disto, conduzir as pessoas a se afastarem do verdadeiro Deus e a segui­rem outros deuses.

3.2. Profecias de Joseph Smith

Vamos mostrar algumas das "profecias" de Joseph Smith que não suportaram o rigor e o crivo da exatidão divina:

3.2.1. A Nova Jerusalém e seu templo

Smith profetizou que a Nova Jerusalém e o seu templo devem ser erigidos no Estado de Missouri, nos Estados Unidos, nesta geração (Doutrina e Pactos, seção 84.1-5).
Ratificando esta absurda profecia, Orson Pratt, apóstolo do mormonismo, declarou efusivamente: "Os Santos dos Últimos Dias esperam o cumprimento desta profecia durante a geração em existência, em 1832, assim como esperam que o sol nasça e se ponha amanhã. — Por quê? — Porque Deus não pode mentir. Ele cumprirá todas as suas promessas".

3.2.2. A CASA EM NAUVOO

Smith profetizou que sua casa em Nauvoo haveria de perma­necer e pertencer à sua família para sempre (Doutrina e Pactos, Seção 124.56-60). Porém, após sua morte, os mórmons deixaram a cidade e sua casa não pertence a nenhum dos seus familiares.

3.2.3.  Os INIMIGOS

Aplicou a si próprio o texto de 2Q Nefi 3.14, dizendo que os seus inimigos seriam confundidos e destruídos ao procurarem des­truí-lo. No entanto, ele foi morto à bala na prisão de Cartthage, em Illinóis, no dia 27 de junho de 1844.

3.2.4.  O NASCIMENTO DE JESUS

Falou que Jesus devia nascer em "Jerusalém", que é a terra de nossos antepassados (Alma 7.10), quando a Bíblia diz que Jesus nasceria em Belém da Judéia (Mq 5.2), profecia que se cumpriu fielmente (Mt 2.1).

3.2.5. A vinda do Senhor

Em 1835, profetizou: "a vinda do Senhor está próxima... até mesmo cinqüenta e seis anos deviam terminar a cena" 

3.2.6. Os "Habitantes da Lua"

Smith predisse que "os habitantes da lua têm tamanho mais uniforme que os habitantes da Terra, têm cerca de 1,83m de altura. Vestem-se muito à moda dos quacres, e seu estilo é muito geral, com quase um só tipo de moda. Têm vida longa, chegando geral­mente a quase mil anos" (Revista de Oliver B. Huntinton, vol. II, p. 166).
Evidentemente, Smith jamais sonhara que algum dia o ho­mem chegaria à lua, e verificaria que lá não há nenhum tipo de vida.

IV. PRINCIPAIS DOUTRINAS DO MORMONISMO

Como as demais seitas estudadas ao longo deste livro, o mormonismo também possui suas doutrinas exóticas e anti-bíblicas, como é mostrado a seguir.

4.1. Regras de Fé do Mormonismo

O próprio Joseph Smith, fundador do mormonismo, escreveu aquilo que até hoje é aceito como "Regras de Fé d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias", as quais se seguem:
• Cremos em Deus, o Pai Eterno, e no seu Filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo.
• Cremos que os homens serão punidos pelos seus próprios pecados e não pela transgressão de Adão.
• Cremos que, por meio do sacrifício expiatório de Cristo, toda a humanidade pode ser salva pela obediência às leis e regras do Evangelho.
• Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do Evange­lho são: primeiro, fé no Senhor Jesus Cristo; segundo, arrependi­mento; terceiro, batismo por imersão, para remissão dos nossos pe­cados; quarto, imposição das mãos para o dom do Espírito Santo.
• Cremos que um homem deve ser chamado por Deus, por profecia e por imposição de mãos por quem possua autoridade para pregar o Evangelho e administrar ordenanças.
• Cremos na mesma organização existente na igreja primitiva, isto é, apóstolos, profetas, pastores, mestres, evangelistas, etc.
•  Cremos no dom de línguas, na profecia, na revelação, nas visões, na cura, na interpretação de línguas, etc.
• Cremos ser a Bíblia a Palavra de Deus, quando for correta a sua tradução; cremos também ser O Livro de Mórmon a Palavra de Deus.
• Cremos em tudo o que Deus tem revelado, em tudo o que Ele revela agora, e cremos que Ele ainda revelará muitas grandes e importantes coisas pertencentes ao Reino de Deus.
• Cremos na coligação literal de Sião, na restauração das Dez Tribos; que Sião será construída neste continente (o norte-ameri­cano); que Cristo reinará pessoalmente sobre a Terra, a qual será renovada e receberá a sua glória paradisíaca.
• Pretendemos ter o privilégio de adorar a Deus, o Todo-Poderoso, de acordo com os ditames da nossa consciência, e concede­mos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar, como ou o que quiserem.
• Cremos na submissão aos reis, presidentes, governadores e magistrados, como também na obediência, honra e manutenção da lei.
• Cremos ser honestos, verdadeiros, castos, benevolentes, virtuosos e em fazer o bem a todos os homens. Na realidade, podemos dizer que seguimos a admoestação de Paulo. Cremos em todas as coisas e confiamos na capacidade de tudo suportar. Se houver qualquer coisa virtuosa, amável e louvável, nós a procuraremos.

4.2. Destruindo Sofismas

Tem assustado a muitos cristãos sinceros o fato de haver gran­de semelhança entre determinados pontos deste credo mórmon e a crença bíblica por eles esposada. Vem ao caso indagar: "Isto signi­fica que os mórmons comungam dos mesmos princípios espiritu­ais que o Cristianismo autêntico aceita como doutrina bíblica?" A resposta é: NÃO! Como a sinceridade de uma crença não estabe­lece a sua veracidade, é muito fácil mostrar que, na teoria, o mormonismo diz crer no que o verdadeiro cristão crê; enquanto, na prática, as suas doutrinas se mostram pura heresia. Se não, vejamos:
a. O Deus e o Cristo do mormonismo não são os mesmos re­velados na Bíblia.
b. Na doutrina mórmon a pena do pecado é muito diferente da mostrada nas Escrituras.
c. A obra expiatória de Cristo tem significado bem diferente para o mormonismo.
d. Ainda que admita crer nos "princípios e ordenanças do Evan­gelho", o mormonismo os faz monopólio próprio.
e. A vocação ministerial só é legítima quando evidenciada por parte dos mórmons — dizem.
f. A Igreja Cristã fracassou, pelo que o mormonismo com toda a sua hierarquia, é hoje o único representante da verdadeira Igreja — afirmam.
g.  As operações do Espírito, conforme crê o mormonismo, nada têm a ver com aquelas manifestações tratadas no Novo Tes­tamento.
h. A Bíblia é um livro imperfeito, precisando ser suplementada pelo O Livro de Mórmon, Doutrina e Pactos, e A Pérola de Grande Preço — alegam.
i. A crença mórmon na revelação progressiva de Deus objeti­va estabelecer a canonicidade de O Livro de Mórmon, bem como das chamadas "revelações" de Joseph Smith.
j. O mormonismo crê que, na manifestação de Cristo, a Amé­rica do Norte, e não Israel, será a sede do seu governo milenar.
l. Enquanto admite crer nas autoridades constituídas, o mormonismo praticamente nega obediência ao único e verdadeiro Deus.

4.3. Outras Heresias da Doutrina Mórmon

Dado o grande volume de doutrinas defendidas pelo mormonismo, dentre outras, atente para as seguintes:

4.3.1. Acerca da Bíblia

"A Bíblia é a Palavra de Deus, escrita pelos homens. E básica no ensino mórmon. Mas os santos dos últimos dias reconhecem que se introduziram erros nesta obra sagrada, devido à forma como este livro chegou a nós. Além do mais, consideram-na incompleta como um guia...
"Suplementando-a, os santos dos últimos dias possuem três outros livros. Estes, como a Bíblia, constituem as obras-padrão da Igreja. São conhecidos como O Livro de Mórmon, Doutrina e Pac­tos, e A Pérola de Grande Preço" 

4.3.2. Acerca de Deus

"Agora ouvi, ó habitantes da terra, judeus e gentios, santos e pecadores! Quando nosso pai chegou ao jardim do Éden, entrou nele com um corpo celestial, e trouxe consigo Eva, uma de suas esposas. Ele ajudou a organizar o mundo. Ele é Miguel, o Arcanjo, o Ancião de Dias! acerca de quem santos homens têm escrito e falado — ele é o nosso pai e nosso Deus, e o único Deus com quem devemos lidar" (Brigham Young, Revista de Discursos, vol. Lpp. 50,51).

4.3.3. Acerca de Jesus Cristo

"Ele não foi gerado pelo Espírito Santo..." (Revista de Discur­sos, 1-50).
"Jesus Cristo foi polígamo: Maria e Marta, as irmãs de Lázaro, eram suas esposas pluralistas, e Maria Madalena era outra. Tam­bém a festa nupcial de Cana da Galiléia, onde Jesus transformou água em vinho, realizou-se por ocasião de um dos seus casamen­tos"

4.3.4. Acerca da Igreja

"É evidente que a Igreja foi literalmente expulsa da Terra; nos primeiros dez séculos que seguiram logo após o ministério de Cris­to, a autoridade do sacerdote foi perdida entre os homens, e ne­nhum poder humano poderia restaurá-la. Mas o Senhor, em sua misericórdia, providenciou o restabelecimento de sua Igreja nos últimos dias, e pela última vez... Foi já demonstrado que essa res­tauração foi efetuada pelo Senhor através do Profeta Joseph Smith" 

4.3.5. Acerca do batismo pelos mortos

"Temos aqui [Hebreus 6.1,2] a explicação de como as portas de sua prisão poderão ser abertas e eles postos em liberdade; pela crença do Evangelho, através do batismo pelos mortos. Os que ainda estão na carne fazem trabalho vicário para os seus mortos, e, assim tornam-se salvadores do monte Sião" 

4.3.6. Acerca do matrimônio

"O matrimônio, na teologia mórmon, é um contrato sagrado, ordenado divinamente. Sob a autoridade do sacerdote, um homem e uma mulher são casados não somente para essa vida como mari­dos e esposas legais, mas também para a eternidade" 

4.3.7. Acerca do castigo eterno

"Não devemos dar uma interpretação particular a este termo; procuraremos entender corretamente o seu significado.
"Castigo eterno é o castigo de Deus; sem fim é a punição de Deus; ou, em outras palavras, é o nome da punição que Deus infli­ge, sendo ele eterno em sua natureza.
"Por isso, todos aqueles que recebem castigo de Deus, rece­bem um castigo eterno, dure este uma hora, um dia, uma semana, um ano ou uma era" 

4.4. Refutação a Essas Doutrinas Falsas

O árbitro maior da fé cristã não é a teologia seca e morta, nem as alegadas "visões" de homens, sejam eles quem forem, mas a Bíblia Sagrada. E é à luz dos seus ensinos que as crenças do mormonismo são refutadas, como é mostrado a seguir.

4.4.1. A BÍBLIA

A Bíblia Sagrada fala de si mesma, como:
• O livro dos séculos (SI 119.89; 1 Pe 1.25).
• Divinamente inspirada (Jr 36.2; 2Tm 3.16; 2 Pe 1.21).
• Poderosa em sua influência (Jr 5.14; Rm 1.16; Ef 6.17; Hb4.12).
• Absolutamente digna de confiança (1 Rs 8.56; Mt 5.18; Lc 21.33).
• Pura (SI 19.8).
• Santa, justa e boa (Rm 7.12).
• Perfeita (SI 19.7; Rm 12.2).
• Verdadeira (SI 119.142).
Os escritos mais antigos dos Pais da Igreja, apoiados pelas mais recentes descobertas arqueológicas, provam que a Bíblia é um livro inalterável em conteúdo literário e doutrinário.

4.4.2. Deus

• Deus e Adão são pessoas distintas. Deus é o Criador (Gn 1.26), enquanto Adão é criatura de Deus (Gn 1.27).
• Deus não é homem (Nm 23.19).
• Deus é Espírito (Jo 4.24).
• Deus é imutável (Ml 3.6).
• Deus é eterno (SI 102.26,27).

4.4.3. Jesus Cristo

• Jesus Cristo foi gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc 1.35).
• Dizer que Jesus era casado, e que as Bodas de Cana da Galiléia foi a festa do seu próprio casamento, demonstra ignorância quanto à exegese de João 2.2. Muito mais que isto, constitui-se num abo­minável ultraje à Pessoa do Salvador Jesus Cristo.

4.4.4. A Igreja

• A Igreja foi estabelecida por Jesus (Mt 16.18).
• A Igreja está fundamentada em Jesus (Mt 16.16,18).
• A Igreja é vitoriosa sobre o inferno pelo poder de Jesus (Mt 16.18).
• A Igreja será salva da Grande Tribulação pelo poder de Jesus (Ap3.10).
• A Igreja será glorificada por Jesus (Ef 5.25-27).
É evidente que, durante séculos, a Igreja tem sofrido a perse­guição dos poderosos e a rejeição dos arrogantes, contudo, tem brilhado e triunfado.

4.4.5.  O BATISMO PELOS MORTOS

• Não há nenhuma referência na Bíblia, nem na história eclesi­ástica, quanto ao batismo pelos mortos, como uma prática da Igreja.
• A ênfase de Paulo em 1 Coríntios 15.29,30 é sobre a ressur­reição dos mortos, e não sobre o batismo pelos mortos. A referên­cia de Paulo a esse batismo praticado pelo paganismo é feita como represália àqueles que, a despeito de ensinarem a validade desse batismo, negavam a possibilidade da ressurreição.

4.4.6.  O MATRIMÔNIO

• Não obstante constituído por Deus, o matrimônio não chega a ser um sacramento divino.
• Os ressuscitados serão como os anjos, não se casam nem se dão em casamento (Mt 22.30).

4.4.7.  O CASTIGO ETERNO


• Se a interpretação mórmon quanto ao castigo dos ímpios é correta, então o gozo dos salvos não será eterno no verdadeiro sentido da palavra. Assim sendo, como explicar passagens como João 6.51; 1 João 2.17 e Mateus 25.46 ?



6
A Congregação Cristã no Brasil




A Congregação Cristã no Brasil, fundada em 1910 pelo italia­no Louis Francescon, durante anos esteve entre as igrejas que mais crescem no Brasil. Apesar dos seus equívocos doutriná­rios, não chega a ser considerada uma seita herética, ainda que grande número das doutrinas que esposa sejam verdadeiras here­sias, uma vez que são mantidas em prejuízo da integridade do Evan­gelho. Só este aspecto dessa igreja justifica o seu estudo no con­texto deste livro.

I. GUERRA DECLARADA

Durante vários anos a Congregação Cristã no Brasil tem sido conhecida não só pela sua doutrina, mas também pela tenacidade com que se opõe às demais igrejas evangélicas do Brasil.

1.1. Aversão ã Assembléia de Deus

Quanto à Assembléia de Deus, particularmente, os membros da Congregação Cristã no Brasil evitam qualquer tipo de relacio­namento, alegando para isto os seguintes motivos:
a. A Assembléia de Deus possui pastores assalariados;
b. as mulheres não usam véu;
c. não se observa a prática do ósculo santo;
d. fecham-se as portas enquanto oram;
e. os membros possuem uma saudação diferente;
f. O batismo no Espírito Santo é ensinado de modo diferente.

1.2. Aspectos Doutrinários da Congregação

Independentemente das normas que regem o relacionamento da Congregação Cristã no Brasil com as demais igrejas, ela ensina entre outras coisas, o seguinte:
• A igreja não precisa de nenhum outro pastor além de Jesus Cristo.
• As mulheres cristãs devem usar o véu durante o culto.
• Os crentes devem saudar-se com o ósculo santo.
• O Evangelho não deve ser pregado fora dos locais habituais de culto.
• Os pregadores não devem estudar nem se preparar para a pregação, pois o Espírito Santo colocará em sua boca as palavras certas no momento certo.
• O dízimo restringe-se aos dias do Antigo Testamento.
É notável o zelo dos membros da Congregação Cristã no Bra­sil, porém, por lhes faltar orientação doutrinária sadia e sólida, têm-se feito vulneráveis ao fanatismo e ao extremismo, regra ge­ral combatidos pelas Escrituras Sagradas.
Leonard, estudioso francês que escreveu uma história eclesi­ástica de algumas das igrejas evangélicas do Brasil, preocupa-se com a tendência da Congregação para encaminhar-se para o espi­ritismo. Ele sente que os membros da Congregação tendem a aban­donar as bases bíblicas e a depender da inspiração individual e das práticas fanáticas de seus líderes locais, especialmente das que se relacionam com os chamados "dons espirituais".
Podemos notar que, não obstante a Congregação, algumas ve­zes, usar passagens bíblicas para fundamentar suas crenças e ensi­nos, em geral falham os pregadores no que tange à fiel interpretação dos textos que escolhem. Evidentemente isso se dá mais por igno­rância do que por malícia ou compromisso consciente com o erro.

II. O PASTOR

O ensino de que a Igreja não deve ter nenhum pastor além de Jesus Cristo está em desarmonia com o ensino do apóstolo, na sua carta aos Efésios:
"E a graça foi concedida a cada um de nós segundo o propósito do dom de Cristo. Por isso diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens... E ele mesmo con­cedeu uns para apóstolo, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vista ao aperfei­çoamento dos santos para o desempenho do seu serviço para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro" (Ef 4.7,8,11-14; ênfase minha).
O ensino implícito no texto de Paulo é que:
a. O pastor é um dom de Deus à sua Igreja (v. 8, cf. Jr 3.15).
b.  A função do pastor tem propósitos específicos dentro da Igreja de Cristo, como seja:
• aperfeiçoamento dos santos;
• desempenho do serviço divino;
• edificação do Corpo de Cristo.
Quanto ao pastor e sua função junto ao Corpo de Cristo, que é a Igreja, declaram ainda os apóstolos Paulo e Pedro:
"Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (At 20.28).
"Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por cons­trangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdi­da ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho" (lPe 5.2,3).

O Sustento do Pastor

Quanto ao sustento remunerado do pastor e daqueles que dão tempo integral à obra de Deus, é isto uma recomendação bíblica. Vejam-se os exemplos:
a.  Paulo recebeu salário de determinadas igrejas para servir aos crentes em Corinto (2 Co 11.8).
b. O pastor que emprega tempo integral na assistência à igreja é digno do seu salário (1 Tm 5.18).
c. Paulo ensinou à igreja de Corinto a sustentar os pregadores do Evangelho (1 Co 9.4-14).
d. Timóteo foi advertido por Paulo a não cuidar dos negócios seculares para se sustentar (2 Tm 2.4).
e.  Pedro disse que a única ocupação dele e de seus companheiros de ministério era a oração e a pregação (At 6.4).
f. Os apóstolos de Jesus viviam das ofertas que recebiam. Em João 12.6 lemos que existia uma bolsa onde eram depositadas as contribuições para o sustento dos discípulos, e Judas fazia as com­pras com o dinheiro aí depositado (Jo 13.29).

III. O PROBLEMA DO VÉU

Em 1 Coríntios 11, Paulo escreve uma longa apologia com respeito ao véu e seu uso na comunidade cristã de Corinto.
Nos dias da Igreja Primitiva, a mulher que não usasse véu nos cultos públicos agia como se tivesse rapado a cabeça. Ora, a cabe­ça rapada era algo repugnante para os judeus, já que só as adúlte­ras tinham a sua cabeça rapada, como castigo do seu crime (Nm 5.18). O mesmo acontecia com as escravas, e, às vezes, com as mulheres em luto, mas isso não era usual para as mulheres que estavam no seu estado normal.
A passagem de 1 Coríntios 11, segundo o comentador Russel Norman Champlin, "ilustra o perene problema que há entre os costumes sociais e a moralidade cristã". Segundo Champlin, Pau­lo escreve aqui do ponto de vista de um rabino, como representan­te da antiga cultura judaica. Porventura tais costumes continuari­am sendo obrigatórios para nós hoje em dia, quando as coisas são tão radicalmente diferentes, em aspectos como o vestuário, e, so­bretudo, no que tange à nossa idéia acerca da posição da mulher nos dias atuais? Acreditamos que, visto que os costumes sociais mudaram, as exigências deste tempo também mudaram (O Novo Testamento Comentado, vol. IV).
Uma vez que nenhum estigma ou impropério é lançado hoje sobre uma mulher que não usa véu, cremos que o apóstolo Paulo, se vivesse hoje, nem ao menos teria abordado o assunto. Não obstante, podemos perceber que esse apelo em prol do uso de ca­belos crescidos pelas mulheres poderia permanecer firme.
Se a Congregação Cristã no Brasil diz obedecer a essa orien­tação de Paulo quanto ao uso do véu, suas mulheres deveriam usá-lo, não apenas no culto, mas também, de acordo com o contexto histórico, em público, porquanto nenhuma mulher crente da épo­ca apostólica pensaria ser apanhada na rua sem véu.
Esta atitude da Congregação é condenável, não pelo fato de suas mulheres usarem o véu durante o culto, mas pela maneira irracional com que condenam o seu desuso nas demais igrejas.

IV. O PROBLEMA DO ÓSCULO

O ósculo era uma maneira comum de saudação entre os orientais, muito antes mesmo do estabelecimento do Cristia­nismo. Servia aos judeus nas suas saudações, tanto nas despe­didas como também na forma de demonstração geral de afeto. O ósculo era entre os orientais uma expressão de saudações e respeito tão comum quanto o aperto de mãos ou o abraço, na nossa cultura.
Na igreja primitiva, o ósculo era simplesmente uma parte da saudação, quando os crentes se reuniam em seus cultos públicos. Porém, não demorou muito até que fosse transferido para a pró­pria liturgia, primeiramente como um sinal de despedida, após a oração final, que encerrava cada reunião, mas, finalmente, como parte do rito da Santa Ceia do Senhor. Houve regiões em que esta prática perdurou até o final do século III.
O ósculo santo entre os crentes primitivos não se limitava a ser praticado mulher com mulher e homem como homem, como hoje fazem os irmãos membros da Congregação Cristã no Brasil. Os costumes orientais indicam que o ósculo santo era aplicado na testa ou na palma da mão, mas nunca nos lábios.
Em algumas culturas ocidentais, como por exemplo o Brasil, seria imputado como algo vergonhoso um homem beijar outro homem dentro da comunidade evangélica ou da sociedade em ge­ral. Por essa razão é que temos achado melhor evitar essa forma de demonstração de afeto, substituindo-a por um simples aperto de mão.
Diante do exposto, conclui-se que:
• Se os irmãos membros da Congregação Cristã no Brasil saúdam com o ósculo apenas homem com homem ou mulher com mulher, é sinal de que há malícia em fazer de outra forma, e, se há malícia, torna-se pecado a prática do ósculo.
• Se os irmãos membros da Congregação Cristã no Brasil se saúdam com o ósculo apenas no decorrer do culto, também está errado, já que na Bíblia os cristãos primitivos saudavam-se assim publicamente (At 20.37).
• A saudação com ósculo não é má em si mesma; o problema está no fato de assumir feições meramente ritualísticas, divorcia­das da verdadeira piedade cristã.

V. A PREGAÇÃO NAS RUAS

O fato de a Congregação Cristã no Brasil não pregar o Evan­gelho pelas ruas e praças não encontra apoio nas Escrituras. A sua omissão se deve à falsa interpretação que fazem de Mateus 6.5: "E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens". Desse modo, com medo de serem conside­rados hipócritas, desobedecem ao imperativo de Jesus:
"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura" (Mc 16.15). Como será possível evangelizar o mundo inteiro quan­do se alcançam apenas aqueles que freqüentam os nossos tem­plos?
Na parábola da grande ceia, Jesus ensinou o modo como a Igreja deve proceder quanto à evangelização:
"Saí depressa pelas ruas e bairros da cidade, e trazei aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos... Saí pelos caminhos e vaiados, e forçai-os a entrar, para que a minha casa se encha" (Lc 14.21,23).
Segundo a Bíblia,
• Jesus pregou nas ruas (Lc 13.26), nas praças públicas (Mc 1.15,20) e nos montes (Mt 8.1).
•  Paulo pregou à beira de um rio e num logradouro público (At 16.13; 17.17).
Famosos cristãos do Novo Testamento foram salvos, não num culto dentro de um templo, mas onde estavam, nos seus afazeres.
• Pedro, André, Tiago e João, foram salvos durante um culto realizado por Jesus, à beira do mar da Galiléia (Mt 4.18-22).
• Mateus estava na coletoria quando ouviu Jesus dizer: "Se­gue-me!", e o seguiu (Mt 9.9).
• Lídia foi salva à beira de um rio, enquanto ouvia Paulo (At 16.13-15).
• Dionísio e muitos outros gregos foram salvos enquanto ou­viam Paulo pregando no Areópago, lugar comum de discussão em Atenas (At 17.34).
Jesus jamais disse ao pecador: "Vinde ao templo para serdes salvo", pelo contrário, Ele diz à Igreja: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura" (Mc 16.15).

VI. O PREGADOR PERANTE A CULTURA

O ensino da Congregação Cristã no Brasil de que o pregador não deve buscar "a sabedoria do mundo", pois o Espírito Santo colocará na sua boca as palavras certas no momento certo, deve-se a uma inter­pretação equivocada das seguintes palavras de Jesus: "... não cuideis em como, ou o que haveis de falar, porque naquela hora vos será concedido o que haveis de falar; visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós" (Mt 10.19,20).
Quando analisada esta passagem dentro do seu contexto, veri­ficamos que nenhuma alusão há ao fato de que o crente deve rela­xar o estudo e o conhecimento geral sob a garantia de que o Espí­rito Santo falará por ele quando estiver pregando. Esta passagem se refere à maneira como o crente deve se comportar no momento da provação, no caso de vir a ser conduzido aos tribunais e à pre­sença de governadores e reis por causa do nome de Cristo.
E evidente que o elemento sobrenatural da mensagem deve ser realçado; isso, porém, não elimina a utilidade do conhecimen­to resultante do estudo e da pesquisa.
Não poucos versículos da Bíblia insistem na necessidade de o crente buscar maior conhecimento através da leitura, do estudo e de outras formas de aprendizagem.
Os mais destacados vultos das Escrituras falaram a essa respeito:
a. Salomão: "Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio; ensina ao justo, e ele crescerá em entendimento" (Pv 9.9).
b. Jesus: "... todo escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas no­vas e velhas" (Mt 13.52).
c. Paulo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Tm 2.15).
Cativo num frio cárcere romano, escrevendo ao seu amigo Timóteo, diz o apóstolo Paulo: "Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos" (2 Tm 4.13; ênfase minha).
Paulo dava prioridade aos "pergaminhos", a Bíblia dos seus dias, mas por nada abandonava os outros "livros" de consulta dis­poníveis nos seus dias.

VII. A QUESTÃO DO DÍZIMO

Só podemos compreender o grande significado do dízimo no contexto da adoração cristã quando o analisamos à luz da soberania de Deus. Quando damos o dízimo estamos com isto dizendo que Deus é dono inalienável de tudo, e que o homem é seu mordomo. O salmista disse: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam"(Sl 24.1).
O ensino da Congregação Cristã no Brasil de que o dízimo foi uma prática restrita ao tempo da lei — e, portanto, não se aplica ao crente na atual dispensação — é improcedente e sem base nas Es­crituras. Opomo-nos a este ensino por duas razões, pelo menos:
1) A prática de dizimar é bem mais antiga que a própria Lei. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, mais ou menos quinhen­tos anos antes da outorga da Lei no Sinai (Gn 14.18-20). Não muito tempo depois, Jacó, neto de Abraão, ao fugir da presença de seu irmão, fez um voto ao Senhor, pedindo prosperidade em sua viagem, dizendo que ao voltar daria ao Senhor o dízimo de tudo quanto tivesse recebido (Gn 28.20-22).
2) Na atual dispensação, Deus requer o dízimo e muito mais que isto, por vários motivos: a) como participantes de uma alian­ça superior, temos sido contemplados com maiores bênçãos; b) porque maiores privilégios sempre acarretam maiores responsabi­lidades. Isto não significa que o crente da atual dispensação seja forçado a dizimar, pelo contrário, ele é levado a fazê-lo constran­gido pela lei do amor e da gratidão, por estar recebendo maiores bênçãos de Deus (SI 103.1,2).

7.1.0 Dízimo Hoje

Os escritores do Antigo Testamento viram os direitos de Deus sobre a vida do homem à luz da criação, enquanto os do Novo Testamento viram-nos à luz do Calvário. Com isso, corrobora o ensino do apóstolo Paulo: "Porque, se vivemos, para o Senhor vi­vemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, viva­mos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressuscitou, para ser Senhor, tanto de mortos como de vivos" (Rm 14.8,9).
Alguém disse que cada cheque de pagamento é um novo Éden. Reconhecemos nós a soberania de Deus e os seus direitos como parte do seu propósito? Ou consideramos nossas todas as árvores do jardim?

7.2. A Soberania de Deus

O milagre da criação de Deus e o seu direito permanente de soberania são ilustrados pelo resultado da seguinte pesquisa.
Certa faculdade de estudos agrícolas fez uma pesquisa das coisas indispensáveis empregadas na produção de 100 alqueires de milho em meio hectare de terra. Verificou-se que o homem con­tribui apenas com o trabalho de preparar a terra, plantar e colher, ao passo que Deus concorre com muitas coisas, como, por exem­plo: cerca de 1.800.000 litros de água; uns 3.200 litros de oxigê­nio; 2.400 litros de carbono ou 8.200 de monóxido de carbono; 73 quilos de nitrogênio; 57 de potássio; 18 de fósforo; 34 de enxofre; 23 de magnésio; 23 de cálcio; 908 gramas de ferro, além de peque­nas quantidades de iodo, zinco e cobre. Cem alqueires de milho! Quem os produziu? De quem são?
Tudo pertence a Deus, no entanto Ele nos entregou tudo, re­querendo o retorno de apenas um décimo, e ainda sob a promessa de que sobre aquele que o fizer, derramará bênçãos sem medida (Ml 3.10).
O reverendo Stanley Jones escreveu: "O Dízimo é um Sinal-Uma Prova de que Você não é Dono, mas Devedor". Assim como você paga impostos em reconhecimento do senhorio de mais al­guém, também com o dízimo você reconhece a soberania de Deus sobre os nove décimos restantes.
Assim, todo crente deve dizimar, por que:
a. Deus recomenda que o façamos (Ml 3.10).
b. Não dizimar é furtar ao Senhor (Ml 3.8).
c.  Do dízimo depende o sustento material da casa do Senhor (Ml 3.10).
d. Da fidelidade em dizimar advém grande abastança (Ml 3.10).



7
O Racionalismo Cristão



O Racionalismo Cristão é um movimento religioso de feições nitidamente sincretistas. Quanto à sua concepção, diz-se filosófico-cristão. Quanto às suas crenças, é uma mistura de espiri­tismo, humanismo e panteísmo. E, acima de tudo, hostil ao Cristi­anismo e à Bíblia.

I. O QUE É O RACIONALISMO CRISTÃO

Segundo o panfleto O Que E o Racionalismo Cristão, distri­buído pela sede da entidade na cidade do Rio de Janeiro, "o Racionalismo Cristão trata do espiritualismo racional e científico e explica os porquês da vida, dentro da razão, da ciência, da filo­sofia e do bom senso. É a própria doutrina explanada por Cristo (daí o motivo de chamar-se Racionalismo Cristão)."

1.1. Origem do Racionalismo Cristão

Crendo que essa concepção do homem, da vida e do Univer­so, é tão antiga quanto a própria existência da humanidade, os historiadores do Racionalismo Cristão dizem que este foi "re-implantado" na Terra em 1910, pelo brasileiro Luiz de Mattos, na cidade de Santos, Estado de São Paulo.
Com sede na cidade do Rio de Janeiro, o movimento possui templos e adeptos em outros grandes centros, como São Paulo e Campinas. Suas sessões públicas acontecem nas segundas, quar­tas e sextas-feiras, geralmente das 20 às 21 horas. Além das ses­sões normais noturnas, os templos racionalistas estão abertos de segunda a sexta-feira, inclusive feriados, para prestar orientação e esclarecimento doutrinário a quem interessar.

1.2. A Que se Propõe o Racionalismo Cristão

A doutrina dita racionalista cristã alega ter como proposta e finalidade a espiritualização e a humanização dos povos, esclare­cendo o ser humano sobre a vida fora da matéria e sobre sua com­posição astral e física, ou seja, como força e matéria (espírito e corpo).
A oposição do Racionalismo Cristão ao Cristianismo, e a qual­quer outro sistema religioso organizado, é demonstrada no seguinte trecho extraído do folheto O Que E o Racionalismo Cristão:
"Vale salientar aqui alguns pontos fundamentais que distin­guem e diferenciam o Racionalismo Cristão das seitas e religi­ões, bem como das demais correntes espiritualistas e do próprio espiritismo. O principal deles, isto é, a sua concepção (nova para a maioria da humanidade) da composição do Universo e do homem, logo chama a atenção do observador e estudioso da doutrina. As­sim, Força e Matéria são os dois únicos princípios fundamentais de que se compõe o Universo. A Força é o agente ativo, inteligen­te, transformador; a Matéria é o elemento passivo, inerte, plasmável, o qual é utilizado pela Força como condição ou meio para a sua evolução. Tudo no Universo está indissoluvelmente ligado à ação da Força sobre a Matéria, sendo esta ação permanente a própria definição da vida. A compreensão de Força e Matéria situa-se, pois, dentro da lógica dos fenômenos psíquicos divulgados pelo Racionalismo Cristão. E nestes dois princípios se resume e se explica toda a ciência, que é o conhecimento da Verdade."
O Racionalismo Cristão é a complicação e confusão do ho­mem contrapondo-se à simplicidade da mensagem de Cristo e da Bíblia!

1.3. A Doutrina Racionalista

A doutrina racionalista, dita cristã, se diz apenas uma filosofia de cunho exclusivamente espiritualista, sem nenhuma conotação de caráter religioso, místico e sobrenatural. Nega a existência de mistérios, a validade dos dogmas e a possibilidade da ocorrência de milagres, pois, segundo crêem os racionalistas, tudo no Univer­so, tudo na vida, tem explicação racional e científica. Tanto os fenômenos que obedecem às leis do plano físico, como os que obedecem às leis do plano psíquico, espiritual, e invisível, são exteriorizações da Força e se enquadram, igualmente, nas leis que regem o Universo. Logo, nada há de sobrenatural, mas simples­mente manifestações da Força, em suas numerosas aplicações. Desse modo, o que foge ao entendimento humano e mesmo à ci­ência, no plano terreno, torna-se compreensível em uma esfera mais elevada, onde a inteligência e a evolução dos seres estão muito à frente da nossa.
A doutrina racionalista ensina ainda que quando a criatura chega à compreensão de que o espírito é força, luz, inteligência e poder, que dispõe de atributos para vencer racionalmente quais­quer situações, que faz parte integrante do Todo, como partícula da Força Universal, "caem por terra as idéias primitivas de um deus protetor, ilusório, corpóreo, irreal e fictício. Desaparecem as concepções de caráter divino, que trazem o espírito sob o jugo do sobrenatural do mistério e do milagre, compreendendo-se que a Verdade não está nessa concepção deísta, divinal, de sentido adoratório"

1.4. Propagação do Racionalismo Cristão


Até onde nos é possível saber, o "Racionalismo Cristão", con­forme concebido no Brasil, não chegou a atravessar as nossas fron­teiras. Apesar disto, os seus adeptos aceitam como satisfatório o crescimento do movimento em nosso país.
A disseminação do Racionalismo Cristão se deve, basicamen­te, ao zeloso proselitismo levado a efeito por seus membros e à literatura que a entidade produz, destacando-se aqui dois livros, intitulados: Racionalismo Cristão e A Vida Fora da Matéria.
Apesar de alegarem clareza de linguagem, ausência de sofis-mas e subterfúgios, os escritos racionalistas são confusos e obscu­ros. São lidos, parece, pelo simples fato de o ser humano gostar de se ver envolvido com assuntos complicados.

1.5. As Sessões de Limpeza Psíquica

As chamadas "sessões de limpeza psíquica", mui comuns nos cultos racionalistas, são espécies de sessões de exorcismo. "Atra­vés destas, o Astral Superior arrebata para fora da atmosfera da Terra os espíritos perturbadores que assistem e obsedam os seres humanos, produzindo, com sua assistência maléfica e fluidos de­letérios, doenças e outros males de ordem física, moral, espiritual e social.
"Tal ação benéfica de saneamento e higienização astral pro­cessa-se principalmente através do fenômeno psíquico do desdo­bramento. O trabalho das Forças Superiores feito deste modo, atra­vés do Racionalismo Cristão, com segurança e eficácia, é uma das revelações mais notáveis de que tem ciência o ser humano, no campo do psiquismo, e seus resultados são inegavelmente benéfi­cos para a humanidade".

II. ASPECTOS DA DOUTRINA RACIONALISTA

Já dissemos que o Racionalismo Cristão, apesar do comple­mento "Cristão", constitui-se num movimento religioso nitidamente anticristão e avesso à Bíblia. As diferenças básicas entre o chama­do Racionalismo Cristão e o Cristianismo são detectadas na cren­ça racionalista acerca dos seguintes temas:

2.1. A Bíblia Sagrada

O desprezo e desrespeito do Racionalismo Cristão pela Bíblia são revelados na seguinte manifestação racionalista:
"Na Bíblia, todos sabem, foram alterados diversos textos origi­nais, com o fim de favorecer a um vantajoso sistema capaz de propi­ciar fundos suficientes para sustento das legiões que mantém.
"Somente a palavra 'perdão', habilmente introduzida naquele livro, tem proporcionado imensa, incalculada renda.
"Durante muitos séculos, as religiões propugnaram pela igno­rância dos seres. Essa ignorância convinha aos interesses dos orientadores religiosos. Isto porque ricos e ignorantes sempre vi­veram às mil maravilhas com as seitas religiosas que introduziram na Bíblia este versículo repleto de malícia: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus'" (Racionalismo Cristão, p. 55).
Segundo a opinião do Racionalismo Cristão, conclui-se que a Bíblia Sagrada:
a. teve o seu texto interpolado e alterado para satisfazer inte­resses humanos;
b. é objeto de lucros financeiros por parte dos líderes religio­sos que a usam como fonte doutrinária;
c. é usada como forma de manter os seus leitores na ignorân­cia espiritual.

2.2. Deus

A mesquinhez do conceito racionalista quanto ao Ser de Deus é evidente no seguinte raciocínio:
"Grupos afins se reúnem para adorar, de um certo modo, um certo deus. Cada povo, cada raça, criou a imagem desse deus à sua própria semelhança.
"Um chinês, por exemplo, jamais admitiria um deus com fei­ções ocidentais, assim como um ocidental acharia absurda, e até ridícula, a idéia da divindade de rosto asiático.
"Os deuses possuem, invariavelmente, os caracteres físicos e mentais dos seres que os conceberam...
"Na Bíblia, no Velho Testamento — livro sagrado e intocável para tantos adoradores — existem várias referências ao deus de temperamento iracundo e vingativo da época.
"Esse vergonhoso sentimento, especialmente em um deus, nada mais é do que o reflexo do sentimento do próprio povo que o ima­ginou Segundo um documento racionalista," a expressão 'deus' acha-se profundamente desmoralizada pelo sentido mesquinho, materi­alista e animalizado que lhe emprestaram, através dos tempos, os adoradores e as religiões; e esteado nessa verdade básica da com­posição do Universo, o Racionalismo Cristão substituiu a palavra 'deus' por termos mais condizentes e adequados à realidade, tais como a Força Universal, a Inteligência Universal, a Força Criado­ra ou o Grande Foco, do qual fazemos parte integrante como par­tículas em evolução, possuindo, em estado latente, todos os atri­butos, poderes e dons dessa Força, dessa Inteligência Universal.
"O Grande Foco ou Força Universal ocupa todo o espaço infi­nito, não existindo um só ponto no Universo que não acuse a sua presença vital, inteligente e criadora. Assim, o Racionalismo Cris­tão, evidentemente, não admite a idéia de Deus como terceiro ele­mento no Universo, além da Força e Matéria" (O Que É o Racionalismo Cristão).
O Racionalismo Cristão cai no velho engano panteísta de con­fundir Deus com a Criação.

2.3. Jesus Cristo

O Racionalismo Cristão reinterpreta a Pessoa e obra de Jesus Cristo, a princípio, dizendo que Ele não foi um "milagreiro", mas que apenas utilizou-se das leis naturais e imutáveis que regem o Universo.
Diz o Racionalismo que grandes espíritos movidos por ideais reformadores baixaram à Terra, encarnando, com enorme sacrifí­cio, para ver se conseguiam a desbrutalização da mente humana, que se deixara empolgar pelo sentimento do gozo e dos prazeres apenas materiais.
Segundo o Racionalismo Cristão, esses valorosos espíritos, porém, além de não haverem sido compreendidos, acabaram divinizados pela massa ignorante, como aconteceu com Jesus, Buda, Confúcio e Maomé.
Na doutrina racionalista, Jesus Cristo perde a posição singu­lar de Filho eterno de Deus, conforme documentam as Escrituras e crêem os cristãos, sendo reduzido à posição de um espírito valo­roso e evoluído, ao nível de fundadores de religiões pagas como Buda, Confúcio e Maomé.

2.4. O Homem

Contestando a crença universal da criação do homem como obra de Deus, declara o racionalismo: "Não importa que estes, invertendo a realidade dos fatos, afirmem que foi Deus que criou o homem à sua imagem. A verdade é bem outra, e não é preciso ter grande imaginação para descobrir o logro multissecular de que tem sido vítima a humanidade" (Racionalismo Cristão, p. 50).
Negando o relato bíblico da criação do homem, o racionalismo acolhe a absurda teoria espiritista da reencarnação. Deste modo, divide os espíritos desencarnados em trinta e três classes, espalha­das em mundos diferentes, dezessete delas no nosso planeta.
Distribuídos na série de trinta e três classes, de acordo com o grau de desenvolvimento de cada um, os espíritos fazem a sua evolução partindo da seguinte ordem de mundos:
a. mundos materializados — espíritos da 1a à 5a classe
b. mundos opacos — espíritos da 6a à 11a classe
c. mundos brancos — espíritos da 12a à 17a classe
d. mundos diáfanos — espíritos da 18a à 25a classe
e. mundos de luz puríssima — espíritos da 26a à 33a classe.
O mundo dividir-se-ia, ainda, em duas grandes categorias: mundo de estágio e mundo de escolaridade. Para o primeiro, iriam os espíritos que desencarnam e deixam a atmosfera da Terra, cada um ascendendo ao mundo correspondente à sua própria classe, pois neles não estagiam espíritos de classes diferentes.
Crê o Racionalismo que a Terra é um mundo de escolaridade em que as dezessete primeiras classes da série de trinta e três pro­movem a sua evolução, partindo da primeira e chegando à décima sétima em períodos que variam muito, de espírito para espírito, mas que se elevam, sempre, a milhares e milhares de anos.

2.5. O Pecado e o Perdão

O Racionalismo Cristão nega a realidade do pecado e a possi­bilidade do perdão, quando assevera:
"Quando o indivíduo se convencer de que se praticar o mal terá, inapelavelmente, de resgatá-lo, sem possibilidade de perdão; que numa encarnação se prepara para a encarnação seguinte; que esta será mais ou menos penosa consoante o uso que tenha feito do seu livre arbítrio, na prática do bem ou do mal; que as ações boas revertem em seu benefício e as más em seu prejuízo; que não pode contar com o auxílio de ninguém para libertá-lo das conse­qüências das faltas que cometer e que terá de resgatar com ações elevadas — qualquer que seja o número de encarnações para isso necessárias — por certo pensará mais detidamente, antes de prati­car um ato indigno.
"Os que sabem avaliar o peso da responsabilidade que arras­tam com os próprios atos, fazem todo o possível para se firmarem nos ensinamentos reais que transmitem o conhecimento da Verda­de, rompendo com as entorpecentes mentiras religiosas" (Racionalismo Cristão, p. 58).
O que a Bíblia considera pecado, primeiro como um estado herdado, e em segundo lugar como um ato resultante da escolha pessoal, e a necessidade de arrependimento para confissão, o racionalismo considera fatos normais inevitáveis dentro do pro­cesso evolutivo do homem.

2.6. A Salvação

Quanto à questão da salvação, escreve Luiz de Mattos, funda­dor do Racionalismo:
"Martelando a idéia da 'salvação' na mente da criança, vai-se essa fantasia impregnando no seu perispírito, até criar raízes pro­fundas. Mais tarde, quando adulta, repete, maquinalmente, o que se habituara a ouvir, sem querer submeter o caso ao raciocínio por sentir um desagradável choque entre o falso, por tanto tempo ar­mazenado no subconsciente, e o verdadeiro, latente no sentido consciente.
"Além de absurdo, é o dogma da 'salvação' um estímulo ao comodismo. O trabalho, a luta que o ser humano precisa travar, o esforço a que se não pode deixar de entregar para conseguir a evo­lução espiritual e o progresso material, não são entendidos pelos sectaristas que melhor confiam na 'graça', nos 'favores', na prote­ção da suposta divindade, do que em tudo mais.
"Ainda mesmo que se trate de vadios, parasitas e malandros, isso não modifica a sua imunidade celestial se vierem ao mundo como eleitos de 'deus' e a salvo, portanto, das conseqüências dos pecados terrenos. De qualquer maneira, não estão aí os represen­tantes da divindade para conceder aos delinqüentes as absolvições e, com elas, o passaporte para o céu?"

2.7. O Juízo Final

O Racionalismo Cristão ab-roga a possibilidade do juízo final propugnado pelas Escrituras como uma coisa só concebida por uma mentalidade atrofiada.
Quanto a isto, pontifica o racionalismo: "Céus beatíficos e paradisíacos, purgatórios estagiários e infernos e demônios e cal­deiras incandescentes são imaginosas criações que o próprio bom senso repele. O mesmo acontece com relação a um suposto julga­mento divino. E pura invencionice. Não existem deuses para jul­gar os que desencarnam" (Racionalismo Cristão, p. 104).
O Racionalismo Cristão admite possuir uma vocação messiânica e exclusivista. Admite estar engajado na nobre e árdua tarefa de esclarecer, despertar e transformar as consciências do século XXI. Diz esposar uma doutrina revolucionária, no sentido moral e espiritual, de caráter essencialmente racional e científico, condizente com a evolução dos tempos, capaz de pregar e condu­zir, com segurança, uma nova humanidade pelos caminhos do fu­turo, da supercivilização do próximo milênio. Civilização esta esteada no avanço da ciência e da tecnologia, mas esclarecida e humanizada pela filosofia espiritualista, baseada em Força e Matéria.
O Racionalismo Cristão diz que, em obediência ainda às leis evolutivas que a tudo presidem, tendo passado pelas fases de im­plantação e consolidação, está agora iniciando uma nova etapa de expansão e divulgação. E nesta conjuntura, diz constituir-se mais do que nunca, em mensagem e veemente apelo dirigido às criatu­ras espiritualmente independentes e livres. De modo especial aos jovens e à infância, porque deles depende, evidentemente, o futu­ro da humanidade. "Sobretudo, por serem espíritos de evolução adiantada e ávidos de saber, mais susceptíveis, nessa idade, de se desfazerem e se libertarem, à luz da razão, de seculares erros, pre­conceitos, crenças e crendices, fanatismos e sectarismos religio­sos, enfim de todas as místicas, aceitando as verdades transmiti­das e explanadas pelo Racionalismo Cristão"

III. O RACIONALISMO CRISTÃO DESMASCARADO

As teorias do Racionalismo Cristão, com feições inequivocadamente tupiniquins, são demasiadamente frágeis. Eiva­das de erros como são, são incapazes de suportar uma contra-argumentação da Bíblia, da fé e mesmo da razão. Para provar isto, vamos alinhar a nossa refutação às teorias racionalistas, to­mando os mesmos temas na ordem em que foram abordados an­teriormente.

3.1. A Bíblia Sagrada

O Racionalismo diz que a Bíblia está cheia de erros, que ela nada tem a ver com o livro sagrado que diz ser, porém, é incapaz de provar teológica e cientificamente onde está sequer um erro das Escrituras.
Independentemente do arrazoado dos racionalistas, toda a Bí­blia "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para re­preender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Tm 3.16,17).
Vozes autorizadas de grandes mestres das letras levantam-se em defesa da Bíblia como um livro singular. Dentre esses desta­cam-se:
Pedro Calmom, magnífico Reitor da antiga Universidade do Brasil: "Livro dos livros, a Bíblia é o fundamento de uma cultura que se fez com a palavra — no princípio era o verbo — a promes­sa, a divina promessa da justiça, que pacifica os homens; que os incorpora na sociedade; que lhes abre as portas da sobrevivência. Alicerce de uma civilização eminentemente moral, a Bíblia é o eterno documento do espírito, mensagem de comunhão do homem com Deus".
Coelho Neto, polígrafo — homem de fé: "O livro de minha alma, a Bíblia, não o encerro na biblioteca entre os livros de meus estudos. Conservo-a sempre à minha cabeceira, à mão. E dela que tiro a água para a minha sede da verdade; é dela que tiro o bálsamo para as minhas dores nas horas de agonia. E vaso em que cresce a verdade. Nela vejo sempre a verde esperança abrindo-se na flor celestial, que é a fé. Eis o livro que é a valise com que ando em peregrinação pelo mundo".
J.J. Rousseau, filósofo francês: "Eu confesso que a majesta­de das Escrituras Sagradas me abisma, e a santidade do Evangelho enche o meu coração. Os livros dos filósofos com toda a sua pom­pa, quanto são pequenos à vista deste! Pode-se crer que um livro tão sublime e, às vezes, tão simples, seja obra dos homens?!"
Erasmo Braga, teólogo: "Considerando a Bíblia pelo seu as­pecto literário, não se compreende como intelectuais podem per­manecer indiferentes à grande fonte em que se abeberaram os que fizeram a nossa literatura — eminentemente bíblica —, e deram maciez, tom suave, e caminho ao nosso meigo idioma. Como se pode ler Bernard, Frei Luiz, e Vieira, e não possuir o veio de onde lhes saiu o ouro de lei — Deus?"
Tobias Barreto, escritor: "A Bíblia é um modelo de tudo quan­to é bom e belo, e, se outras razões não determinassem sua leitura, bastaria o gosto, o simples instinto literário, para levar-nos a fo­lhear, a admirar as palavras sublimes, as lavras petrificadas que brotaram daquelas bocas abrasadas como crateras do céu".
Victor Hugo, escritor francês: "Há um livro que, desde a primeira letra até a última, é uma emanação superior; um livro que contém toda a sabedoria divina, um livro que a sabedoria dos po­vos chamou de Bíblia. Espalhai evangelhos em cada aldeia: uma Bíblia em cada casa!"
César Cantu, historiógrafo: "A Bíblia é o livro de todos os povos, de todos os séculos, e para todas as idades".
Werner Keller, arqueólogo, autor do laureado livro E a Bí­blia Tinha Razão..., nos dois últimos parágrafos da introdução ao citado livro, escreve: "Nenhum livro de história da humanidade jamais produziu um efeito tão revolucionário, exerceu uma influ­ência tão decisiva no desenvolvimento de todo o mundo ocidental e teve uma difusão tão universal como o 'Livro dos livros", a Bí­blia. Ela está hoje traduzida em mil cento e vinte línguas e dialetos e, após dois mil anos, ainda não dá qualquer sinal de que haja terminado a sua triunfal carreira.
"Durante a coleta e o estudo do material, que de modo algum pretendo seja completo, ocorreu-me a idéia de que era tempo de os leitores da Bíblia e seus opositores, os crentes e os incrédulos, participarem das emocionantes descobertas realizadas pela sóbria ciência de múltiplas disciplinas. Diante da enorme quantidade de resultados de pesquisas autênticas e seguras, convenci-me, apesar da opinião da crítica cética, de que desde o século do Iluminismo até os nossos dias tentava-se diminuir o valor documentário da Bíblia, do que a Bíblia tinha razão!"
Todos estes testemunhos corroboram com a declaração dos Gideões Internacionais na apresentação do seu Novo Testamento de bolso, segundo a qual, a Bíblia contém a mente de Deus, a condição do homem, o caminho da salvação, a condenação dos pecadores e a felicidade dos crentes. Suas doutrinas são santas, seus preceitos são justos, suas histórias verdadeiras e suas deci­sões imutáveis.
Leitor, leia-a para ser sábio, creia nela para estar seguro e pra­tique o que nela está escrito, para ser santo. Ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustê-lo, e consolo para animá-lo.
A Bíblia é o mapa do viajor, o cajado do peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado e o mapa do cristão. Por ela o Paraíso é restaurado, os céus abertos e as portas do inferno des­cobertas.
Cristo é o seu grande tema, e a glória de Deus a sua finalidade. A Bíblia deve encher a mente, governar o coração e guiar os nossos pés.
Leia-a leitor, lenta e freqüentemente, e em oração. É uma mina de riqueza, um paraíso de glória e um rio de prazer. É-lhe dada em vida, será aberta no dia do julgamento e lembrada para sempre. Ela envolve a mais alta responsabilidade, recompensará o mais árduo labor e condenará a todos quantos menosprezam seu sagra­do conteúdo.

3.2. Deus

O Racionalismo Cristão nega a existência de Deus como reve­la a Bíblia, para esposar a crença em um deus impessoal. Chega às raias do absurdo panteísta de ensinar que, no Universo, Deus é tudo e tudo é Deus. Isto é, Deus é não só parte do Universo, Ele se confunde com o próprio Universo.
Apesar de o racionalismo negar a existência de Deus como um Ser pessoal, distinto da Criação, são muitos os argumentos racio­nais, além dos elementos oferecidos pela Bíblia, a favor da existên­cia de Deus. Dentre esses destacam-se os seguintes:

3.2.1. O ARGUMENTO ONTOLOGICO

O argumento ontológico tem sido apresentado de diversas for­mas por diferentes pensadores. Em sua mais refinada forma, foi apresentado por Anselmo, teólogo e filósofo agostinista italiano. Seu argumento é que o homem tem imanente em si a idéia de um ser absolutamente perfeito e, por conseguinte, deve existir um Ser absolutamente perfeito. Este argumento admite que existe na mente do próprio homem o conhecimento básico da existência de Deus, posto lá pelo próprio Criador.

3.2.2.  O ARGUMENTO COSMOLOGICO

Este argumento tem sido apresentado de várias formas. Em geral encerra a idéia de que tudo o que existe no mundo deve ter uma causa primária ou razão de ser. Emanuel Kant, filósofo ale­mão, indicou que se tudo que existe tem uma razão de ser, isto deve ter um ponto de origem em Deus. Assim sendo, deve haver um Agente único que equilibra e harmoniza em si todas as coisas.

3.2.3.  O ARGUMENTO TELEOLÓGICO

Este argumento é praticamente uma extensão do anterior. Ele mostra que o mundo, ao ser considerado sob qualquer aspecto, revela inteligência, ordem e propósito, denotando assim a existên­cia de um ser sumamente sábio. Por exemplo, o homem, para vi­ver, consome o ar, do qual retira todo o oxigênio, resultando disso o dióxido de carbono, inútil ao ser humano. As plantas, por sua vez, consomem o dióxido como elemento essencial, e produzem daí o oxigênio, que será novamente consumido pelo homem.

3.2.4.  O ARGUMENTO MORAL

Este, como os outros argumentos, também tem diversas for­mas de expressão. Kant partiu do raciocínio que deduz a existên­cia de um Supremo Legislador e Juiz, com absoluto direito de go­vernar e corrigir o homem. Esse filósofo era da opinião de que este argumento era superior a todos os demais. No seu intuito de provar a existência de Deus, ele recorria a este argumento. A teo­logia moderna utiliza este mesmo argumento, afirmando que o re­conhecimento por parte do homem de um Bem Supremo e do seu anseio por uma moral superior indicam a existência de um Deus que pode converter esse ideal em realidade.

3.2.5.  O ARGUMENTO HISTÓRICO

A exposição principal deste argumento é a seguinte: entre to­dos os povos e tribos da Terra é comum a evidência de que o homem é potencialmente religioso. Sendo universal este fenômeno, deve ser parte constitutiva da natureza do homem. E se a natureza do homem tende à prática religiosa, isto só encontra explicação em um Ser superior que originou uma natureza tal que sempre indica ao homem um Ser superior. É aqui que milhões, inclusive os racionalistas, por ignorarem o único e verdadeiro Deus, envere­dam pelo caminho das heresias. É o anseio da alma na busca do Criador que ignoram, por ter dEle se afastado.
A Bíblia registra vários nomes referentes a Deus, mas jamais o designa como: Inteligência Universal, Força Criadora ou Gran­de Foco, como presunçosamente faz o Racionalismo Cristão.

3.3. Jesus Cristo

A Bíblia diz que "ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11.27). Ora, uma vez que o Racionalismo Cris­tão ignora a Deus, o Pai, como esperar que conheçam a Deus, o Filho e zelem pelo seu Santo Nome?
Conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho enviado de Deus, é uma prerrogativa exclusiva daqueles que, a exemplo do apóstolo Pedro, foram iluminados pelo Espírito Santo (Mt 16.16,17).
Jesus Cristo é o personagem principal da História Universal. A humanidade não pode esquecer-se de Cristo enquanto se lem­brar da História, pois a História é a História de Cristo. Omiti-lo seria como omitir da astronomia as estrelas ou da botânica as flo­res. Como apropriadamente afirma Bushnell: "Seria mais fácil separar todos os raios de luz que atravessam o espaço e deles re­mover uma das cores primárias, do que retirar do mundo o caráter de Jesus".
Um autor desconhecido escreveu que poderá haver outro Homero, ou outro Virgílio, ou outro Dante, ou outro Milton, mas jamais haverá outro Jesus. Sejam quais forem as surpresas que possam estar reservadas para o mundo, Jesus jamais será ultrapassado ou superado. Ele é o alvo de toda a bondade, o ápice de todo o pensamento, a coroa de todo o caráter e a perfeição de toda a beleza. Ele é a encarnação de toda a ternura, a focalização do vi­gor, a manifestação da força, a personificação do poder, a concen­tração do caráter, a materialização do pensamento e a ilustração viva de toda a verdade. Ele é a profecia da possibilidade do ho­mem.
Olhamos para Ele e vemos nEle a realização de todas as ex­pectativas humanas: um líder maior que Moisés, um sacerdote maior que Arão, um rei maior que Davi, um comandante maior que Josué, um filósofo maior que Salomão e um profeta maior que Elias. Ele anda como um homem. Fala como Deus. Suas palavras são oráculos. Seus atos, milagres. A coroa da divindade repousa em sua fronte. O cetro do domínio universal está firme em sua mão; o brilho da eternidade, em seus olhos. A retidão eterna está escrita em sua face; o sorriso de Jeová transforma sua aparência.
Ele é a imagem expressa de seu Pai. As crianças se agrupam aos seus pés. Em sua fronte está a coroa da pureza. Os ventos lhe obedecem. Um olhar seu e as águas cristalinas se transformam em vinho cor de âmbar. Os mortos esquecem-se de si mesmos e vi­vem. Os coxos pulam de alegria. Ouvidos que nunca ouviram anseiam pelo próprio som de sua voz e olhos sem visão negam seu passado e descerram suas palpebras abatidas para a beleza de sua presença. A dor se desvanece sob seu toque.
Todas as bênçãos espirituais, por meio das quais a Igreja é enriquecida, estão em Cristo e são concedidas por Cristo. Nossa redenção e remissão de pecados são ambas mediante Ele. Todas as transações graciosas entre Deus e seu povo realizam-se através de Cristo. Deus nos ama por meio de Cristo. Ele ouve as nossas ora­ções mediante Cristo. Ele nos perdoa todos os pecados por meio de Cristo.
Mediante Cristo Ele nos justifica, santifica, sustem e aper­feiçoa. Todas as suas relações conosco são por meio de Cristo; tudo o que temos vem de Cristo; tudo o que esperamos ter, de­pende dEle. Cristo é a dobradiça dourada sobre a qual gira a nossa salvação.
O nome de Cristo permanece sozinho. Deus lhe deu um nome que está acima de todo nome. Nenhum credo pode contê-lo, ne­nhum catecismo pode explicá-lo. A Ele, pois, seja a glória, o do­mínio e o poder para todo o sempre.

3.4. O Homem

A crença racionalista quanto à origem do homem constitui-se declarado desrespeito às Escrituras e afronta à mente inteligente. Suas teorias, seja quanto à reencarnação, seja quanto à evolução, já foram refutadas na análise das doutrinas do espiritismo e do evolucionismo.
O duplo relato da criação do homem (Gn 1.26,27; 2.7) leva os estudiosos do assunto às seguintes conclusões irrefutáveis:
1) A criação do homem foi precedida por um solene conselho divino: "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, con­forme a nossa semelhança..." (Gn 1.26).
2) A criação do homem é um ato imediato de Deus: "E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore fru­tífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi... E disse Deus: Produzam as águas abun­dantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus" (Gn 1.11,20). Compare estas declarações com a que se segue: "... criou Deus o homem..." (Gn 1.27). Não há aqui qualquer idéia de mediação na criação do homem.
3) O homem foi criado segundo um tipo divino: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..." (Gn 1.26).
4) Os elementos da natureza humana se distinguem: "E for­mou o Senhor Deus o homem... e o homem foi feito alma vivente" (Gn 2.7).
5) O homem foi feito coroa da criação divina: "Contudo, pou­co menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coro-aste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés" (SI 8.5,6).
Deus, e não o homem, é o responsável pela criação, sustenta­ção e futuro da humanidade.

3.5. O Pecado e o Perdão

Assim como a simples negação de uma moléstia não cura um doente, a simples negação da realidade do pecado e da necessida­de de perdão não resolvem o problema espiritual do homem.
Creia ou não o Racionalismo Cristão, "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). E ainda: Cristo "nos mandou pregar ao povo, e testificar que Ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos. A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome" (At 10.42,43).
A própria história das religiões pagas testifica da universali­dade do pecado. A pergunta de Jó 25.4: "Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce de mu­lher?" é uma pergunta feita tanto por aqueles que conhecem a re­velação especial de Deus, como por aqueles que a ignoram.
Quase todas as religiões dão testemunho de um conhecimento universal do pecado e da necessidade de reconciliação com um Ser superior. Há um sentimento geral de que os deuses estão ofen­didos e de que algo deve ser feito para apaziguá-los. A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita, dizendo que ele está condenado aos olhos de alguém que possui um poder superior.
Os altares banhados de sangue e as freqüentes confissões de agravo, feitos por pessoas que buscam livrar-se do mal, apontam em conjunto para o conhecimento do pecado e da sua gravidade. Onde quer que os missionários cristãos se encontrem, apodera-se deles a certeza de que o pecado é um flagelo universal para a hu­manidade.
Os mais antigos filósofos gregos, na sua luta contra o proble­ma do mal, foram levados a admitir a universalidade do pecado, ainda que incapazes de explicar esse fenômeno.
A maior prova em favor da universalidade do pecado é a pró­pria obra realizada por Cristo na cruz, que no seu escopo apresen­ta-se como uma obra de alcance universal, e como remédio único para a doença espiritual de toda a criatura.
Compreendendo a realidade do pecado e a necessidade do perdão, é simplesmente impossível negar a possibilidade de salva­ção oferecida por Cristo, e o julgamento divino dos ímpios e de todas as gentes que se esquecem de Deus (SI 9.17).

Enoque incluiu os racionalistas, quando, falando acerca do iminente juízo de Deus, disse: "Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele. Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse" (Jd vv. 14-16). NÃO PERCA O ESTUDO DA SEGUNDA PARTE DE SEITAS E HERESIAS QUE TRATAREMOS A RESPEITO DE A Maçonaria, Voz da Verdade, Seicho-No-Ie, Como Identificar Uma Seita e Como Evangelizar os Adeptos das Seitas. QUE DEUS VOS ABENÇOE !





























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